Bienal de São Paulo entra no boicote cultural a Israel

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Instituição que organiza o evento acatou o repúdio de 55 artistas de diversas nacionalidades; informação foi publicada pelo artista plástico, arquiteto e escritor libanês Tony Chakar

Por José Francisco Neto.

A Fundação Bienal de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (01/09) que não irá mais aceitar o apoio e financiamento de Israel à 31ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo, que terá sua abertura na próxima sexta-feira (6). A decisão foi tomada após um grupo formado por 55 artistas lançar uma carta de repúdio ao apoio israelense ao evento.

A informação foi publicada pelo artista plástico, arquiteto e escritor libanês Tony Chakar, o mesmo que divulgou em sua página oficial do Facebook o manifesto de repúdio na semana passada.

“A grande maioria dos artistas desse evento não apenas mostrou que tem agência ao demandar transparência referente ao financiamento de eventos culturais, mas também levantou a questão fundamental de como o financiamento pode comprometer e minar seu trabalho. Além disso, a luta por autodeterminação do povo palestino se reflete nos trabalhos de muitos artistas e participantes da Bienal, envolvidos com direitos humanos e lutas populares em escala global. A opressão de um é a opressão de todos”, diz trecho da carta lançada nesta segunda.

Henrique Sanchez, membro do Movimento Palestina para Tod@s (Mop@t), formado por ativistas da causa palestina que atua no Brasil desde 2008, avaliou que a desvinculação do apoio de Israel à Bienal foi uma importante vitória do movimento internacional de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) em relação à solidariedade ao povo palestino.

“Foi uma importante vitória no sentido de se contrapor à normalização cultural do Estado israelense e suas inúmeras violações do direito internacional. Abre também precedentes para a construção de amplas ações, iniciativas e campanhas de boicote cultural no Brasil”, diz.

Confira a íntegra da carta lançada ontem (01/09)

ARTISTAS DA BIENAL DE SÃO PAULO SE DISSOCIAM DO FINANCIAMENTO DE ISRAEL

Nós, a maioria dos artistas e participantes da 31ª Bienal de São Paulo, que nos opusemos a qualquer associação de nossos trabalhos com o financiamento do Estado de Israel, tivemos, hoje, nosso apelo ouvido pela Fundação Bienal de São Paulo. Há uma semana fomos confrontados com o fato de que o Estado de Israel figura como um dos financiadores da exposição como um todo, o que, para a maioria de nós, é inaceitável.

Após negociações coletivas, a Fundação Bienal de São Paulo se comprometeu a desassociar claramente o financiamento israelense do financiamento total da exposição. O logo do Consulado de Israel, que havia sido apresentado como patrocinador master do evento, agora será relacionado aos artistas israelenses que receberam aquele apoio financeiro específico. Essa transparência será aplicada a todos os financiamentos nacionais para artistas na Bienal.

Nós, artistas e participantes da 31ª Bienal de São Paulo, recusamos apoiar a normalização das ocupações conduzidas continuamente por Israel na Palestina. Acreditamos que o apoio cultural do Estado de Israel contribui diretamente para manter, defender e limpar suas violações de leis internacionais e direitos humanos.

Os artistas deste evento não apenas mostraram que têm organização ao demandar transparência referente ao financiamento de eventos culturais, mas também levantaram a questão fundamental de como o financiamento pode comprometer e minar a razão de existência de seus trabalhos.

A luta por autodeterminação do povo palestino se reflete nos trabalhos de muitos artistas e participantes da Bienal, envolvidos com direitos humanos e lutas populares em escala global. A opressão de um é a opressão de todos.

Foto:  Reprodução/Palestina

Fonte:  Brasil de Fato

2 COMENTÁRIOS

  1. Quero saber quando estes intelectuais vão se pronunciar referente á guerra civil na síria que já matou + de 200 mil pessoas e mais de 1 milhâo de desabrigados ou condenar todas as atrocidades no egito,iraque e rússia também ?

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