Jornal GGN – A pneumologista Margareth Dalcolmo, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fiocruz, disse ao jornal O Globo que a média de idade dos brasileiros que estão com coronavírus é preocupante, porque indica que a doença deve acometer pessoas mais jovens do que os idosos na Itália.
“Aqui poderemos ‘rejuvenescer’ a Covid-19. A minha preocupação é que a média de idade aqui seja muito mais jovem do que na Itália, justamente por nossas condições socioeconômicas. Mas não só por isso, mas também pelo que temos visto nos hospitais.”
Segundo a especialista, a média de idade dos pacientes em estado grave no Brasil está, por enquanto, entre 47 anos e 50 anos.
A maioria dos casos ainda são de classe média e alta, internadas na rede particular. “E aqui ainda nem sabemos bem o que está acontecendo porque existe uma lacuna entre os números oficiais e o que acontece nos hospitais. Não temo em dizer que estão ocorrendo mortes por Covid-19 sem diagnóstico na rede pública”, alertou.
Ela explicou que, na rede pública, haverá dificuldade de diagnóstico por falta de testes para diferenciar o coronavírus de outras doenças já conhecidas do sistema. “Porque sépsis e doenças pulmonares são muito comuns e não há testes para toda a rede.”
A pneumologista ainda comentou que a COVID-19 é diferente da H1N1. A pneumonia desenvolvida é mais grave, e o tratamento que precisa de aparelho respirador é mais longo. Daí decorre a ameaça de colapso no sistema de saúde, por falta de ventiladores.
“Na H1N1 [o uso de ventiladores] é de, em média, sete dias. Na Covid-19, de 20 dias, às vezes mais.”
Para a especialista, o governo precisa radicalizar na quarentena, a despeito do custo para a economia. “O governo tem que ajudá-los [os trabalhadores informais], mas a iniciativa privada também deveria colaborar com essa parte. Não haverá vacina para salvar as pessoas nessa pandemia. A vacina será para daqui a cerca de dois anos. Mas as pessoas estão morrendo agora.”