Candidatos ao governo dos estados da Amazônia abraçam “boiada antiambiental”

Campanha 2022

Climainfo.- Uma possível derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais não significará o fim da “boiada” que atropelou a política e a legislação de meio ambiente no Brasil nos últimos quatro anos.

Nos estados amazônicos, a filosofia “boiadeira” deve se manter viva em forte, especialmente naqueles em que o bolsonarismo não dá sinais de derrocada eleitoral na votação de outubro. Um exemplo é o Acre, governado por Gladson Cameli e favorito à reeleição. Ele encerrou décadas de domínio da família Viana e do PT no estado, articulando uma coalizão que uniu evangélicos, empresários das cidades e ruralistas, similar àquela montada por Bolsonaro no plano nacional. Como resultado, o governo Cameli favoreceu diretamente os interesses do agronegócio, afrouxando regras ambientais e enfraquecendo a fiscalização.

“A ideia que se difundiu aqui é que floresta em pé gera pobreza – o que é contrário, como sabemos, a qualquer visão ambiental ou mesmo econômica razoável”, comentou ao Amazônia Real a professora Sabrina Areco, da Universidade Federal do Acre.

Em Rondônia, nem mesmo Terras Indígenas e Unidades de Conservação escaparam da sanha destrutiva impulsionada pelo governador Marcos Rocha, outro candidato à reeleição favorito nessas eleições. Como a Folha mostra, o estado é o 2º que mais perdeu área protegida nos últimos anos na Amazônia Legal, atrás apenas do Pará. Uma das iniciativas mais polêmicas da gestão Rocha foi a redução das áreas do Parque Guajará-Mirim e da Reserva Extrativista (RESEX) Jaci-Paraná em 23,3% e 88,6%, respectivamente. A proposta foi apresentada pelo governador e aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa, sem a realização de qualquer estudo ou consulta às comunidades tradicionais afetadas. Um efeito dessa medida, ressaltado pela Agência Pública, foi o aumento de invasões na Terra Indígena Karipuna, que faz divisa com a RESEX; no ano passado, de acordo com o MapBiomas, a reserva foi a 8o mais desmatada do Brasil, com a derrubada de 1.034 hectares de floresta.

Já no Mato Grosso, a Folha informou que os candidatos ao governo estão divididos quanto à proposta de retirar o estado da Amazônia Legal. Por um lado, o atual governador, Mauro Mendes, antigo entusiasta da ideia, voltou atrás com medo de perder benefícios fiscais. Sua principal opositora, a candidata Marcia Pinheiro, sugere um debate mais amplo antes de qualquer decisão. Já seu colega de chapa e candidato ao Senado, Neri Geller, defende a proposta, bem como seu rival Antônio Galvan, presidente licenciado da APROSOJA BRASIL.

Enquanto isso, no Maranhão, a situação da floresta amazônica atingiu um estágio crítico. O Estado já perdeu 76% de sua vegetação original, com o que restou de áreas verdes concentradas nos arredores de Unidades de Conservação e Terras Indígenas. O desafio dos maranhenses não é apenas conter a devastação, mas reverter o processo de degradação da floresta, recuperando as áreas já desmatadas. A Folha abordou esse desafio.

ClimaInfo, 27 de setembro de 2022.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.