Fiz questão de traduzir ao português e legendar o vídeo acima por ver nele a repetição no Canadá de algo que presenciamos há pouco em nosso próprio país.
No intuito de encurralar o novo governo que o tinha derrotado nas urnas, os bolsonaristas tomaram o rumo das atividades de sabotagem, de terrorismo e, para culminar o processo, de golpe de Estado. Infelizmente para eles, tudo deu errado e o bolsonarismo se viu derrotado em todas as instâncias.
Porém, os incansáveis defensores dessa ideologia de extremíssima direita em nosso parlamento não se deram por vencidos, e continuaram buscando maneiras de reverter o curso da história. Uma das possibilidades que lhes pareceu apropriada foi usar as comissões parlamentares de inquérito para, através da habilidade de seus defensores naqueles espaços, livrar a cara de seus dirigentes das acusações fundamentadas e evidenciadas de serem eles os grandes responsáveis por toda a mazela, destruição e afrontas à Constituição que estavam sendo cometidas.
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Daí surgiu a ideia de convocar uma CPI para investigar o golpe de 8 de janeiro e outra para atazanar a vida daqueles que sempre foram vistos como inimigos viscerais dos principais patrocinadores do bolsonarismo na política: o MST. A brilhante ideia que movia os bolsonaristas era de, ao mesmo tempo que expunha as lideranças dos trabalhadores rurais ao escárnio, jogar nas costas dos atuais governantes a culpa pela baderna advinda da tentativa de golpe desfechada na primeira semana de posse das novas autoridades.
Mas, como diz a linguagem popular, “deu ruim”. Com as ganas de lacrar e execrar da política seus desafetos mais notórios, os parlamentares bolsonaristas decidiram convocar vários nomes para serem interpelados nas comissões e, com tal medida, garantirem aos interpeladores o êxito que eles almejavam. Só que, como dizia Mané Garrincha, faltou combinar com os russos.
O certo é que aqueles que foram intimados a comparecer para serem trucidados publicamente não se comportaram da maneira esperada por seus potenciais algozes. O resultado foi que os alvos a serem abatidos se transformaram em confirmadores dos crimes do bolsonarismo. E foi devido a isto que, de entusiastas promotores dessas CPIs, os parlamentares nazibolsonaristas passaram a envidar todos seus esforços para pôr fim as mesmas o mais rapidamente possível. Aquilo que serviria para consagrar a vitória de suas teses, na verdade, estava expondo de modo exemplar toda a podridão que tentavam ocultar.
Todo este preâmbulo foi feito para abrir caminho para os acontecimentos do Canadá. Lá, a questão girava em torno da guerra por procuração que a Ucrânia está travando com a Rússia.
Muito antes de iniciada a fase bélica do conflito envolvendo os países da OTAN e a Federação Russa em território ucraniano, já eram abundantes as evidências da forte presença de grupos nazistas nas estruturas militares e em todo o Estado ucranianos.
No entanto, toda vez que se fazia menção a tal situação, os dirigentes e os órgãos da mídia dos países otanistas rechaçavam de imediato as insinuações com a alegação de que aquilo não passava de falsidades espalhadas pelos meios de desinformação russos.
Foi preciso ocorrer uma patética cerimônia no parlamento de uma das principais forças deste bloco político militar para que o mundo deixasse de ter dúvidas de que associar as atuais movimentações anti-russas na Ucrânia com a presença e a retomada do nazismo não se tratava de nenhum disparate.
Ao abusar de sua esperteza com o objetivo de isolar, enfraquecer e, se possível, aniquilar do mapa a Rússia, os dirigentes políticos do Canadá acabaram por deixar claro para o mundo o quanto o nazismo está profundamente inserido na Ucrânia do momento e como as potências da OTAN estão compactuando com o nazismo em seu propósito de derrotar a potência que consideram o maior entrave para efetivar sua dominação total da região eurasiática.
No entanto, para corroborar sua acusação à Rússia de estar envolvido em práticas contrárias aos direitos humanos do povo da Ucrânia, os “bolsonaristas” do parlamento canadense decidiram homenagear alguém que simbolizaria a luta histórica deste povo para se livrar da eterna opressão russa. Para isso, levaram ao recinto, condecoraram e aplaudiram de pé um senhor de 98 anos chamado Yoroslav Kunka, o qual foi ovacionado efusivamente por todos os presentes, incluindo o Primeiro Ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o visitante ilustre do momento, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.
Tudo indicava que seria uma cerimônia de profundo humanismo e de luta pelos direitos humanos e afetaria seriamente a imagem da Rússia pelo mundo afora. O que não parecia ser coerente com o que se alegava era o fato de o grande homenageado não ser um eterno lutador pelos direitos humanos, mas, em realidade, um importante integrante ativo da brigada de extermínio do nazismo hitlerista conhecida como SS, a qual foi responsável pelo extermínio de milhões de seres humanos na Ucrânia. E havia abundantes provas de que Yaroslav Kunka participou das matanças. Ou seja, no desespero por encontrar formas de causar danos à Rússia, os “bolsonaristas” canadenses acabaram por dar um tiro no próprio pé.
Nos poucos minutos do vídeo já mencionado, esta história estará melhor relatada. Vale a pena ver e divulgar.
Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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