Jair Bolsonaro fez o orçamento da Embratur saltar de 8 milhões de dólares para 120 milhões de dólares, o que viabilizou a elaboração de um plano “ousado” para divulgar o Brasil no exterior. Engana-se quem pensa que o projeto nasceu imune ao viés ideológico do presidente de extrema-direita.
Segundo reportagem de O Globo, que teve acesso exclusivo ao plano da Embratur, a ordem é mostrar um Brasil judeu e militar, e esconder as favelas e toda a diversidade cultural e religiosa que faz parte da história do País.
O jornal diz que o governo Bolsonaro pretende investir os milhões de dólares em produções que, para os críticos, em nada agregam à imagem do País.
Na lista estão filmes sobre a Amazônia, com o intuito de combater “falsas histórias que são compartilhadas na imprensa mundial”. Uma produção cinematográfica propõe Sharon Stone como estrela, “explorando praias nordestinas em busca do tesouro do Imperador Constantino”.
A Embratur também pretende criar nos Estados Unidos “uma arena que terá como entrada uma réplica do Palácio do Planalto, com direito a um modelo fantasiado de dragão da independência”. Na Disney, estão buscando patrocínio na iniciativa privada para criar uma área com “aventuras de Mickey e Minnie pelo Brasil”. Além disso, consideram “reality show com artistas internacionais que ficarão confinados em diferentes casas pelo Brasil.”
Internamente, roteiros que exaltam o Brasil “judeu” e “militar” serão priorizados. O turismo LGBTI e de outros segmentos que não interessam ao bolsonarismo ficarão à margem dos investimentos.
A professora da USP Clarissa Gagliardi afirmou que Bolsonaro faz uso do plano para fazer propaganda política. “Esse plano restringe a interpretação da diversidade do Brasil. O turismo não precisa reproduzir a versão oficial e vender o viés de que é o Brasil judaico e militar. E os outros grupos que fazem parte da nossa formação? Não tem como justificar essa seletividade.”