Em agosto de 2011 a presidenta Dilma Rousseff anunciou a criação de um campus da UFSC em Blumenau como parte do plano de expansão da Rede Federal de Educação Superior. A partir daí, representantes da FURB (Universidade Regional de Blumenau) e da UFSC reuniram-se para discutir meios de implementar a federalização daquela universidade. Depois de quase dois anos de negociações, no dia 05/04, a reitoria da UFSC divulgou em comunicado que irá construir um novo campus em Blumenau sem a participação da FURB.
A decisão foi justificada por questões jurídicas. Em um comunicado, a UFSC informa que “os entraves jurídicos foram apontados, inclusive, pela Consultoria Jurídica do MEC, com base na legislação em vigor. Nesse contexto, apesar de nossos esforços, a estrutura física da FURB poderia até ser adquirida pelo Governo Federal, mas seus professores e servidores técnico-administrativos teriam que ser demitidos. Além disso, por uma questão de igualdade de direitos, os estudantes teriam que realizar novo vestibular ou SISU, em condições de igualdade como todos os demais alunos das IFES, e, finalmente, as propostas pedagógicas teriam que ser aprovadas pelos órgãos colegiados da UFSC.”
O professor Clóvis Reis, presidente do comitê Pró-Federalização da FURB acredita que havia possibilidade de implantar a UFSC em Blumenau por meio da FURB. “Os funcionários da nossa instituição são públicos, respondem ao município. Eles poderiam ser cedidos ao Governo Federal até que se realizassem os concursos públicos para preencher as vagas adequadamente. Os estudantes também poderiam ser absorvidos, isso já aconteceu em várias universidades federalizadas recentemente, como foi o caso da UFF (Universidade Federal Fluminense em Nova Friburgo).O impedimento da federalização é político, não jurídico”. Apesar do rompimento das negociações entre as duas instituições, Reis garante que “a UFSC será bem-vinda ao Vale do Itajaí, vai contribuir muito para a expansão da região.”
Desde a criação da Universidade Regional de Blumenau em 1964, a federalização permaneceu no imaginário da comunidade como um objetivo possível. O Comitê Pró-Federalização da FURB já existe desde 2002 para organizar os movimentos que defendem a criação de uma universidade federal em Blumenau. O grupo “Sou Pela FURB Federal” no Facebook conta com mais de 22 mil membros. A universidade blumenauense produziu em parceria com a UFSC através do INPEAU (Instituto de Pesquisa e Estudos em Administração Universitária) um estudo em 2011 defendendo a criação de uma nova instituição federal a partir da FURB, a Universidade Federal do Vale do Itajaí. O estudo deu base a um projeto de lei que previa a criação da UFVI que foi aprovado em algumas instâncias, mas está arquivado no Senado por incompatibilidade orçamentária.
O pesquisador em políticas e gestão institucional e diretor do INPEAU Pedro Melo, não vê com bons olhos a criação de um novo campus em Blumenau. “Acho temerário que a UFSC crie mais um campus. Já existem problemas com os outros campi de Joinville, Araranguá e Curitibanos no apoio financeiro, pessoal, técnico e estrutural. Não sei se a UFSC ganha com um campus em Blumenau, a FURB com certeza perde. A vinda da UFSC vai contribuir a longo prazo para o prejuízo de uma instituição como a FURB que já fez muito por Santa Catarina, principalmente economica e socialmente pela região de Blumenau. Ambas instituições têm histórias de 50 anos, não sei se a UFSC poderia encampar a FURB no modelo que estava sendo discutido. Tudo depende da quantidade de cursos que a UFSC for implantar. Não basta criar alguns cursos, tem que dar suporte para Ensino, Pesquisa e Extensão.”
Quem sairá ganhando de qualquer forma será a comunidade da região do Vale do Itajaí. A reitoria da UFSC garante que está a procura de um terreno onde possa ser construído o novo campus e que serão abertas 400 vagas em 5 cursos já no vestibular deste ano.
Reis afirma que mesmo com a vinda da UFSC para Blumenau, a luta para federalizar a FURB não acabou. “Nossa luta é justa e viável. Estamos tentando reabrir as negociações pelo meio político, conversando com prefeitos, vereadores, deputados.”
Fonte: Cotidiano.