Por William De Lucca.
São Paulo – Nem bem a terceirização irrestrita foi aprovada, os efeitos nocivos que já atormentavam os bancários começam a se agravar em setores do Bradesco. O Departamento de Suporte de Produtos e Serviços (DSPS), na Cidade de Deus, teve 10 trabalhadores, muitos com mais de 30 anos de banco e perto da estabilidade pré-aposentadoria, demitidos. E os terceirizados, em menor número e contratados com salários menores e menos benefícios, não conseguem suprir a demanda da área.
O processo de terceirização do setor de expedição de malotes começou em dezembro do ano passado, e a conclusão estava prevista para o mês seguinte. Como a empresa contratada não tinha conseguido suprir a demanda de cerca de 5,4 mil malotes expedidos diariamente, 24 horas por dia, o prazo para a conclusão da terceirização foi estendido até fevereiro deste ano. Nesse período, os bancários do setor continuaram trabalhando, com a garantia de que seriam realocados para outras áreas ao fim do processo.
“Na oportunidade, os gestores garantiram a realocação, mas não foi o que aconteceu. Já foram demitidos cerca de 10 funcionários, muitos deles com mais de 50 anos de idade, alguns em estabilidade pré-aposentadoria e outros perto de consegui-la”, denuncia o cipeiro da Cidade de Deus, Valdemar Piu-Piu.
Segundo ele, as demissões não tiveram critérios justos, e os gestores que cuidavam do setor durante o dia alegaram que apenas foram avisados sobre os desligamentos dos trabalhadores do período da noite e que não participaram das decisões.
“Os colegas estão revoltados com isso, porque os gestores do período da manhã não acompanham o serviço dos outros turnos, não dão feedback sobre o trabalho, então como podem avaliar o nosso desempenho? Agora está todo mundo indo trabalhar tenso, porque sabemos que podemos ser chamados a qualquer momento e perder o emprego”, lamenta Valdemar Piu-Piu.
“Após quatro meses da mudança, a empresa terceirizada continua tendo dificuldade em manter a qualidade do serviço que era feito por bancários, e muitas agências têm reclamado de problemas com o desempenho atual”, conta, lembrando que o serviço era feito por 30 bancários e agora é realizado por 19 terceirizados que recebem salário inferior ao piso da categoria, têm jornada maior e outros direitos, como o vale-refeição, mais baixos.
Valdemar diz que o setor é mais uma prova de como a terceirização é ruim para os trabalhadores que perdem seus empregos e para os terceirizados, que têm sobrecarga e menos direitos. “O Bradesco não pensa na sua responsabilidade social quando demite colegas faltando pouco tempo para a aposentadoria. É injusto e cruel por parte da gestão”, finaliza.
Fonte: SP Bancários