Depois da derrota de ontem, em que teve sua proposta de criar um Santuário de Baleias no Atlântico Sul recusada, durante o encontro da Comissão Internacional das Baleias (IWC, em inglês), que acontece esta semana em Santa Catarina, ontem o Brasil conseguiu que fosse aprovada a “Declaração de Florianópolis”, documento que defende os direitos e a proteção às baleias e reafirma a moratória de caça ao maior mamífero do planeta.
Desde 1986, a IWC impôs uma moratória global à caça comercial a estes cetáceos. No século passado, quase 3 milhões deles foram mortos no mundo. Por esta razão, a maioria das espécies de baleais estava ameaçada de extinção – umas mais do que outras -, mas todas corriam o risco de desaparecer dos oceanos.
Ao longo dos últimos 30 anos, a população de muitas espécies conseguiu aumentar seus números, mas especialistas afirmam que atualmente elas enfrentam outras ameaças, como a colisão com embarcações, o aprisionamento em redes de pesca, o lixo nos oceanos e as mudanças climáticas.
A Declaração de Florianópolis foi aprovada por 40 votos a favor, 27 contra e 4 abstenções. Países que querem o retorno da caça comercial das baleias, entre eles, Japão, Rússia, Islândia e Noruega, protestaram.
“Bem-vindos ao futuro!”, comemorou Nicolas Entrup, da organização suíça OceanCare. “Esta é uma decisão histórica da IWC, contra a exploração letal das baleias”.
Os japoneses ainda aguardam uma nova votação para sua proposta de por fim à moratória de caça das baleias. O país defende que já não há mais risco de extinção e que a “pesca sustentável” seria possível. Dificilmente ela será aprovada, ainda mais agora que a declaração liderada pelo Brasil foi aceita.
Para que qualquer medida seja adotada, ela precisa de, no mínimo, ¾ dos votos dos países membros da entidade. A moção do Japão deveria ser votada hoje, mas dado o clima tenso durante o encontro, foi adiada para esta sexta-feira.
“A IWC evoluiu de um antigo clube baleeiro para uma entidade de conservação com o pensamento no futuro. As nações pró-caça não evoluíram, mas insistimos que elas não tentem reverter esta decisão relevante e atual”, afirmou Patrick Ramage, do International Fund for Animal Welfare (IFAW).
Segundo ele, a declaração é uma grande vitória e um sinal claro da intenção, da maioria dos representantes em reconhecer que a conservação e a proteção das baleias é o caminho a ser seguido, não aquele da matança cruel e desnecessária.
“Esperamos que o Japão perceba que este é o futuro que a maioria deseja”, destacou Ramage.