Não são mentiras de “causos”, contos populares, histórias para divertir ou assombrar.
Mesmo assim assombra. Assombra pela desfaçatez, descaso, incompetência, irresponsabilidade, cara de pau.
Mentiras que promovem o caos, o prejuízo, o descrédito. E, progressivamente, a falência de Florianópolis como Capital Turística do MERCOSUL.
Essa é a CASAN – a Companhia Catarinense de Água e Saneamento que há dois anos pretendia — “na marra”, segundo um seu diretor — instalar uma estação de tratamento de esgoto ao lado do mangue do Rio Ratones.
A mobilização dos moradores logrou trazer um Ministro de Brasília para Florianópolis e só assim se quebrou a “marra” daquele diretor da CASAN que economizaria a verba federal destinada para a ampliação do sistema de saneamento que atende apenas 30% da capital do estado.
Economizaria para quem?
Contadores de “causos” garantem que importantes hotéis e motéis do estado são empreendimentos de ex-diretores da CASAN. Verdade? Mentira?
Ou apenas mais um “causan” para promover a privatização do serviço público, seguindo as orientações partidárias do governador do PSD, coligado ao PSDB.
Pondo a política de lado, resta a dúvida: faltará água em hotéis e motéis de ex-administradores da CASAN? Haja perfume!
Perfume que a CASAN esparge pela mídia local todo final de ano. O de 2011 transcendia empulhação ao afirmar terem solucionado o problema da falta de água, bastando apenas os usuários ampliarem seus reservatórios.
Se usuários têm de instalar mais reservatórios, o que foi solucionado?
Apesar de falso, o frasco do perfume era bonito. Alegre e colorida animação de no mínimo 30 segundos de inserção em TV. As emissoras, a produtora do desenho animado, os revendedores e fabricantes de reservatórios de água ficaram felizes. Mas o usuário, engabelado por mais uma mentira da CASAN, só fez ocupar a área de seu terreno ou casa com enormes caixas d’água.
Talvez por falta de olfato acreditei na informação do técnico da CASAN sobre a capacidade do reservatório que deveria instalar para o atendimento da lotação máxima de minha pequena pousada. Apesar do alerta de que, sem uso, a água estraga; por precaução adquiri 2 caixas perfazendo volume acima do recomendado.
Estragada é água que a CASAN tem fornecido pelo abastecimento normal, a cada dia mais turva e mal cheirosa. Fétida, mas mais cara do que o consumo de energia elétrica de minhas 3 geladeiras, duas máquinas de lavar roupa e 7 chuveiros, afora a bomba para transpor o fornecimento da CASAN do reservatório próximo ao registro de água até o da parte de cima do terreno. Neste último mês a fatura da CELESC, distribuidora de energia foi de R$ 128,87. Pela água podre e barrenta da CASAN paguei R$ 204,97.
Neste janeiro, no total pagarei mais de R$ 1.000,00 porque na falta da podridão líquida liguei para a CASAN solicitando um carro pipa para encher ao menos a cisterna de 2.500 litros para, pela bomba, atender aos hóspedes.
Foi aí que começaram os “causos”e mentirinhas pregadas pela CASAN. Apesar dos inúmeros registros em portais de reclamações pela internet, a voz de espanto que ontem me atende afirma que sou o primeiro a apontar o desabastecimento em meu bairro. E prometeu a entrega do produto em 24 horas, por um carro pipa. Isso às 9 horas da manhã do dia 3 de janeiro.
No final da tarde, sob a pressão dos hóspedes para o banho após a praia, das louças do café da manhã precisando ser lavadas, e da fedentina dos vasos sanitários; telefono novamente para verificar a possibilidade de antecipação da entrega da água. Nenhuma. Mas garantiram a normalização do fornecimento regulamentar para aquela mesma noite.
Hoje, 4 de janeiro, as 9 horas da manhã telefono novamente, pois nem o fornecimento normal nem caminhão pipa. E dessa vez a promessa se estendeu para as 22 horas. Ou seja, 40 horas depois de terem se compromissado a prestar o serviço em 24. Mas já ouvi “causos” de não atendimento do mesmo serviço após 5 dias de promessas. Ou 120 horas da mais pura mentira.
Ao menos dessa vez não arriscaram enganar sobre a normalização do abastecimento regulamentar, limitando-se a desculpa de que os reservatórios não dão conta de atender o inchamento sazonal de temporada.
A CASAN é do governo do Estado e se há mais de uma década não dá conta de administrar o fornecimento de água do município, por que continuam contando a mentira de Capital Turística do Mercosul?
Envergonhado perante os hóspedes pela perna curta dos governos sempre eleitos pelos crédulos catarinenses, resolvi então comprar água de fornecedor particular. O valor de qualquer quantia até 10 mil litros é de R$ 650,00. Um dos hóspedes se assusta, pois em sua cidade, Jundiaí, os mesmos 10 mil litros tem o custo de R$ 140,00. Mais do quadruplo!
Talvez seja mentira dizer que há algum comissionamento nessa hipervalorização do litro d’água em Florianópolis, mas sinto que contribui para instalação de futuros hotéis e motéis e como consolo só me resta a certeza de que será mau negócio. Aliás, pelas recorrentes notícias de turistas que pela falta de água nos municípios litorâneos do estado antecipam o final da temporada a cada ano, restaurantes ou qualquer outro comércio voltado para o turismo também não dará certo.
Apesar do monopólio do Grupo RBS, bom negócio em Santa Catarina é ser veículo de comunicação de mentiras da CASAN. Neste ano, por exemplo, repetem a exaustão que tudo será resolvido através de já garantidas verbas federais e internacionais. E assim mantêm reeleições ao poder político no estado.
Para qual sumidouro serão dragadas essas verbas não se sabe, mas como os turistas não são “mané” se pode tirar uma prévia do caos do futuro catarinense pelo que alguém hoje mesmo publicou no www.reclameaqui.com.br:
“…costumo viajar com frequência e nunca me senti tão ultrajada. Falta de respeito total da cidade de Florianópolis e especialmente da empresa fornecedora de água, Casan, com turistas e moradores. Tenho muitos amigos do exterior que visitam o Brasil e se no passado costumava indicar a cidade, no futuro indicarei outras, pois hoje esse pedaço do Brasil me traz apenas vergonha.”
Matéria relacionada: http://m.g1.globo.com/sc/