Por Julinho Bittencourt.
Ranking publicado pela consultoria Future Brand sobre a reputação dos países aponta que o Brasil perdeu dez posições na classificação de 2020, em comparação ao ano anterior. Na 57ª colocação, o país foi superado, entre outros, pelo Cazaquistão, Panamá ou Egito em termos de “marca internacional”.
“Considere Jair Bolsonaro“, diz o informe. “Ele pode ser popular agora graças ao auxílio emergencial. Mas investimentos estrangeiros deixaram o país e o desemprego bate recorde.”
O que o ranking traz é, no fundo, um reflexo do que também se vê em corredores dos organismos internacionais.
Na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), onde Bolsonaro será o primeiro a subir no púlpito para fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral, na terça-feira (21), seu nome é acompanhado por comentários jocosos, de indagação de suas faculdades mentais e de indignação diante das ameaças à democracia.
Embaixadores e altos funcionários da entidade são claros: o estrago feito pelo presidente brasileiro na imagem internacional do Brasil foi enorme em diferentes áreas e apenas mudar o tom do discurso não será suficiente.
Bolsonaro foi alvo de 32 cartas e comunicações de relatores independentes da ONU, em apenas dois anos e meio de governo, que denunciam violações de direitos humanos cometidos pelo governo. As comunicações, mantidas em sigilo por meses, se referem a temas como violência policial, pandemia, ditadura, imprensa, moradia, educação, racismo e tantos outros.
Além das cartas, a ONU recebeu outras dezenas de cartas e comunicados que a entidade recebeu com denúncias feitas por parte de ONGs, ativistas e indígenas contra o presidente brasileiro, além de pelo menos cinco acusações apresentadas à procuradoria do Tribunal Penal Internacional, em Haia.
O mal-estar também ocorre por conta da campanha que o Brasil fez parte para minar a credibilidade das entidades internacionais, ainda sob a gestão de Ernesto Araújo, no Itamaraty.
Sem credibilidade e ridicularizado, o presidente enfrenta uma comunidade internacional que, antes de voltar dar algum crédito para o brasileiro, espera ver a reconstrução de instituições, a defesa do estado de direito, a retomada de políticas e estratégias sociais e ambientais que foram desmontadas pelo governo em apenas dois anos e meio.
Experientes negociadores internacionais alertam que Bolsonaro terá de mudar muito mais que seu discurso. E isso não está nos planos do Planalto.
Com informações da coluna de Jamil Chade.
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