Canavieiros haitianos em luta

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Conforme denuncia a organização haitiana Batalha Obreira, desde há anos que os trabalhadores do Haiti precisam recorrer ao exílio para poder garantir a vida de suas famílias. Uma dessas frentes é o trabalho nas plantações de cana de ficam no país vizinho, República Dominicana. Justamente há 100 anos, quando aconteceu a primeira invasão estadunidense à ilha, o governo invasor promoveu uma divisão na indústria açucareira. A República Dominicana ficava com as plantações e os engenhos, e o Haiti dava a mão de obra. Desde aí, milhares de famílias cruzam a fronteira para trabalhar nos canaviais. 

Agora, nos últimos dias, muitas tem sido as mobilizações dessa famílias que vivem na República Dominicana em busca do direito de permanecerem no país como migrantes legais, com todos os direitos civis. Para isso precisam que os dois países cumpram os decretos referentes ao tema e que o Haiti envie os documentos necessários para que o processo de legalização seja feito.  Centenas de famílias estão ameaçadas de deportação por serem consideradas ilegais e as lutas tem sido grandes. Segundo nota enviada pela Batalha Obreira, as negociações que estão acontecendo entre os governos para garantir a permanência são enganosas e sujas, tendo as famílias sido roubadas uma vez que entregaram dinheiro às autoridades haitianas para a regularização de seus documentos e não receberam os papéis. 

 Em função das mobilizações dos trabalhadores, organizados na Unión de Trabajadores Cañeros (UTC), o Batalha Obreira, divulga carta recebida dos companheiros desde a República Dominicana, no qual apontam seus desafios e anunciam novas mobilizações para o dia 12 de agosto.

Distinguidos camaradas do Batalha Obreira

Faz apenas dois dias que tivemos um pequeno descanso e precisamente agora que temos tempo para responder as dezenas de correios. Desde fevereiro desse ano temos tido de levantar cedo e dormir bem tarde , organizando e incorporando os trabalhadores canavieiros no plano de regularização para o benefício de seu status migratório. 

A pesar de tudo, como é de conhecimento público, os canavieiros conquistamos algumas vitórias significativas. 

1-  Conseguimos dois decretos, o 245-12 com o presidente Leonel Fernandez e o 666-12 ccom o Presidente Danilo Medina e mais de 75% dos beneficiados são imigrantes haitianos que trabalharam toda sua juventude no corte de cana. 

2- Em aproximadamente 100 anos de indústria açucareira logramos residência permanente para 2.708 trabalhadores da cana aposentados, imigrantes haitianos.

3- A partir do mês de setembro mais de 22 mil trabalhadoresda cana, imigrantes haitianos também receberam residência permanente, junto com suas esposas e filhos que tinham nascido no Haiti. .

Isso significa que as grandes mobilizações que realizamos garantiram que o governo  
dominicano responsavel pelas misérias e as enfermidades dos trabalhadores da cana nos escutasse e desse proteção social a eles (pensão e seguro social).

Ou seja, derrotamos parte da política do governo.

As  ONG também foram derrotadas porque elas queriam apenas permissão para a migração enquanto nossa proposta era que fossem cumpridos os acordos migratórios de contratação de trabalhadores firmados em 1959 e em 1966 subscritos entre ambos estados, República Dominicana e Haiti.

Na terça-feira, dia 28 de julho de 2015, realizamos uma grande marcha  reclamando a devolução de quatro milhões, seiscentos e oito mil pesos (4.608.000), dinheiro que foi depositado na embaixada do Haiti para a entrega dos documentos base (cédula de identidade, passaporte e certidão de nascimento).

Para o próximo dia 12 de agosto milhares de trabalhadores da cana de todo o país marcharão ao Palácio Nacional para exigir: 

•    Não deportação dos trabalhadores da cana e suas famílias. 
•    Residência permanente Já para os trabalhadores da canas. 
•    Terceiro decreto de pensão e seguro médico. 
•    Aumento da pensão de 5.000 para 10.000 pesos.
De nossa parte desejamos saúde

Atentamente
Jesús Nuñez
Coordinador Nacional

UNIÓN DE TRABAJADORES CAÑEROS (UTC)  

Foto: Reprodução/IELA

Fonte: IELA

 

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