Vivemos tempos difíceis em nosso país, com uma grave crise econômica, política e sanitária, refletida no aumento do desemprego, da miséria, retrocesso nos direitos sociais, ambientais, privatizações e na morte de mais de 234 mil pessoas causadas pela Covid-19.
Situação agravada pela condução do atual governo federal que, desde o início, nega a pandemia e as medidas de isolamento social, desrespeitando as orientações dos órgãos internacionais e nacionais de saúde e agora nega a continuidade do auxílio emergencial tão necessário para a sobrevivência, em especial, dos mais pobres.
Ressaltamos que a Campanha da Fraternidade realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no período da Quaresma historicamente teve o objetivo de conduzir a comunidade católica a refletir justamente sobre problemas concretos do país, como saúde pública, cuidado com o meio ambiente, acesso às políticas públicas, entre outros.
De tempos em tempos, a Campanha da Fraternidade é promovida de forma ecumênica em conjunto com outras igrejas cristãs. Esse ano, o texto-base foi construído pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), do qual também faz parte a Igreja Católica, e cujo tema é “Fraternidade e diálogo: Compromisso de Amor”, com o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef2, 14a). Tanto o tema como o lema nos convidam a refletir sobre o verdadeiro diálogo e a unidade.
As temáticas, além de representarem importantes ferramentas de formação, escuta e organização, podem representar uma ponte para troca entre diferentes convicções, oportunizando que a democracia possa ser exercida e temas de grande relevância para o atual momento possam ser debatidos, abordados e construídos coletivamente.
Mesmo assim, o texto-base da Campanha da Fraternidade de 2021 vem sendo duramente atacado por grupos conservadores, que promovem a propagação de fake news e produção de conteúdo com o intuito atacar diretamente o CONIC e a CNBB.
Tais ações demostram a intolerância e o preconceito alimentado por esses grupos, que não admitem o diálogo, discussões e debates sobre temas sociais. Cada vez mais, o aumento do conservadorismo no país reforça essas condutas antiecumênicas, negacionistas e violentas contra aqueles que lutam em defesa dos direitos e questionam as injustiças sociais que acometem toda a sociedade.
As vidas são relativizadas e os discursos de ódio inflamados. Para estes conservadores, o diálogo e a reflexão tornam-se extremamente perigosos, pois ameaçam a sua perpetuação.
Diante disto, o MAB repudia publicamente tais ataques conservadores e manifesta total apoio e solidariedade ao CONIC e CNBB, entendendo o papel histórico que a Campanha da Fraternidade desempenha e desempenhará no ano de 2021.
E, sobretudo, defendemos que estas não podem calar-se neste momento, frente a tamanhos retrocessos nos direitos, intolerância e preconceitos. Esta é a verdadeira fraternidade, comprometida com o amor e a unidade do povo.