Por Plinio Teodoro.
Em conversa com apoiadores nesta segunda-feira (18) no Palácio do Alvorada, Jair Bolsonaro ironizou a falta de oxigênio em hospitais de Manaus em plena pandemia do coronavírus, o que levou a dezenas de pessoas morrerem asfixiadas.
Ao comentar as declarações de um brasileiro que diz morar na Argentina, Bolsonaro atacou o papa Francisco e usou o exemplo da capital amazonense, que seria, segundo ele, obra de “inimigos”.
“Inimigo não falta para a gente aqui. Tem um problema em Manaus – e a gente lamenta as mortes por asfixia, por falta de oxigênio – e culpam o governo. Nós destinamos bilhões para os estados, agora quem detecta a falta de medicamento é o respectivo secretário de saúde do estado, ou é municipal. Daqui a pouco vai faltar band-aid no Rio de Janeiro e vão me culpar”, disse Bolsonaro, arrancando risos dos apoiadores.
Antes da resposta, ao saber que o apoiador mora na Argentina, Bolsonaro incitou reação de outras pessoas ao falar sobre a legalização do aborto no país vizinho.
“Fizeram uma pergunta para você responder aí: a Argentina aprovou o aborto. O papa falou alguma coisa ou não?”, indagou Bolsonaro. “Não falou uma palavra”, disse o apoiador, que ofereu um escapulário ao presidente para “uma proteção para proteger as crianças brasileiras”.
Globo, família e drogas
Em sua fala, Bolsonaro falou brevemente sobre a vacina – afirmando que o imunizante “é do Brasil, e não de nenhum governador” -, e buscou o tempo polêmicas para desviar o foco do principal assunto do dia.
Entre as declarações, Bolsonaro culpou a Globo por “inventar outras formas de família”.
“E uma coisa muito importante, assim como uma célula sadia está para o corpo humano, a família sadia está para a nossa sociedade. Sem família, pode esquecer Brasil. Por isso, em especial a TV Globo o tempo todo atacando a família brasileira, inventando outras formas de família, fazendo novelas absurdas, onde quem faz a coisa errada é o mais bonitinho, o mais certo, o mais pra frentex, como diziam no meu tempo de garoto”, disse.
Bolsonaro ainda responsabilizou a emissora pelo discurso de “liberação das drogas” e acusou “os grandes globalistas” de ajudarem o tráfico fumando maconha e cheirando cocaína.
“Pregam o tempo todo a liberação das drogas como se fosse a salvação. Agora se os grandes globalistas – não são todos, né? – fumassem menos maconha e cheirassem menos, ajudaria realmente a combater as drogas. E não buscando a liberalização como se fosse a salvação do Brasil e a diminuição da violência. Não é dessa forma, não”.