Camila Vallejo: governo está isolado

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Entrevista de Rogéria Araújo.

Jornalista de Adital

Adital

Entrevista – Camila Vallejo (Fech): O Governo está isolado, distante da cidadania e de suas demandas

Nos últimos meses, movimentos estudantis chilenos disseram ao mundo o que se passa de verdade no país, pedindo por educação gratuita e de qualidade. Ao mesmo tempo em que mostrou ao mundo quem são essas organizações, o momento serviu para agregar setores em paralisações gerais e expôs o governo de Sebastián Piñera. Desde 2006, com o Movimento dos Pinguins, onde alunos secundaristas seguiram em marcha por melhorias na educação, não se via um panorama em tanta ebulição no país.

Enquanto o governo não acena com uma proposta ideal para as demandas estudantis, que questionam a grande participação privada e a mínima participação do Estado no sistema educacional, a ordem é continuar com marchas, reivindicações e diversas outras manifestações, apesar da visível repressão policial adotada pelo governo Piñera.

Camila Vallejo, presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), falou em entrevista à ADITAL, sobre como andam as mobilizações. Ela afirma que toda essa movimentação chama a atenção para situação do governo, “que se encontra absolutamente isolado, distante da cidadania e de suas demandas”. No próximo dia 31, Vallejo estará no Brasil, onde participará em Brasília do lançamento da Jornada Continental de Lutas da Juventude.

Adital – Desde 2006, com o Movimento dos Pinguins não se via uma mobilização de tamanha envergadura no país. Como você relaciona estes dois momentos?

Camila Vallejo – O movimento social que se manifesta este ano é consequência de todo um processo no qual influi de maneira muito importante o movimento dos Pinguins. Muitos dos universitários que hoje sentem a necessidade de manifestar-se são estudantes que participaram dessas mobilizações, também os secundaristas de hoje sentem que o Movimento dos Pinguins é um legado de antigas gerações, pelo que se tornam rapidamente parte deste movimento social com muita responsabilidade.

Já em termos mais globais referentes à sociedade, o Movimento dos Pinguins e ouros processos de mobilização de atores da educação que tiveram vida durante estes 21 anos de consolidação do modelo neoliberal no Chile contribuíram para que se evidenciasse a crise que a educação atravessa e que hoje permite que a sociedade tenha clareza a respeito do tema e também respalde majoritariamente as demandas por uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Adital – Atualmente as mobilizações têm conseguido respaldo e apoio internacional. Como vocês avaliam esta expansão? Esperavam que fosse tomar estas proporções?

Camila Vallejo – Para o movimento é extremamente reconfortante ver todas as numerosas expressões de apoio e respaldo internacional. Não esperávamos desde o princípio que esta luta fosse ultrapassar as fronteiras do país. Em realidade, neste movimento aconteceram muitas coisas que foram históricas, e isso, junto com a convicção de que nossas demandas são necessárias para o país, nos permite seguir somando forças dia após dia para continuar lutando.

Da mesma maneira, tem sido importante que em muitos países vejam o que ocorre aqui no Chile realmente, que se distancia bastante da imagem de um modelo exitoso que se tem mostrado desde o exterior nos últimos anos. Este é um país com profundas desigualdades, onde temos uma das piores distribuições da riqueza e este movimento evidenciou o descontentamento que existe entre os chilenos, que já estão cansados de endividar-se para estudar, de não ter acesso a uma educação de qualidade e tantos outros problemas produto do modelo neoliberal que enfrentamos.

Adital – Tudo parece que começou com demandas da Educação, mas hoje claramente caminha para outras exigências populares e democráticas. A que vocês consideram que se deve esta expansão?

Camila Vallejo – Se poderiam mencionar vários fatores, mas creio que há ao menos dois que são muito relevantes: o primeiro tem relação com a capacidade que o movimento teve de articular diferentes atores por meio de demandas educacionais que posteriormente tiveram sentido para amplos e majoritários setores da sociedade. Isto se pode perceber frente ao massivo respaldo do povo nas ruas, nas marchas, nos panelaços, nas pesquisas etc.


O segundo tem relação com a intransigência do governo, que tem sido incapaz de dar resposta ao que o país demanda: mudanças profundas e radicais na educação. Esta atitude e ação do governo têm feito com que se evidenciem as grandes deficiências do sistema político chileno, onde existe uma falsa democracia que hoje permite que as demandas que uma grande maioria de chilenos respalda não se traduzam em políticas públicas, onde hoje nossa legislação não permite que os chilenos decidam sobre temas de especial interesse público e nacional com mecanismos como um plebiscito, por exemplo.

Adital – Junto com as manifestações vieram as violações e repressões. Há uma campanha em curso para denunciar o fato. Qual é o cenário real, atualmente, da repressão?

Camila Vallejo – O governo tem tentado deslegitimar e anular nossas demandas e o movimento por meio de distintas estratégias, uma delas tem sido a repressão de que temos sido objeto e frente a qual a sociedade tem sido bastante clara em repudiar, por meio de panelaços massivos ou somando-se às manifestações, marchas e atos que realizamos.

Nesse sentido, frente ao forte e incontrolável crescimento deste movimento, o governo continua com a repressão, impossibilitando marchas pelas principais avenidas da capital ou com ataques de policiais durante as manifestações, repressão que teve um momento máximo em quatro de agosto, quando Santiago parecia estar em estado de sítio, onde nos impediram de realizar duas marchas que estavam convocadas para esse dia. Frente a isto, tem se levantado campanhas para denunciar a repressão policial, onde colaboram principalmente advogados e estudantes de direito.

Mas o movimento tem sido capaz de superar estes ataques e continua convocando mais e mais gente para estas demandas, mantendo o caráter pacífico de suas marchas e atos, onde na última semana realizamos uma atividade familiar no Parque O’Higgins com artistas chilenos que nos apóiam, ato ao qual assistiram em torno de 1 milhão de pessoas.

Adital – O movimento estudantil no Chile é atualmente uma grande referência para toda a região. O fato já afetou autoridades, ministros… Que tipo de repercussões isto têm no governo de Sebastián Piñera?

Camila Vallejo – Tem uma forte repercussão no governo, a aprovação da gestão do presidente chegou a 26%, uma cifra histórica nos últimos 21 anos. Tampouco foi menos importante que o presidente tenha chamado nove presidentes de partidos políticos chilenos para uma reunião para tratar do tema do movimento educacional e que a essa reunião só tenham assistido dois dos nove partidos citados (que eram de sua coligação)

Pode-se mencionar muitos dados para dar conta de que o governo de Sebastián Piñera se encontra absolutamente isolado, distante da cidadania e de suas demandas.

Camila Vallejo: El gobierno está aislado

Entrevista de Rogéria Araújo.

Jornalista de Adital

Adital

Entrevista – Camila Vallejo (Fech): El gobierno está aislado, distante de la ciudadanía y de sus demandas

En los últimos meses, movimientos estudiantiles chilenos dijeron al mundo lo que está realmente sucediendo en el país, pidiendo por educación gratuita y de calidad. Al mismo tiempo que mostró al mundo quiénes son esas organizaciones, el momento sirvió para agregar a sectores en huelgas generales y expuso al gobierno de Sebastián Piñera. Desde 2006, con el Movimiento de los Pingüinos, donde alumnos secundarios estuvieron marchando por mejoras en la educación, no se veía un panorama de tanta ebullición en el país.

Mientras que el gobierno no de señales con una propuesta ideal para las demandas estudiantiles, que cuestionan la gran participación privada y la mínima participación del Estado en el sistema educativo, la orden es continuar con marchas, reivindicaciones y otras varias manifestaciones, a pesar de la visible represión policial adoptada por el gobierno de Piñera.

Camila Vallejo, presidente de la Federación de Estudiantes de la Universidad de Chile (Fech), habló en entrevista con ADITAL sobre cómo andan las movilizaciones. Ella afirma que toda esta movilización llama la atención sobre la situación del gobierno, “que se encuentra absolutamente aislado, distante de la ciudadanía y de sus demandas”. El próximo día 31, Vallejo estará en Brasil, donde participará en Brasilia del lanzamiento de la Jornada Continental de luchas de la Juventud.

Adital – Desde 2006, con el Movimiento de los Pingüinos no se veía una movilización de tamaña envergadura en el país. ¿Cómo relaciona usted estos dos momentos?

Camila Vallejo – El movimiento social que se manifiesta este año es consecuencia de todo un proceso en el cual influye de manera muy importante el movimiento de Los Pingüinos. Muchos de los Universitarios que hoy sienten la necesidad de manifestarse son estudiantes que participaron en esas movilizaciones, asimismo los secundarios de hoy sienten que el Movimiento de los Pingüinos es un legado de antiguas generaciones, por lo cual se hacen rápidamente parte de este movimiento social con mucha responsabilidad.

Ya en términos más globales referentes a la sociedad, el Movimiento de los Pingüinos y otros procesos de movilización de actores de la educación que han tenido vida durante estos 21 años de consolidación del modelo neoliberal en Chile aportaron para que se evidenciara la crisis que atraviesa la educación y que hoy permite que la sociedad tenga claridad respecto del tema y asimismo, respalde mayoritariamente las demandas por una educación pública, gratuita y de calidad.

Adital – Actualmente las movilizaciones han logrado respaldo y apoyo internacional. ¿Cómo evalúan ustedes esta expansión? ¿Esperaban que esto fuera a tomar estas proporciones?

Camila Vallejo – Para el movimiento es sumamente reconfortante ver todas las numerosas expresiones de apoyo y respaldo internacional. Que esta lucha haya traspasado las fronteras del país no lo esperábamos desde un principio. En realidad, en este movimiento han sucedido muchas cosas que han sido históricas, y eso, junto con la convicción que nuestras demandas son necesarias para el país, nos permite seguir sumando fuerzas día a día para seguir luchando.

De la misma manera, ha sido importante que en muchos países vean lo que pasa acá en Chile realmente, que se aleja bastante de la imagen de un modelo exitoso que se ha mostrado hacia el exterior en los últimos años. Éste es un país con profundas desigualdades, donde tenemos una de las peores distribuciones de la riqueza y este movimiento ha evidenciado el descontento que existe en los chilenos, que ya están cansados de endeudarse por estudiar, de no acceder a una educación de calidad y tantos otros problemas que nos aquejan producto del modelo neoliberal.


Adital – Todo parece que comenzó con demandas de la Educación, pero hoy claramente camina hacia otras exigencias populares y democráticas. ¿A que creen ustedes que se debe esta expansión?

Camila Vallejo – Se podrían mencionar varios factores, pero creo que hay al menos dos que son muy relevantes: el primero tiene relación con la capacidad que tuvo el movimiento de articular a diferentes actores a través de demandas educacionales que posteriormente han tenido sentido para amplios y mayoritarios sectores de la sociedad. Esto se puede apreciar mediante el masivo respaldo de la gente en las calles, en las marchas, en los cacerolazos, en las encuestas, etc.

El segundo tiene relación con la intransigencia del gobierno, quienes han sido incapaces de dar respuesta a lo que el país reclama: cambios profundos y radicales en la educación. Esta actitud y accionar del gobierno ha hecho que se evidencien las grandes deficiencias del sistema político chileno, donde existe una falsa democracia que hoy permite que las demandas que respalda una gran mayoría de chilenos no se traduzca en políticas públicas, donde hoy nuestra legislación no permite que los chilenos decidan respecto a temas de especial interés público y nacional mediante mecanismos como un plebiscito, por ejemplo.

Adital – Junto con las manifestaciones vinieron las violaciones y represiones. Hay una campaña en curso para denunciar el hecho. ¿Cuál es el escenario real, actualmente, de esas represiones?

El gobierno ha intentado deslegitimar y anular nuestras demandas y al movimiento a través de distintas estrategias, una de ellas ha sido la represión de la que hemos sido objeto y frente a la cual, la sociedad ha sido bastante clara en rechazar la represión, a través de cacerolazos masivos o de sumarse a las manifestaciones, marchas y actos que realizamos.

En ese sentido, ante el fuerte e imparable crecimiento de este movimiento, el gobierno continúa con la represión, a través de imposibilitar marchas por las principales avenidas de la capital o de los ataques de carabineros durante las manifestaciones, represión que tuvo un momento máximo el 4 de agosto cuando Santiago parecía estar en estado de sitio, donde se nos impidió realizar 2 marchas que estaban convocadas para ese día. Frente a esto, se han levantando campañas para denunciar la represión policial, donde principalmente colaboran abogados y estudiantes de derecho.

Pero este movimiento ha sido capaz de sortear estos ataques y sigue convocando a más y más gente a estas demandas, manteniendo el carácter pacífico de sus marchas y actos, donde en la última semana realizamos una actividad familiar en el Parque O’Higgins con artistas chilenos que nos apoyan, acto al cual asistieron alrededor de 1 millón de personas.

Adital – El movimiento estudiantil en Chile es actualmente una gran referencia para toda la región. El hecho ya afectó a autoridades, ministros… ¿Qué tipo de repercusiones esto tiene en el gobierno de Sebastián Piñera?

Camila Vallejo – Tiene una fuerte repercusión en el gobierno, la aprobación de la gestión del presidente ha llegado a un 26%, una cifra histórica dentro de los últimos 21 años. Tampoco fue menor que el Presidente haya citado a 9 presidentes de partidos políticos chilenos a una reunión para tratar el tema del movimiento educacional y que a esa reunión hayan asistido sólo 2 de los 9 partidos citados (que eran de su coalición).

Se pueden mencionar muchos datos para dar cuenta que el gobierno de Sebastián Piñera se encuentra absolutamente aislado, alejado de la ciudadanía y de sus demandas.

 Na foto: Dirigente estudantil Camila Vallejo.

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