Uma senhora, um jovem e uma criança Awá-Guajá em situação de isolamento voluntário foram vistos pelos brigadistas Tenetehar/Guajajara apagando fogo no incêndio que há dois meses devora a Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Se antes havia qualquer dúvida sobre o avanço das chamas, o episódio demonstra que o incêndio chegou à região de perambulação dos Awá.
De acordo com os Guajajara ouvidos, os três Awá fugiram quando perceberam a aproximação dos brigadistas. “Estamos levando água para eles. Nessa época do ano os igarapés estão secos, o que é normal, mas dificulta ainda mais com esse incêndio”, explica um indígena integrante da brigada. Silvio Guajajara afirma que esses dias cerca de 70 brigadistas estão trabalhando no combate ao fogo.
No início do ano passado as chamas também atingiram a área dos Awá isolados. A Fundação Nacional do Índio (Funai), naquela ocasião, chegou a informar aos Guajajara que cogitava a possibilidade de fazer contato com os Awá. Conforme o PrevFogo, departamento do Ibama destinado ao combate a esse tipo de incêndio, mais de 50% dos 413 mil hectares que constituem a Terra Indígena Arariboia viraram cinzas em 2015.
O incêndio não está mais concentrado nas regiões das aldeias Angico Torto e Zutiwa, dizem os Guajajara. Conforme informou ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi) integrantes do Ibama no Prevfogo, infraestrutras de combate ao incêndio estão sendo deslocadas para a Arariboia, mas na semana passada diziam que conforme o monitoramento o fogo estava diminuindo. Os Guajajara não confirmam, ao contrário.
“As chamas tão correndo nos mesmo lugares do ano passado e em novas áreas. Tanto que o fogo chegou nos isolados. Os avistamos a primeira vez há uns 15 dias, e agora novamente, mas dessa vez estavam batendo no fogo. Então cresceu”, declara um brigadista. A Survival International fez um comunicado sobre o incêndio e conforme a organização, fontes do Ibama os teriam informado de que este ano o estrago poderia ser maior.