Publicado originalmente no site Migalhas:
Nesta quarta-feira, 14, um grupo de 54 defensores, procuradores e promotores enviou uma representação ao procurador-Geral da República, Augusto Aras, acusando o presidente Jair Bolsonaro de ter cometido o crime de racismo.
Na semana passada, durante encontro com apoiadores no “cercadinho”, Bolsonaro comparou o cabelo black power de um rapaz a um “criatório de baratas”.
“Como é que está a criação de barata aí? Olha o criador de barata aqui”, disse, aos risos.
Na sequência, Bolsonaro completou: “você não pode tomar ivermectina, vai matar todos os seus piolhos”, citando o medicamento vermífugo que costuma defender para o tratamento da covid-19.
Segundo os signatários, ao contrário do que superficialmente possa parecer, o presidente não proferiu apenas uma piada infeliz e de péssimo gosto, tampouco o registro do cidadão no sentido de não se afetar com o comentário descaracteriza uma prática racista, com todas as consequências jurídicas de responsabilização.
No documento, o grupo ainda cita declarações de Bolsonaro enquanto era deputado Federal. Em 2017, ele disse: “Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado (sic) com eles”.
De acordo com a representação, “todo o contexto fático e jurídico acima está a evidenciar um temerário comportamento do Presidente da República de praticar, incitar e/ou induzir a discriminação racial, que tem nitidamente reverberado na propagação de ideais extremistas e supremacistas entre seus apoiadores, com impacto no desenvolvimento das relações sociais internas e externas, ao passo que como chefe de estado tem justamente o dever de comportamento contrário a tais práticas e manifestações”.