Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
Diversos atos em memória e justiça às vítimas da antipolítica do governo de Jair Messias Bolsonaro na pandemia da covid-19, estão acontecendo desde a última semana, em várias regiões do Brasil. Enquanto familiares e organizações sociais se somam a esse momento de luto, mas também de reflexão e organização social, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, Jair Bolsonaro promove neste sábado, 26, uma motociata. Ele chegou em Chapecó na tarde de ontem, sexta-feira, dia 25 de junho, por volta das 15h. Foi recebido por João Rodrigues, prefeito da cidade. Mesmo com o registro de mais de 500 mil mortes no país por sua antipolítica, Bolsonaro cumprimentou apoiadores sem fazer o uso de máscara, visitou a Arena Condá e também, as instalações da Sede Administrativa da Cooperativa Central Aurora Alimentos. Também, de forma irresponsável, andou por uma das vias da cidade com a porta do carro aberta para cumprimentar seus apoiadores.
Enquanto Bolsonaro passa por cima dos mortos pela covid-19 e de seus familiares, parte da comunidade chapecoense se mobilizou e colocou diversas faixas pela cidade, exigindo Fora Bolsonaro. Na noite de ontem, um ato ecumênico foi realizado em frente à Igreja Matriz. Uma atividade que contou com o depoimento de familiares e amigos/as das vítimas, como informou à nossa reportagem do JTT Oeste, Luã dos Reis, da JPT. “O momento é de luto e de homenagem às vítimas. Mais de 500 velas foram acesas, em frente da catedral, em um ato que começou desde às 18h, contando com os depoimentos de familiares, música, emoção, partilha”, relatou.
Ao final deste momento, as pessoas que estavam na atividade em Chapecó foram atacadas por um motociclista, com agressões verbais, físicas inclusive e também, os profissionais da imprensa foram agredidos, como mostra o vídeo abaixo:
A Jornalista Ana Laura Baldo, que estava realizando a cobertura fotográfica do ato ecumênico em Chapecó/SC, foi uma das profissionais agredidas. Segundo ela, a homenagem às vítimas estava sendo finalizada quando as pessoas foram agredidas verbalmente e muitas tiveram que correr para não sofrerem agressão física. Ana Laura registrou com fotografias o ato ecumênico onde as organizações sociais denunciam o governo da morte e afirmam: “Bolsonaro quer matar a sua família”. Confira abaixo:
Tratamento precoce
Chapecó, cidade ao Oeste do estado de Santa Catarina, foi a primeira a entrar em colapso no sistema de saúde. Em janeiro deste ano, o prefeito João Rodrigues seguindo a linha de Jair Messias Bolsonaro, anunciou que “colocaria a cidade para funcionar”. Em coletiva de imprensa ele afirmou: “Queremos colocar a cidade funcionar, todo mundo tem que trabalhar, não queremos parar nada”. A exposição feita via transmissão ao vivo na página do facebook da prefeitura de Chapecó no dia 6 de janeiro mudou, após o aumento expressivo de casos de pessoas contaminadas por covid-19. No mês seguinte, no dia 16 de fevereiro, João Rodrigues recebeu o então governador Carlos Moisés e anunciou nas redes sociais virtuais: “Chapecó vive uma agonia sem tamanho. Nunca vivemos o que estamos vivendo hoje. Nos últimos 15 dias a situação tem complicado a cada minuto que passa. As pessoas buscando desesperadamente um leito hospitalar, uma UTI”.
Na metade do mês de fevereiro a cidade já somava 19.175 casos de covid-19 e 161 mortos. Uma força tarefa foi direcionada para a cidade pelo Governo do Estado, quem além das equipes do governo, o Ministério da Saúde, prefeituras da região, comissão intergestores regional (CIR) integraram a força. De janeiro até fevereiro, pelo menos 75 pacientes já haviam sido transferidos para outras cidades, sendo 45 só no mês de fevereiro.
O processo de genocídio facilitado por João Rodrigues aconteceu a partir das declarações que fez ao mencionar que bares e restaurantes poderiam fechar seus estabelecimentos como bem entendessem e seus alvarás permitissem, fato que ocorreu ainda no mês de janeiro. Naquele momento, João Rodrigues ainda afirmou: “Fechar e isolar aumenta o problema. O maior contágio do covid é dentro de casa, não é na rua. O lugar que menos se tem o contágio é dentro das empesas”.
Depois dessa afirmação, veio a força tarefa em fevereiro e as medidas restritivas de circulação foram aplicadas a fim de reduzir o contágio. Chapecó, que segue com 100% das UTIs lotadas no SUS e também na rede privada é usada como exemplo por Jair Bolsonaro para propagar mentiras. No último boletim epidemiológico divulgado ontem pela gestão da prefeitura, o número de mortos chega a 647 e quase 40 mil casos desde o início da pandemia.
João Rodrigues omite informações e propaga mentiras sobre tratamento precoce:
Um ambulatório montado em janeiro de 2021 em Chapecó, foi direcionado ao “tratamento precoce”, que não possui comprovação científica nenhuma e por onde corria a indicação de remédios como invermectina e azitromicina. No vídeo divulgado por João Rodrigues no domingo, dia 4 de abril e publicado também no canal do YouTube de Jair Bolsonaro, Rodrigues afirma: “Permitam que os médicos que tem vontade de fazer tratamento precoce façam”. Ele ainda seguiu omitindo informações sobre as UTIs lotadas. “Como chegamos a tudo isso? Coisa mais simples do mundo, foco, fé e coragem, união de uma sociedade”.
O projeto de morte de João Rodrigues e Bolsonaro são repudiadas pelas organizações. Luã dos Reis, da JPT de Chapecó, reafirmou na noite de ontem, em participação especial no JTT Oeste: “Tratamento precoce é uma mentira do João Rodrigues, foram as medidas tomadas que naquele momento ajudaram a cidade. Ele é um oportunista, que samba na onda bolsonarista para se reeleger, para ganhar poder político e econômico”, enfatizou.
Os atos exigindo Fora Bolsonaro seguem por toda Santa Catarina neste sábado, dia 26.
Assista a cobertura de ontem, do JTT Oeste: