Climainfo.- Dois estados da Paraíba, uma Croácia ou quase metade do estado de São Paulo. Esse é o tamanho da área queimada no país de janeiro a agosto deste ano, de acordo com um levantamento do IPAM e do MapBiomas divulgado na 6ª feira (27/9). E mais da metade da devastação pelo fogo foi registrada em Terras Indígenas e grandes fazendas.
De acordo com o levantamento, 11,3 milhões de hectares foram queimados em todo o território brasileiro até o mês passado. É mais que o dobro dos 5,2 milhões de hectares – equivalente à área do Rio Grande do Norte – registrados em igual período do ano passado, informa o g1.
Do total queimado, nada menos que 5,9 milhões de hectares estão em Terras Indígenas e grandes fazendas, destaca a Folha. E a maior perda ocorreu nas TIs, que registraram 3,08 milhões de hectares queimados, com grandes propriedades rurais respondendo pelos demais 2,8 milhões de hectares.
Em relação a 2023, o crescimento no tamanho da área queimada em Terras Indígenas foi de 76%. Nas comunidades, os efeitos de tanto fogo são sentidos por toda a população, mas especialmente por jovens e idosos que sofrem com problemas respiratórios.
Contudo, o impacto das chamas não é sentido apenas pela fumaça que polui o ar. O avanço dos incêndios dificulta o acesso aos territórios, destrói casas e roças e coloca em risco a segurança alimentar de comunidades inteiras.
Lideranças indígenas e ambientalistas ouvidos pela BBC afirmam que os dois principais fatores responsáveis pela explosão de área queimada em TIs são os efeitos das mudanças climáticas e o avanço do agronegócio. “É importante entender que não estamos dizendo que foram os indígenas que colocaram fogo na floresta. Esses territórios são cercados por regiões agropecuárias onde se utiliza muito o fogo”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
Nas grandes fazendas, o tamanho da área queimada de janeiro a agosto deste ano cresceu 163% em relação a igual período de 2023. Segundo o IPAM, os números refletem um aumento significativo do uso do fogo nas propriedades, possivelmente ligado a práticas agropecuárias, tanto para expansão de áreas quanto para manejo produtivo. Somando-se o fogo em médias e pequenas propriedades, a área queimada em fazendas sobe para 4,4 milhões de hectares.
Ainda de acordo com o levantamento, houve a queima de 1,1 milhão de hectares em Unidades de Conservação (UCs), 116% mais que de janeiro a agosto do ano passado. Já nas Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), que são o principal alvo de grilagem na Amazônia, o fogo consumiu 870 mil hectares queimados, crescimento de 176% sobre 2023.