Quais são os rostos que compõem a identidade cultural catarinense? Suas características e histórias, cores e costumes? Foi a partir do mapeamento da geografia sócio-cultural do Estado que o Projeto Caras Catarinas traz para o público sua exposição – resultado de meses de pesquisa e criação, que culminou em máscaras teatrais com os múltiplos traços identitários dos povos catarinense.
Compõe a mostra oito máscaras teatrais produzidas por quatros artistas mascareiros de Santa Catarina: Blenda Trindade, Manon Alves, Sid Ditrix e Persephone Ephemera. Cada um produziu duas máscaras, que materializam a proposta do projeto, ampliando o debate sobre as heranças culturais presentes no estado, como a indígena, a africana e a europeia.
Para Blenda Trindade, artista e mascareira, a ideia foi desenvolver uma investigação sobre identidades. “Quem somos nós catarinenses? É difícil ter uma imagem única como acontece em outros lugares. Aqui nós somos muitos e somos diferentes em muitos sentidos: sotaques, modos de viver, modos de fazer… e isso aparece nas nossas caras. Parte também da ideia de contestar o senso comum de que Santa Catarina seria um estado de descendência europeia. Essa terra é indígena, é negra, é cabocla. O projeto parte dessa necessidade pessoal de me entender enquanto esse indivíduo que é coletivo”, explica Blenda, que também é proponente do Projeto.
Processo criativo
O trabalho de criação das máscaras começou cedo, ainda na elaboração do projeto com a identificação de macroidentidades que contemplassem, de uma maneira geral, grandes aspectos e características que diferem as regiões de Santa Catarina. Cada mascareiro adotou sua macroidentidade para pesquisa, com início teórico, seguido de critérios coletivos e individuais de criação.
“Para mim esse processo criativo foi um tempo de parar e olhar para o rosto das pessoas, para os traços e perceber ali a diversidade de histórias que cada rosto carrega. Eu pesquisei e trabalhei na criação de duas identidades: a cabocla e a dos povos indígenas Xokleng. Foi um processo grandioso de aprendizagem, em achar o caminho para traduzir tantas lutas e modos de vida, em uma máscara onde as pessoas se sentissem representadas”, conta Manon Alves, artista de Chapecó.
“Cada rosto catarinense é uma tela viva, pintada das suas origens e influências. Aqui, a máscara assume um papel objeto em uma exposição para que no tempo que cabe, o público encare seus próprios olhos”, complementa Blenda.
Além dos caboclos, dos indígenas, estão representados os povos quilombolas e colonos de diferentes origens.
Itinerário – acompanhe o trabalho
A visitação para a Exposição Caras Catarinas, está aberta para visitação gratuita, no município de Caçador, no Museu do Contestado, no oeste do estado, localizado na Av. Getúlio Vargas, no Centro, aberto 24h. O trabalho permanece no município até 15/06 e depois segue para Tijucas, na Grande Florianópolis, de 13 a 20/07 no Museu Tijucas, Rua Maria Gallotti, 183. O horário de visitação acompanha o funcionamento do espaço de terça a sexta-feira, das 09 às 17h30, sem fechar para almoço; e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h.
Multiplicação
Como forma de multiplicar os conhecimentos e oportunizar novas práticas artísticas à comunidade, assim como ampliar os debates sobre a temática, o Projeto Caras Catarinas prevê uma oficina gratuita de criação de máscaras. A atividade acontece no mês de agosto no laboratório de teatro de animação no CEART – Udesc, no Bairro Itacoburi, em Florianópolis. As inscrições podem ser efetuadas pelo site www.carascatarinas.art.br a partir de 15 de julho.
Acompanhe mais sobre o Projeto Caras Catarinas pelo site e pelas redes sociais através do @caras.catarinas .
Quer levar essa exposição para a sua cidade, faça contato com a produção do pelo e-mail [email protected] – ou telefone (49) 998080283, com Gustavo Zardo.
Créditos
Texto: Camila Almeida
Agendamento de Entrevistas
Camila Almeida – Girassol Cultural
(49)991923977
#DesacatoPontodeCultura