Por Camilia Xavier, Yahoo.
Mais da metade dos brasileiros não confia em nada que diz o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a pesquisa mais recente do Datafolha, 51% ??nunca confiam em suas declarações, 27% confiam às vezes e 21% confiam sempre.
A pesquisa foi realizada presencialmente em 300 municípios com 5.926 pessoas, entre 13 e 15 de setembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o número de registro no TSE é BR-04099/2022.
No levantamento anterior – feito entre 30 de agosto e 1º de setembro –, 50% disseram não confiar nunca no presidente, 29% declararam confiar às vezes e 19%, sempre.
O maior nível de desconfiança foi identificado pelo Datafolha no final de 2021, quando atingiu 60%. Já a menor taxa foi de 37%, no final de 2020.
Desinformação oficial
Desde o início da campanha eleitoral em 2022 – nos meses de agosto e setembro –, o presidente já deu 291 declarações falsas. O número foi retirado de uma base de dados do Aos Fatos que monitora as informações reproduzidas pelo presidente desde o seu primeiro dia de mandato.
Somente em 2022, foram 1.525 declarações falsas ou enganosas. No total, desde o seu primeiro dia de governo, Bolsonaro reproduziu, pelo menos, 6.238 informações erradas.
Dentre os temas que mais foram alvo de desinformação, estão:
- Coronavírus – 2.556 declarações falsas ou distorcidas
- Economia – 1.613 declarações falsas ou distorcidas
- Meio ambiente – 394 declarações falsas ou distorcidas
- Corrupção – 343 declarações falsas ou distorcidas
- Eleições – 340 declarações falsas ou distorcidas
- Justiça – 319 declarações falsas ou distorcidas
Desde 2019, o presidente repetiu, ao menos, 225 vezes que não há corrupção em seu governo. Nas comemorações do 7 de setembro, o mandatário afirmou, por exemplo, que estamos há “três anos e meio sem corrupção”.
Isso já foi desmentido mais de uma vez pela reportagem do Yahoo! Notícias. Declarações semelhantes a essa foram feitas, ao menos, cinco vezes neste mês.
Outra informação bastante utilizada pelo presidente em sua campanha tem sido a de que seus ministros foram escolhidos por meio de critérios técnicos, sem interferências políticas. A fala foi repetida, ao menos, 67 vezes. No último debate presidencial, transmitido pela Band e checado pelo Yahoo! Notícias, o presidente também reproduziu essa desinformação.
Nesta semana, o presidente tem buscado justificar o uso do sigilo de cem anos sobre determinadas informações, mas ele tem se baseado em falácias. Em sua participação no Podcast Collab, ele argumentou que apenas informações de caráter pessoal foram protegidas, contudo outras informações também tiveram o acesso restringido.
Na última quinta-feira (15), durante sua live semanal, ele voltou ao assunto. Contudo, o mandatário confundiu os diferentes graus de sigilo e desinformou ao falar sobre como funciona a LAI (lei de acesso à informação).
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