Ao assumir pela segunda vez a presidência do Chile, Michelle Bachelet se comprometeu a realizar a reforma educacional e a mudar a Constituição de Pinochet.
Depois de assumir pela segunda vez como presidenta do Chile, Michelle Bachelet fez seu primeiro discurso do Palácio La Moneda, onde se comprometeu a conseguir a reforma educacional e modificar a Constituição, redigida durante a ditadura de Augusto Pinochet. “O cumprimento do programa é nosso mandato cidadão e para isto voltei a ser presidenta”, afirmou.
“Sei em primeira mão o que a educação pública pode oferecer a uma pessoa. Eu sou filha da educação pública, e meu compromisso é que, no Chile, todos tenham essas mesmas oportunidades”, destacou em sua fala, depois de anos de sucessivos protestos estudantis, e continuou com outro eixo forte de sua campanha: “Sei em primeira mão o que é lutar por uma pátria livre, sem estruturas autoritárias, onde a maioria não seja vetada por uma minoria, e meu compromisso é que esta praça seja a Praça da Constituição, de uma Constituição nascida na democracia”.
Em seu primeiro discurso como presidenta, Bachelet argumentou que esses objetivos serão conquistados por meio do “diálogo com todas as forças políticas e sociais” com o “objetivo de avançar na realização do programa” e destacou:
“Acreditamos que pode haver um Chile diferente e muito mais justo. Quero que no dia em que eu volte a deixar esta casa, vocês sintam que suas vidas tenham mudado para melhor. Que o Chile não seja apenas uma lista de indicadores ou de estatísticas, mas um país melhor para se viver, uma sociedade melhor para toda sua gente”.
O ato que reuniu uma multidão nos arredores do Palácio La Moneda começou com a chegada dos militantes da Nueva Mayoría que, desde cedo, se posicionaram com suas bandeiras e cartazes para receber a presidenta que chegou de Valparaiso.
Ao meio-dia, a deputada Isabel Allende foi a encarregada de entregar a faixa presidencial a Bachelet, sucessora de Sebastián Piñera. Há quatro anos, o empresário assumia o mandato no mesmo lugar, em uma jornada alterada pelas réplicas do forte terremoto de 27 de fevereiro de 2010.
“Para nós, como Partido Socialista, tem um simbolismo enorme que uma mulher socialista, senadora, filha do presidente Salvador Allende, entregue a faixa presidencial a outra mulher socialista”, disse o senador Fulvio Rossi, depois de anunciar que Isabel Allende seria a primeira mulher a assumir a presidência do Senado chileno.
A congressista, com 24 anos de atividade parlamentar e prima da escritora homônima, liderará a maioria no Congresso do novo gabinete de Michelle Bachelet. “É preciso garantir apoio ao programa”, afirmou após destacar que “é uma tremenda honra e orgulho” ocupar a presidência do Senado. Quero fazer uma homenagem especial ao meu pai e a todos aqueles que entregaram suas vidas a ele”, disse ela com voz entrecortada em seu primeiro discurso.
Participaram da cerimônia 1.600 convidados registrados, o que marca um recorde de visitantes, divididos entre mandatários e mandatárias e autoridades diplomáticas, representantes de partidos políticos e convidados especiais. No dia que antecedeu sua posse, Bachelet recebeu 22 delegações. Depois, encontrou seus colegas do Peru e da Bolívia, enquanto a reunião prevista com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi suspensa por conta da ausência do bolivariano, que acabou não assistindo à cerimônia.
Camila Vallejo assume como deputada
A líder estudantil assumiu seu cargo de deputada do Partido Comunista, junto de outras lideranças de movimentos sociais que chegaram ao Congresso chileno depois dos protestos de 2011.
Vallejo, que deu apoio à presidenta Michelle Bachelet, anunciou que terá “um pé no governo e outro na rua”. Junto à jovem de 26 anos, também ocuparam lugares no Congresso os líderes estudantis Giorgio Jackson e Gabriel Boric, além do dirigente social Iván Fuentes.
Foto: Arquivo Carta Maior
Fonte: Carta Maior