Agência O Globo.- A bala que matou a jornalista palestina Shireen Abu Akleh, de 51 anos, no mês passado , foi provavelmente disparada por um soldado israelense de elite, a partir de um comboio militar que estava próximo ao local em que ela foi atingida, aponta uma investigação do New York Times. Segundo o jornal, não havia palestinos armados nas proximidades do lugar em que a repórter da emissora al-Jazeera foi baleada, no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada.
A informação vai ao encontro da investigação conduzida pela al-Jazeera, que informou no fim de semana ter tido acesso às imagens da munição que atingiu a cabeça da jornalista e a matou. A bala, de calibre 5,56mm, é comumente usada em fuzis de fabricação estadunidense M4 — utilizado pelas forças de segurança de Israel.
Especialistas em balística consultados pela emissora afirmaram que os fuzis e as munições do tipo são usados pela maioria dos soldados israelenses. O ex-general jordaniano Fayez al-Dwairi disse à al-Jazeera que esse tipo de arma é utilizado quando o soldado quer atingir um “alvo definido”.
A investigação do NYT aponta que foram realizados 16 disparos em direção ao grupo de jornalistas no qual Abu Akleh se encontrava, embora o jornal não tenha encontrado evidências de que o autor dos tiros tenha reconhecido a jornalista ou notado que ela e os colegas usavam os coletes de proteção que indicavam que eram da imprensa.
Vídeos de testemunhas, jornais e câmeras de segurança foram utilizados pelo jornal para a reconstrução dos momentos que levaram ao assassinato. Segundo a investigação, havia ao menos dois grupos de soldados de Israel em Jenin. Nenhuma das análises de acústica de tiros e balística ligou combatentes palestinos ao tiroteio em que a repórter foi atingida.
A bala que atingiu a cabeça de Abu Akleh vai permanecer com a ANP, que administra parte da Cisjordânia, para uma investigação mais aprofundada do caso. O governo israelense pediu uma investigação conjunta e que a bala fosse examinada sob supervisão internacional. O pedido foi rejeitado pelos dirigentes palestinos, que afirmaram que não podem confiar em Israel nas investigações.