Após criticar duramente a atuação da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Jair Bolsonaro determinou a troca de quatro dos sete membros do colegiado. Mudança ocorre uma semana após a comissão atestar que Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, morreu de forma “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro”.
Na segunda-feira (29), Bolsonaro questionou documentos oficiais que atestam que Santa Cruz desapareceu quando estava sob custódia dos militares, e disse que se o presidente da OAB “quisesse” contaria como o pai dele morreu. (Leia no Brasil 247)
Pouco depois, diante da repercussão, Bolsonaro voltou a afirmar sem provas que ele teria sido assassinado por “terroristas” da Ação Popular (AP), no Rio de Janeiro, em 1974, grupo que lutava contra o regime militar.(leia no Brasil 247)
Nas mudanças promovida na Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, que está subordinada à ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, a presidente do colegiado, Eugênia Augusta Gonzaga, dá lugar a Marco Vinicius Pereira de Carvalho, assessor especial de Damares e filiado ao PSL. Eugênia havia criticado as declarações de Bolsonaro e disse considerar que elas eram “extremamente graves”.
A agora ex-presidente da comissão lamentou, em nota, a decisão do governo e disse ao jornal O Globo que, “ao que tudo indica” a sua saída do cargo “foi uma represália por sua postura diante dos últimos acontecimentos”. Na nota, Eugênia destaca que “está nítido que a CEMDP, assim como a Comissão de Anistia, passará por medidas que visam a frustrar os objetivos para os quais foi instituída”.
Os demais novos integrantes do colegiado são Weslei Antônio Maretti (coronel reformado do Exército), Vital Lima Santos (que também é oficial do Exército), e Filipe Barros Baptista de Toledo Ribeiro (parlamentar filiado ao PSL). Eles substituem Rosa Maria Cardoso da Cunha, João Batista da Silva Fagundes e Paulo Roberto Severo Pimenta.