O mundo perdeu 12 milhões de hectares de florestas tropicais em 2018, o equivalente ao território da Nicarágua, afirmou nesta quinta-feira (25/04) a ONG ambientalista World Resources Institute (WRI).
O ano de 2018 foi o quarto pior em termos de desmatamento de florestas tropicais, depois dos anos de 2016, 2017 e 2014, desde que o WRI começou sua cartografia, em 2001, acrescentou o relatório anual, elaborado pelo projeto Global Forest Watch, com base em dados compilados pela Universidade de Maryland a partir da análise de imagens de satélite.
“É tentador saudar um segundo ano de declínio após o pico de 2016”, com 17 milhões de hectares de perdas, disse Frances Seymour, pesquisadora do WRI. “Mas, se olharmos para os últimos 18 anos, está claro que a tendência geral ainda é de aumento”, ressalvou.
Dos 12 milhões de hectares perdidos, 3,64 milhões de hectares são de florestas tropicais primárias, também chamadas de florestas nativas ou virgens, o equivalente ao território da Bélgica.
O Brasil foi o país que perdeu a maior área dessas florestas no ano passado – mais de 1,4 milhão de hectares –, à frente da República Democrática do Congo (481,2 mil hectares) e da Indonésia (339,8 mil hectares).
Segundo o WRI, a perda de floresta nativa no Brasil em 2018 foi menor do que seu pico, relacionado a incêndios em 2016 e 2017, mas maior do que foi entre 2007 e 2015, período em que o país tinha reduzido sua taxa de desmatamento em 70%.
A perda de florestas virgens é “especialmente preocupante”, segundo a ONG. “Estas são as florestas que têm o maior impacto em termos de emissões de carbono e biodiversidade”, disse uma especialista do WRI, Mikaela Weisse, já que armazenam carbono e abrigam uma grande fauna e flora.
A taxa de destruição de florestas nativas também é preocupante na República Democrática do Congo. Porém, ela diminuiu 63% na Indonésia, em comparação com o pico de 2016, de acordo com o estudo. A Indonésia se beneficiou de medidas do governo e de dois anos relativamente úmidos, desfavoráveis à deflagração de incêndios, mas o fenômeno El Niño pode mudar a situação em 2019.
A situação pode piorar no Brasil, segundo a organização não governamental Imazon, porque o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou 54% entre janeiro de 2018 e janeiro de 2019, mas também devido à alteração de políticas ambientais defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o Global Forest Watch, ainda é muito cedo para avaliar o impacto de eventuais medidas do governo Bolsonaro sobre a cobertura florestal brasileira.
Na vizinha Colômbia, a perda de florestas nativas aumentou 9% entre 2017 e 2018, uma vez que o acordo de paz entre o governo e as Farc ajudou a tornar algumas áreas mais acessíveis, afirma o estudo.
“O desmatamento causa mais poluição climática do que todos os carros, caminhões, navios e aviões do mundo juntos”, disse Glenn Hurowitz, executivo chefe da Mighty Earth, uma organização ambientalista. “É vital proteger as florestas que ainda temos.”
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