Grupos de solidariedade e organizações sociais lançaram em 30 de maio a campanha URUGUAY, NO VAYAS! para pedir à Associação Uruguaia de Futebol (AUF) e à nossa seleção de futebol masculino que NÃO aceitem o convite do Estado de Israel para realizar a fase final de preparação para a Copa do Mundo naquele país, a caminho do Qatar.
Israel é um Estado do apartheid. Isto é o que as principais organizações israelenses e internacionais de direitos humanos – B’Tselem, Human Rights Watch, Anistia Internacional, e também o Relator Especial das Nações Unidas para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, jurista Michael Lynk – concordaram no último ano. Organizações palestinas vêm denunciando o apartheid israelense há duas décadas.
E o apartheid não é para se brincar com ele. Quando a África do Sul estava sob o apartheid, houve uma poderosa campanha internacional para sancionar e isolar aquele país, e o esporte desempenhou um papel fundamental nessa campanha. É por isso que não queremos que nossa equipe nacional manche a amada camisa azul claro, tornando-se cúmplice do apartheid. Os convites de Israel para jogar partidas amistosas ou treinar em seu território são parte de uma campanha para limpar sua imagem internacional – que está se deteriorando cada vez mais – e para esconder os crimes que comete diariamente contra o povo palestino, contra seus futebolistas e esportistas.
Os jogadores palestinos são frequentemente agredidos, mortos, feridos, mutilados, reprimidos, presos pela ocupação colonial israelense. Os estádios deles são bombardeados. Sua liberdade de movimento é constantemente violada para que não possam montar a equipe nacional (dividida entre Gaza e a Cisjordânia), nem treinar, nem ir ao exterior para participar de competições internacionais.
No ano passado, as forças israelenses mataram quatro adolescentes futebolistas na Cisjordânia: Mohammad Ghneim (19), Saeed Odeh (16) e Thaer Yazouri (18) e Zaid Ghneim (14). Quem não se lembra das quatro crianças mortas por um míssil israelense enquanto jogavam futebol na praia de Gaza?
Além disso, a Associação de Futebol Israelense (IFA) envolve clubes de futebol de assentamentos ilegais no território palestino ocupado, em terras roubadas de comunidades palestinas. Todos os assentamentos israelenses nos territórios palestinos ocupados são ilegais de acordo com o direito humanitário da ONU e internacional (IV Convenção de Genebra e Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional), que proíbe a transferência da população ocupante para o território ocupado, constituindo assim um crime de guerra.
Por todas estas razões – e outras que desenvolveremos ao longo desta campanha – hoje dizemos à AUF e à equipe nacional uruguaia: escutem o chamado de seus colegas palestinos, do povo palestino e de seus atletas, e de toda a comunidade internacional que os apóia. Não jogue fora o prestígio de nossa equipe nacional, e não manche o céu azul colaborando para encobrir os crimes do apartheid israelense.
Em 3 de junho, a coalizão Coordination for Palestine entregou uma carta assinada por mais de 20 organizações sociais à sede da AUF, formalizando este pedido. Signatários da carta:
Madres y Familiares de Detenidos Desaparecidos
Secretaría de DD.HH. del PIT-CNT
FUCVAM
FEUU
SERPAJ
Club Palestino de Uruguay
Gol a la Impunidad
Rebeldía Organizada
La Garganta Poderosa Uruguay
Colectivo Contraimpunidad
Comité Palestina Libre
Plenaria Memoria y Justicia
AFFUR
La Izquierda Diario Uruguay
El Galpón de Corrales
Comisión de Apoyo al Pueblo Palestino
Hinchada con Memoria
Coordinación de Solidaridad con el Pueblo Haitiano
Comunidad Indígena Danan Vedetá (CONACHA)
Comunidad Charrúa Basquadé Inchalá (CONACHA)
Memoria en Libertad
Redes sociais:
Facebook: Coordinación por Palestina
Twitter: @NovayasUy
Instagram: Uruguay NOvayas
Correo-e: [email protected]
CARTAS ENVIADAS DE PALESTINOS
Além da carta assinada pelas organizações sociais uruguaias, a AUF e a seleção uruguaia receberam até agora 3 cartas da Palestina: da Associação Palestina de Futebol, do Al Khader Sports Club e do Eibal Football Club (ambos da Cisjordânia).
As 3 cartas destacam o cinismo de Israel convidando o Uruguai a treinar em seu país e jogar um amistoso quando este está constantemente atacando o futebol palestino nos territórios ocupados e impedindo-os de jogar futebol; quando seus jogadores são presos, baleados, mortos, mutilados, seus estádios bombardeados e sua liberdade de movimento violada ao ponto de não poderem treinar ou jogar livremente, dentro ou fora de seu território.
Eles também apontam que as forças israelenses assassinaram recentemente 4 adolescentes futebolistas entre 14 e 19 anos (dois deles do Al Khader Sports Club), e pedem à AUF e à seleção nacional que não se emprestem para encobrir e branquear os crimes do apartheid israelense através do futebol. “Por favor, não vá brincar onde os soldados israelenses treinam para nos matar”, conclui os membros do clube Al Khader.
Em anexo, encontram-se as 4 letras mencionadas acima.
Também convidamos grupos e instituições sociais, esportivas, culturais e de direitos humanos a se juntarem a nós, expressando publicamente seu apoio à campanha URUGUAY, NO VAYAS! e/ou escrevendo para o seguinte e-mail: [email protected]
Ou escreva para a AUF e apoie a petição: [email protected]
Carta a AUF (com assinaturas)
Carta del Club Deportivo Al Khader
Carta del Eibal Football Club
Carta de la Asociación Palestina de Fútbol