Por Paulo Lindesay.
Com o aumento da taxa Selic em 1 ponto percentual, realizado pelo Comitê de Política Monetária (COPOM). Passando de 11,25% para 12,25%. O Brasil tornou-se o segundo maior juro real do planeta.
No governo Bolsonaro, na 232a reunião do COPOM, em 6 de agosto de 2020, a taxa SELIC baixou para 2%.
Em menos de 24 meses, na reunião 248a, em 03 de agosto de 2022, aumentou para 13,75%. Isso representou um aumento de 11,75 pontos percentuais.
Como o próprio BACEN divulgou nas Estatísticas Fiscais, nesse período, a cada 1 ponto percentual, a DBGG aumentou, cerca de R$ 38 bilhões. Com uma simples operação matemática, vamos comprovar que o estoque na DBGG, entre agosto de 2020 e dezembro de 2022, aumentou cerca de R$ 446,5 bilhões.
Em pouco mais de 4 meses, a taxa Selic aumentou 1,75 pontos percentuais. Saiu de 10,50% para 12,25%.
Segundo os dados das Estatísticas Fiscais do Bacen, de outubro de 2024, a cada 1 ponto percentual o estoque da Dívida Bruta do Governo Geral, cresce cerca de R$ 55,2 bilhões. Com uma simples operação matemática, vamos constatar que (1,75 p.p. X 55,2 bilhões) a DBGG cresceu cerca de R$ 96,6 bilhões. Somente um país do tamanho da economia brasileira resiste a uma sangria dessa.
O crescimento da Selic, nesse patamar, causará uma sangria nos cofres públicos de R$ 96,6 bilhões. Muito maior que o corte de gasto cerca de R$ 70 bilhões.
Sem considerar que o estoque da Dívida Pública, em outubro de 2024 – R$ 9,032 trilhões.
O texto levanta uma crítica relevante sobre o impacto da taxa Selic na Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), mas apresenta alguns pontos que carecem de maior rigor e contextualização. Abaixo estão os principais aspectos que poderiam ser melhorados:
1. Ausência de contexto econômico completo:
O texto apresenta os dados de crescimento da Selic e seu impacto na DBGG de forma isolada, sem explicar o contexto econômico que levou à necessidade de elevação da taxa de juros, como o combate à inflação ou mudanças no cenário macroeconômico global. Ignorar essas justificativas pode levar a uma interpretação simplista da questão.
2. Comparação superficial entre aumento da DBGG e cortes de gastos:
O texto menciona que a “sangria” de R$ 96,6 bilhões é maior que os cortes de gastos de R$ 70 bilhões, mas não considera que o objetivo da alta da Selic não é gerar cortes, e sim controlar a inflação. A comparação carece de uma análise mais aprofundada sobre a eficiência dessas políticas no longo prazo.
3. Falta de explicação sobre o mecanismo da Selic:
Não há detalhamento sobre como o aumento da taxa Selic impacta diretamente a DBGG. Embora o texto mencione que a dívida cresce R$ 55,2 bilhões para cada 1 p.p., não explica que esse aumento ocorre devido à remuneração maior dos títulos públicos indexados à Selic. Para um público amplo, essa explicação é fundamental.
4. Falta de alternativas ou propostas:
O texto critica os impactos do aumento da Selic sem sugerir alternativas viáveis para lidar com a inflação ou gerenciar a dívida pública. Isso limita a crítica, tornando-a apenas descritiva, sem um olhar propositivo.
5. Erro na interpretação de sustentabilidade fiscal:
A frase “somente um país do tamanho da economia brasileira resiste a uma sangria dessa” carece de embasamento técnico. O Brasil, embora tenha uma economia grande, enfrenta sérias restrições fiscais, e essa afirmação soa imprecisa sem dados que sustentem a resiliência mencionada.
6. Uso de termos emocionais:
Palavras como “sangria” podem ser eficazes para atrair atenção, mas podem prejudicar a objetividade da análise, que deveria ser mais técnica e menos apelativa.
Sugestão para melhoria:
O texto seria mais robusto se incluísse:
O contexto econômico que levou às decisões de política monetária.
Uma análise de custo-benefício do aumento da Selic, considerando os impactos sobre inflação, consumo e dívida pública.
Comparação com outros países em condições semelhantes para avaliar se as decisões do Brasil estão alinhadas às melhores práticas globais.
Alternativas para conter a inflação ou reduzir o custo da dívida pública sem prejudicar a estabilidade econômica.
Assim, a crítica deixaria de ser apenas um alerta para se tornar uma análise construtiva e bem fundamentada.