Mais uma vez o Brasil figurou entre os países mais letais para defensores da terra e do meio ambiente. Um levantamento divulgado nesta 3a feira (10/9) pela organização Global Witness identificou pelo menos 25 assassinatos de lideranças ambientais em 2023 no Brasil, número superado apenas pela Colômbia, com 79 mortes.
Os dados da Global Witness evidenciam os riscos que os defensores ambientais enfrentam na América Latina. Mais uma vez, a região concentrou a maior parte das mortes violentas registradas no ano passado, com 166 casos – 54 na América Central e México e 122 na América do Sul. Em todo o mundo, foram 196 mortes em 2023.
O Brasil apresentou uma melhora em 2023 na comparação com o ano anterior, quando o país registrou 34 assassinatos de defensores ambientais. Como a Folha pontuou, a troca de governo e a retomada da fiscalização ambiental ajudaram a reduzir a violência contra ativistas e lideranças fundiárias e de meio ambiente. No entanto, o domínio ruralista no Congresso Nacional ainda é um obstáculo para a proteção dos defensores ambientais.
Por outro lado, a situação na Colômbia é preocupante. O número de mortes de defensores ambientais vem aumentando rapidamente nos últimos anos, com um salto de 33 óbitos em 2021 para 79 em 2023. O país concentrou 461 das 2.106 mortes registradas entre 2012 a 2023 em todo o mundo, o maior índice nacional.
O recrudescimento da violência contra defensores ambientais na Colômbia é reflexo de uma situação securitária ainda bastante delicada, mesmo depois dos acordos de paz que encerraram a guerra entre o governo colombiano e as antigas FARC. Grupos de crime organizado são suspeitos de serem os responsáveis por metade dos assassinatos de defensores ambientais na Colômbia no ano passado.
Outro recorte preocupante é o perfil das vítimas. Quase metade (49%) de todas as mortes de defensores ambientais em 2023 tiveram como vítimas lideranças indígenas e afrodescendentes. Considerando os últimos dez anos, os indígenas representam 36% dos casos de assassinatos registrados em todo o mundo, com 766 óbitos.
“Os governos não podem ficar de braços cruzados; devem tomar medidas decisivas para proteger os defensores e abordar as causas estruturais da violência contra eles”, defendeu Laura Furones, consultora sênior da Global Witness e autora principal do levantamento. “Os ativistas e suas comunidades são essenciais nos esforços para prevenir e reparar os danos causados por setores prejudiciais ao clima”.
Brasil de Fato, CNN Brasil, Deutsche Welle, RFI e Um Só Planeta repercutiram os dados da Global Witness sobre a violência contra os defensores ambientais em 2023. Na imprensa internacional, a notícia também foi destacada por AFP, Guardian, Inside Climate News, NY Times e Reuters, entre outros.
ClimaInfo, 11 setembro de 2024.
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