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O grupo Aygam acaba de divulgar seu mais recente single, “Crocodilos”, com uma poderosa narrativa que transcende as fronteiras da música para explorar as nuances da vida urbana e da resistência negra, sobretudo na cidade de São Paulo. Combinando elementos do boombap, rock, r&b e funk melódico, além de características sonoras do dub jamaicano, o projeto é um desabafo que surge para fazer uma análise social imersa em sentimentos.
“Crocodilos” é uma música que nos posiciona e escancara para o mundo de qual lugar nós falamos, sobre o que acreditamos e as armas que utilizamos para chegar nesse momento de lançarmos nosso primeiro single. Nós temos plena consciência da importância política e da potência artística de nosso trabalho, sem medo de apontar e de bater de frente com nossos algozes. É sobre achar motivos para continuar acreditando no coletivo, na vida, mesmo que imersos em contexto de escassez, de miséria e do racismo que continua a nos matar simbólica e concretamente, que continua a colocar-nos contra nós mesmos. E, pra mim, o mais bonito é que independente de qualquer adversidade gerada por essa estrutura social genocida, a nossa música sempre será a nossa prioridade’, diz Gabu, vocalista, guitarrista e coordenador do projeto.
“Crocodilos”, já disponível em todas as plataformas digitais, serve como um precursor do próximo EP de Aygam, inspirado por artistas como Dr. Dre, Jimi Hendrix e Frank Ocean. Para esse lançamento, a banda mergulha profundamente na essência da capital paulista e oferece uma perspectiva dos contrastes e desigualdades que definem o cotidiano da vida urbana.
Na primeira parte da música, o eu-lírico desvenda paisagens enquanto reflete sobre os desafios enfrentados pela população marginalizada.
No segundo momento da canção, o verdadeiro significado do título da track é entregue: crocodilo surge como uma metáfora para aqueles que agem com astúcia e malícia, perpetuando sistemas predatórios que oprimem jovens negros. O refrão, “orixá quem guia e nos deixa fortes”, deixa uma mensagem de esperança e resistência, destacando o papel vital da espiritualidade na luta contra a adversidade.
Aygam também aborda a importância da autoestima e da compreensão dos contextos em que os artistas estão inseridos. “A música tem a intenção de transmitir uma mensagem de fortalecimento coletivo. A partir das experiências de acolhimento vividas nas pracinhas, no baile, na capoeira, no terreiro, temos ferramentas para se descolonizar e poder enxergar sem o filtro da branquitude”.
Registro é a trilha sonora indicada para quem gostra de ícones como Mestre Bimba, Planet Hemp, Nação Zumbi, Azula dos Palmares, Juçara Marçal, Boogarins, Oruã, Negro Leo, Liniker, Vandal, Cassiano, Luiz Melodia e Mateus Fazeno Rock.
“A Aygam é sobre fazer magia através do som! Nossa intenção é extrair a veracidade da essência de cada Eu & Eu envolvido e transformar isso na ideia mais chave e harmônica possível. Nós pedimos licença pra Orixá porque isso que fazemos é uma coisa muito séria… Palavra é poder! A gente sabe do peso de cada uma delas. A vibe é transmitir uma boa sensação, um acolhimento através do som, uma força pros dias de luta também. Compartilhar esse axé com quem nos escuta é imperativo. É bom que as pessoas saibam que não estão sozinhas perante as adversidades que nos desafiam, diariamente (quem vive do lado de cá da ponte sabe do que estou falando)”, finalizou Bruno, baixista e vocalista da banda.
Vale destacar que o registro foi viabilizado por meio do VAI 2023. Edital é uma iniciativa da Secretaria de Cultura de São Paulo para viabilizar o desenvolvimento cultural nas periferias da cidade.