Brasil perdeu mais de 3% da superfície de água nos últimos 40 anos

País vem ficando mais seco por causa da ocupação e do uso da terra, associados aos eventos extremos causados pelas mudanças climáticas, destaca o MapBiomas.

Foto: Marizilda Cruppe/Greenpeace

Na véspera do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, o MapBiomas divulgou novos números sobre as águas no Brasil. Os dados não são nada bons. A área do território brasileiro coberta por água apresentou nova redução em 2024, sendo 2,2% menor que a registrada em 2023 e 3,2% abaixo da média da série histórica, iniciada há 40 anos, em 1985.

Em 2024, a área coberta por água totalizou 17,9 milhões de hectares, pouco maior que o território do Acre. No ano anterior, eram 18,3 milhões de ha. Foi o segundo ano consecutivo de queda na lâmina hídrica do país, destaca a Folha, já que entre 2022 e 2023 a área já havia caído 2,6%. Em dois anos, a área seca no país cresceu mais de 900 mil hectares, quase duas vezes o Distrito Federal.

O Pantanal, a maior planície alagável do planeta, foi o bioma mais atingido, com perda de 61% de sua cobertura hídrica no ano passado, informa a Agência Brasil. Já a Amazônia, que abriga 61% da superfície de água do país e sofreu com secas extremas por dois anos consecutivos, registrou queda de 3,6% em relação à extensão média de água no bioma, relata o Um só planeta. Também houve diminuição no Pampa, ainda que bem menor, de 0,3%.

Já Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica estiveram acima da média de superfície de água em 2024: 6%, 11% e 5%, respectivamente. Na Caatinga, em todos os meses do ano passado, os valores de superfície d’água registrados foram os mais altos dos últimos 10 anos. No Cerrado, houve inversão entre as superfícies de corpos d’água naturais (rios, lagos e lagoas) e artificiais (reservatórios e represas). Em 1985, 63% da superfície de água do bioma era natural; em 2024, eram 40%.

Na última década, ocorreram 8 dos 10 anos mais secos de toda a série histórica do MapBiomas sobre a cobertura hídrica no Brasil. E nos últimos 15 anos, apenas 2022 ficou acima da média histórica de superfície de água, com 18,8 milhões de hectares. A título de comparação, todos os primeiros 15 anos da série (de 1985 a 1999) tiveram valores acima da média.

Segundo os pesquisadores do MapBiomas, a ocupação e o uso da terra no país, marcado pelo desmatamento, junto com eventos climáticos extremos causados pelas mudanças climáticas, deixam o país mais seco. O que liga o alerta sobre a necessidade de estratégias de adaptação de gestão hídrica e políticas públicas.

“Temos um histórico recente de muitos anos secos, seguidos de uma recuperação pontual em 2022. Se olharmos os últimos 25 anos, o cenário é preocupante e crítico, pois a superfície de água permanece na média da série histórica ou abaixo dela”, explicou Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água. “Nunca mais atingimos a disponibilidade hídrica que houve entre 1989 e 1999, uma década de maior abundância de água no país.”

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