“Calendas de Março” de Ivete Nenflidio une memória, política e literatura com sensibilidade e emoção
Os horrores dos anos de chumbo, o conflito armado e a repressão policial servem de pano de fundo para uma instigante história de amor, descoberta anos depois por uma mulher, durante um cenário tão complexo quanto o anterior: o período de pandemia da Covid-19.
Durante o isolamento social, Helena, personagem central do romance “Calendas de Março” de Ivete Nenflidio, ao buscar um refúgio temporário para seus temores, acaba encontrando um diário guardado no fundo de um baú, que a faz viajar pelo tempo e por suas memórias.
A personagem não apenas relembra os horrores da ditadura militar brasileira, que permeiam suas lembranças de infância, mas acaba descobrindo também uma poderosa história de amor e resistência, o que faz com que seja traçado um paralelo entre dois momentos históricos complexos vividos no Brasil.
Narrado em terceira pessoa, o livro transita pelas emoções de Helena e as de Luiza, aquelas encontradas no diário. Memórias que por vezes se identificam e se mesclam, mas também fazem com que a protagonista se transporte para uma outra realidade, chegando a se esquecer das angústias do tempo presente.
Por outro lado, a história de Luiza também faz com que Helena, a todo instante, retorne para a própria situação atual do país, já que se torna impossível para a protagonista não enxergar a conexão entre passado e presente.
“Assim como Helena, viajei em uma leitura na qual encontrei diversos paralelos com a realidade que me cerca. Ivete transita entre o interno e o externo, revelando os temores e angústias da protagonista em meio à quarentena, bem como as reflexões que ela estabelece entre o cenário político brasileiro atual e o dos anos de ditadura”, comenta Aione Simões escritora e Bacharel em Letras pela USP – Universidade de São Paulo.
O romance “Calendas de Março” aponta com criticidade a importância e até a urgência, da verdadeira história do Brasil não cair em esquecimento, a fim de não correr, mais uma vez, o risco de perder sua democracia.
“Ivete Nenflidio o faz com literariedade suficiente para que o texto diga o que precisa dizer com sensibilidade e emoção, que dão à obra sua atmosfera poética. Por sua beleza narrativa, provoca, em nós, o mesmo conforto que Helena encontra nas palavras de Luiza. Por sua mensagem de resistência, é um lembrete importante dos perigos de um passado que não pode retornar, mas que cada vez mais procura meios de se fazer, mais uma vez, presente”, explica Aione Simões.
Com 48 anos, natural de São Bernardo do Campo – SP, Ivete Nenflidio é escritora, pesquisadora das manifestações tradicionais e folclóricas brasileiras, curadora artística de festivais e articuladora cultural especializada em Sustentabilidade Aplicada aos Negócios, em Leis de Incentivo à Cultura.
Como autora publicou livros de poesia, contos, crônicas e romances, entre eles a antologia “Memórias Difusas” e “País Estrangeiro – Memórias de um Brasil profundo”, ambos pela Editora Beira, além da ficção “Calendas de Março”, obra viabilizada com recursos do Fundo Municipal de Cultura de Santo André e Lei Aldir Blanc. Além de escrever para revistas especializadas em literatura e para o blog “Outros Brasis”.
Seus textos foram publicados pelo Selo Off Flip de Literatura 2021, nas coletâneas de contos e crônicas, a autora ficou em 1º lugar no 31º Festival Nacional de Poesias “Eunice Maria de Oliveira” e em 3º lugar no Concurso Camilo Pessanha, além de participar de diversas antologias poéticas, Ivete também recebeu o Prêmio por Mérito Cultural do Fundo Municipal de Cultura de Santo André – LAB, prêmio destinado ao reconhecimento de produções culturais realizados por pessoas ou coletivos que promovam iniciativas de fomento à cultura brasileira.
Encontre a autora nos portais: www.ivetenenflidio.com e www.escritas.org/pt/n/l/ive-nenflidio
SERVIÇO: Lançamento do livro “Calendas de Março”
Autora: Ivete Nenflidio
Ano: 2020
Livros disponíveis pela Amazon
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