“Chega de frescura e mimimi. Vão ficar chorando até quando?” Isso foi o que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse sobre a covid-19 após o dia com mais mortos (1.910) desde o início da pandemia, há um ano. O país vive o pior momento do surto de coronavírus e é o epicentro global da doença. Todos os estados estão com os sistemas de saúde sobrecarregados; muitas cidades colapsadas. Já são numerosos os relatos de brasileiros morrendo sem conseguir sequer atendimento médico.
Hoje. o Brasil deve superar a marca de 260 mil mortos. Em todos os estados, governadores e prefeitos adotam medidas de isolamento social para frear a disseminação do vírus. Essa é a única saída atestada pela ciência para minimizar a taxa de contágio, que está fora de controle desde o início do ano.
São Paulo entra em fase de maior restrição a partir de sábado (6). Minas Gerais decretou restrições em 60 cidades. Brasília está desde segunda-feira (1º) com medidas mais intensas de distanciamento. O Rio Grande do Sul, com 100% dos leitos de UTI ocupados, também endurece medidas protetivas.
Inaceitável
A realidade parece não impactar Bolsonaro, que segue em sua estratégia de trabalhar para impedir o combate à covid-19. “Nós temos que enfrentar nossos problemas (…) Mas onde vai parar o Brasil se só pararmos?”, disse, ao estimular aglomerações em um evento no interior de Goiás. Além da postura contra o isolamento, Bolsonaro não usa máscaras; ao contrário, dissemina mentiras sobre elas. Na última semana, o presidente divulgou uma fake news afirmando que as máscaras causariam problemas de saúde. Ao contrário, em todo o mundo civilizado é eficácia do equipamento de proteção contra o vírus é comprovada.
“Na casa da tua mãe”
Enquanto Bolsonaro desdenha do vírus e das vidas brasileiras, a pandemia se agrava. De acordo com especialistas, as próximas duas semanas devem ser ainda mais trágicas. O luto atinge cada dia milhares de brasileiros, enquanto o processo de vacinação, única esperança para colocar fim à tragédia da covid-19, segue lenta. Sobre isso, o presidente também se manifestou, em Goiás: “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe.”