Nesta quarta-feira (23), em entrevista à Folha de S. Paulo durante um voo de Brasília a São Paulo, o ex-presidente, Jair Bolsonaro, confirmou o teor de mensagem enviada a um empresário que tinha como conteúdo uma fake news.
“Eu mandei para o Meyer [Nigri], qual o problema? O [ministro Luís Roberto] Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara]. Eu sempre fui um defensor do voto impresso”, afirmou Bolsonaro.
Meyer Nigri é o fundador da Tecnisa, e junto a Luciano Hang, da Havan, está sendo investigado por fazer parte de um grupo renomado de empresários que teria ajudado a espalhar fake news em junho do ano passado. Na mensagem encaminhada pelo ex-presidente, ele pede ao empresário que “repasse ao máximo”.
Com a evidência, a Polícia Federal decidiu intimar Bolsonaro ontem (22) para prestar depoimento sobre o caso. A data marcada para oitiva será no dia 31 deste mês, conforme noticiado.
Entretanto, o ex-mandatário também disse hoje (23) que não fazia parte do grupo dos empresários e que vai explicar à PF o caso: “Eu vou lá explicar”, afirmou à Folha.
Segundo o jornal, o ex-chefe do Executivo se recusou a falar sobre outros temas, como a questão das joias sauditas. Bolsonaro está acuado por várias frentes, e integrantes do PL já trabalham com a hipótese de ele ser alvo direto da PF, talvez até com pedido de prisão.
Ainda segundo a PF, o texto disparado por Bolsonaro foi parar nas redes sociais de aliados que, abertamente, pediram, meses depois, um golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com o G1.
O primeiro a replicar em rede social o texto foi o militar da reserva Ailton Barros, hoje preso por envolvimento na fraude de cartões de vacinação operada por Mauro Cid.
Barros chega a replicar a ordem para repasse em massa da fake news, e publica o texto enganoso 10 minutos após o disparo de Bolsonaro, afirma a mídia. Segundo as investigações já registraram, Barros escreveu a Cid apelando para que ele convencesse o ex-presidente a decretar a ação das Forças Armadas por um golpe.
O texto também foi encaminhado por um candidato ao Senado pelo PL do Amazonas, que não se elegeu, masque frequentava acampamento em frente ao quartel-general de Brasília. O cabo Gilberto Silva também disseminou a mensagem, relata a mídia. Ele é investigado por suposto apoio aos atos antidemocráticos do dia 8/1 deste ano.
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