Por Manoella Back.*
A nova política blumenauense nada mais faz que a velha política. A nova política é composta por pessoas jovens, mas que continuam com seus traseiros presos em cadeiras de balanço e assistindo ao Domingão do Faustão. São jovens velhos que evitam sair de seus gabinetes. Ou até saem, mas daí a para fazer jus a velha política que nós não queremos. Ao menos eu – mulher, blumenauense e com deficiência – não quero. A nova política blumenauense e o Setembro Branco “Mês da Inclusão” não me representam. Porque não é de hoje que eu defendo a representatividade.
Daí vocês podem me perguntar:
– Mas o tal do Setembro Branco não é inclusivo?
Não mesmo! Pergunto-me onde estão os deficientes dentro dos debates, mesas redondas, falando sobre si, as possíveis formas de inclusão e o caralho a quatro. Temos, sim alguns PCDs* e a estes eu estendo um tapete vermelho.
Mas convém lembrar que uma boa parte dos organizadores do evento e nomezinhos inseridos nesta programação são pessoas sem deficiência que falam por nós e cagam regras sobre nossas vivências como se deficientes não tivessem subjetividades, complexidades ou que pudessem vir com “manual de instruções”. Aqui vale a máxima: nada sobre nós sem nós. Ou deveria valer. O “Setembro Branco” não passa da velha política “Hallo Blumenau” que gosta se exibir seus sorrisos, esses sim, brancos. Minha luta ainda é contra os estereótipos criados em cima das pessoas deficientes. E para lutar contra isso precisamos de representatividade. Um paradoxo, no fim das contas, já que tanto se cita o verbo incluir (talvez como bandeira para as próximas eleições) e nos invisibiliza no próprio “Mês da Inclusão”.
Daí vocês ainda vão reforçar:
– Mas tem, sim, representantes da classe na programação que reforça a ideia da inclusão e o que eu digo é “mimimi”, é exagero, bla,blá, blá…
Mas é estereótipo também acreditar que pessoas com deficiência só falam sobre deficiência. Sinto informar os desavisados, mas nós fazemos muitas coisas. Temos curso superior (UAU!), trabalhamos, dirigimos, brincamos com o pet ou cão guia, saímos a noite (UAU ao cubo!), optamos por criar filhos ou viver sós. É bizarro, para não dizer outra coisa, definir a vida com nossas deficiências.
A nova política é capacitista, machista (sim!) e hipócrita. A nova política não me representa. E seus representantes precisam, no mínimo, rever seus conceitos.
*Pessoa com Deficiência
saravá!