Bolsonaristas ‘soltam a mão’ de Zambelli: “Cavou a própria cova”

Deputada Carla Zambelli está isolada

Foto: Wikipédia

Por Naian Lucas Lopes, Terra.

O PL tomou uma posição de não fazer grandes defesas em favor da deputada federal Carla Zambelli. A justificativa do partido é a necessidade de proteger Jair Bolsonaro, pois lideranças da sigla acreditam que a relação de Zambelli com o hacker Walter Delgatti Neto pode causar repercussões negativas ao ex-presidente.

Os apoiadores mais radicais de Bolsonaro já traçaram uma estratégia para atribuir toda a culpa do caso a Zambelli. A deputada também chegou a dizer publicamente nesta quarta-feira (2) que o capitão da reserva não teve nenhuma participação no episódio, e que ela deu dinheiro ao hacker devido às dificuldades financeiras enfrentadas por ele.

Oficialmente, o PL afirmará que Zambelli tem o direito de se defender, mas o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, ordenou que ninguém faça defesas exageradas em favor dela. Além disso, o partido não pretende fazer esforços para salvá-la de um possível processo de cassação.

Leia mais: Carla Zambelli é alvo de operação de busca e apreensão; PF prende hacker

Essa decisão de abandonar a parlamentar não ocorre por acaso. Bolsonaro nunca a perdoou pelo episódio ocorrido um dia antes do segundo turno das eleições do ano passado, quando a deputada, portando uma arma, correu atrás de um homem negro em São Paulo. O ex-presidente a responsabilizou pela derrota dele nas eleições.

Desde então, o relacionamento entre Bolsonaro e Zambelli nunca mais foi o mesmo. Ela chegou a fazer críticas públicas ao ex-presidente, o que o irritou ainda mais.

“Ela cavou a própria cova. Agora cada um precisa cuidar do seu”, disse um deputado bolsonarista à coluna.O PL agora irá monitorar as redes sociais para evitar que a imagem do hacker Walter Delgatti Neto seja associada a Bolsonaro. Enquanto isso, Carla Zambelli enfrenta sério risco de ser cassada em virtude dos acontecimentos envolvendo o caso.

Entenda o caso

·         Operação autorizada por Alexandre de Moraes, ministro do STF, busca informações sobre documentos falsos inseridos no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (CNJ).

·         Foram forjados alvarás de soltura e um mandado de prisão falso, incluindo o nome do próprio Moraes.

·         Walter Delgatti Neto, conhecido como “hacker da Vaza Jato”, foi preso em Araraquara, SP.

·         Ele já havia sido preso em 2019 por invasão do celular de autoridades e autorizado a responder em liberdade com restrições.

·         Delgatti é filiado ao DEM, mas foi expulso após sua prisão em 2019.

·         Ele também tem passagens anteriores pela polícia por tráfico de drogas, falsificação de documentos e uso indevido de cartão de crédito.

·         Relação entre Delgatti e a deputada Carla Zambelli foi citada em fevereiro deste ano, quando ele disse estar trabalhando para ela e cuidando de suas redes sociais.

·         Em junho, o MPF-DF pediu a prisão de Delgatti.

·         Zambelli levou Delgatti para reuniões com Bolsonaro e o presidente do PL.

·         Delgatti disse que Zambelli o financiava para cometer irregularidades, mas negou avanço em invasões a urnas eletrônicas.

·         Defesa de Delgatti confirmou a prisão, enquanto a de Zambelli negou irregularidades.

O caso continua sendo investigado pelas autoridades.

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