Brasil volta a bater recorde semanal histórico de casos da covid

Ministro da Saúde, Eduardo Pazuello mente e diz que nunca receitou nenhum tipo de medicamento para tratamento precoce

Morte em casa: Família recebe assistência de serviço funerário da prefeitura de Manaus após falecimento de parente; mortes em residências aumentaram na capital do Amazonas. – Michel Dantas/ AFP

Por Nara Lacerda.

Pela segunda semana seguida, o Brasil registrou número recorde de novos casos da covid-19  para o período de sete dias. Os dados consolidados de 10 a 16 de janeiro somam 379.061 contaminados. O número de casos em acompanhamento ultrapassou 860 mil, maior patamar já registrado desde os primeiros casos.

O total de óbitos na semana se manteve acima dos 6,5 mil. Até domingo (16) foram 6.665, resultado próximo aos registros de agosto, quando o Brasil vivia o pior momento da pandemia até agora.

Os dados foram divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ainda de acordo com o órgão, mais de 210 mil pessoas já morreram por causa da covid-19 no país.

Nas 24 horas entre domingo ( 16) e segunda-feira (18), o Brasil registrou 23.671 novos contaminados pelo coronavírus. Com isso, o total de infectados desde o início da pandemia é de 8.511.790 no país. O número de óbitos confirmados em 24 horas foi de 452.

Realidade paralela

Nesta segunda-feira, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, mentiu ao afirmar que nunca indicou nenhum tipo de medicamento para tratamento precoce da covid-19.

Em entrevista coletiva ele disse que os remédios prescritos são “foro íntimo do médico com seu paciente”.  Ainda nas palavras do general, “o ministério não tem protocolos com isso, não é missão do ministério definir protocolo”.

A indicação de remédios como a cloroquina e hidroxicloroquina passou a ser bandeira do governo de Jair Bolsonaro ainda no início da pandemia. Em uma das defesas mais recentes que o presidente fez, Pazuello estava sentado ao lado do chefe. Ambos participavam de uma transmissão ao vivo sobre o caos em Manaus, por causa do aumento no número de mortes pela covid-19.

Na ocasião, o ministro da Saúde afirmou que a alta nos números estava relacionada à falta de tratamento precoce. Bolsonaro indicou hidroxicloroquina e ivermectina, usada para tratar piolhos e vermes. Além disso, o presidente incluiu na lista nitazoxanida, antiparasitário que ajuda nos sintomas de infecções por amebas e giárdias, por exemplo.

Ao responder uma repórter nesta sexta-feira (18), o ministro afirmou que a indicação do ministério é para “atendimento precoce” , não “tratamento precoce”. Ele pediu aos repórteres que “não confundam” e “não coloquem isso errado”.

Pazuello chamou a pergunta da repórter de “posição” e completou, “A senhora nunca me viu receitar ou dizer, colocar para as pessoas tomarem este ou aquele remédio”.

Foi na gestão interina de Pazuello que o Ministério da Saúde incluiu a cloroquina e a hidroxicloroquina na recomendação técnina de prescrição dos médicos que atendem pacientes da covid. Na posse dele como ocupante definitivo do cargo, o presidente da República mostrou a caixa de um dos medicamento para a plateia como um trunfo.

Saiba o que é o novo coronavírus

É uma vasta família de vírus que provocam enfermidades em humanos e também em animais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que tais vírus podem ocasionar, em humanos, infecções respiratórias como resfriados, entre eles a chamada “síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS)”.

Também pode provocar afetações mais graves, como é o caso da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS). A covid-19, descoberta pela ciência mais recentemente, entre o final de 2019 e o início de 2020, é provocada pelo que se convencionou chamar de “novo coronavírus”.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

Edição: Leandro Melito

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