Bolsonaro volta a dizer que vai impor censura ideológica ou acabar com a Ancine

Bolsonaro afirmou nessa sexta-feira que “vai ter filtro sim” na produção da Agência Nacional de Cinema. “se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine”, disse o presidente.

Imagem: Reprodução

Após assinar decreto que transferiu o Conselho Superior do Cinema para a Casa Civil e dizer que a Agência Nacional de Cinema (Ancine) não pode financiar filmes “como da Bruna Surfistinha”, Bolsonaro voltou a defender nessa sexta-feira, 19, que ou a Ancine se transforma em uma propagadora da ideologia reacionária de extrema-direita defendida por seu governo, ou o órgão será extinto ou privatizado.

A Ancine é uma agência reguladora que tem como atribuições o fomento, a regulação e a fiscalização do mercado do cinema e do audiovisual no Brasil. Atualmente, está vinculada ao Ministério da Cidadania.

Nessa sexta-feira, 19, ao participar de uma solenidade em comemoração ao Dia Nacional do Futebol, o presidente foi questionado sobre suas medidas em relação à Ancine. Ele disse: “Vai ter um filtro sim. Já que é um órgão federal, se não puder ter filtro, nós extinguiremos a Ancine. Privatizaremos, passarei ou extinguiremos”. Em seguida, ele foi questionado a respeito de que tipo de “filtro” teria a agência, ao que ele respondeu: “Culturais, pô”.

Segundo Bolsonaro, atualmente a verba pública é utilizada para fazer “filmes pornográficos”, o que, na concepção do tacanho presidente de extrema-direita, deve significar qualquer filme com temática LGBT ou que trate de sexualidade, por exemplo. Tal como a sua ministra Damares Alves, que obstinadamente procura a “ideologia de gênero” em produções da indústria cultural como o filme infantil “Frozen” ou o desenho animado “Bob Esponja”, Bolsonaro vê a “degeneração moral” em qualquer obra que não reproduza seus valores reacionários, machistas e LGBTfóbicos.

Bolsonaro afirmou que quer filmes que falem dos “heróis brasileiros”. Ele disse: “Temos tantos heróis no Brasil, e a gente não fala dos heróis do Brasil, não toca no assunto. Temos que perpetuar, fazer valer, dar valor a essas pessoas no passado deram sua vida, se empenharam para que o Brasil fosse independente lá atrás, fosse democrático e sonha-se com um futuro que pertence a todos nós”.

Contudo, ao falar de “heróis” certamente Bolsonaro não está se referindo a gente como Zumbi dos Palmares, líder da resistência contra a escravidão; ou dos que tombaram lutando contra a ditadura militar no Brasil; ou dos povos indígenas que bravamente lutaram contra a colonização. Os “heróis” de Bolsonaro, como ele já declarou muitas vezes, são assassinos e torturadores como Carlos Alberto Brilhante Ustra, a quem ele dedicou seu voto na sessão da Câmara que aprovou o golpe institucional em 2016. São esses que Bolsonaro quer ver homenageados nas telas, usando dinheiro público para falsificar a história e fazer apologia da extrema-direita.

Para poder impor isso, o presidente já reduziu pela metade a participação de representantes da indústria cinematográfica no Conselho Superior de Cinema, passando de seis para três. E também diminuiu de três para dois representantes os membros da “sociedade civil”.

Esse ataque se soma a uma série de medidas que o governo vem tomando contra a cultura, como as mudanças na Funarte. Por isso dizemos, Bolsonaro, tire suas mãos da cultura!

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