Aviãozinho de Daniel Barata não é exceção: o escárnio das elites é diário

danielbarataPor Alceu Luís Castilho.

Daniel Barata não teve dúvida. Da janela do Copacabana Palace, o parente de Jacob Barata, o rei dos ônibus no Rio, soltou um aviãozinho em direção aos manifestantes. Feito com uma nota de R$ 20. Como se dissesse: “Vejam só, seus pobres. Nós podemos”. Outro participante da festa de casamento preferiu lançar um cinzeiro: feriu Ruan Martins, de 24 anos, morador do Complexo do Alemão.

Ao escárnio de Daniel Barata se somaria a tradicional dose de violência da polícia do Rio, em defesa sistemática das elites fluminenses. Bombas de gás lacrimogêneo, efeito moral etc.

A sociedade deve se indignar e tomar o caso Barata como emblemático. Mas não pode se esquecer de que o escárnio das elites brasileiras é diário.

Tomemos um exemplo na coluna de Mônica Bergamo, hoje, na Folha de S. Paulo. Primeiro ela conta que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), colocou uma aliança Cartier dentro da taça de champanhe da noiva. Mas são as duas notas seguintes que mostram como as oligarquias nordestinas (e o noivo de Beatriz Barata vem desse setor), perpetuadas no sistema político brasileiro, lidam com o dinheiro:

– Outro parlamentar do Rio Grande do Norte que está com casamento marcado é Felipe Maia (DEM-RN), filho do senador José Agripino Maia, presidente do DEM. Ele mandou fechar o resort Txai, na Bahia, para a festa. Seus convidados ficarão nos bangalôs e suítes do lugar, onde já se hospedaram, por exemplo, o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy e sua mulher, Carla Bruni.

Cada noite num bangalô do Txai sai por R$ 2.120, mais 15% de taxa de serviço. No apartamento mais simples, a diária é de R$ 1.140.

Serei objetivo. Aos protestos de rua deve se somar a iniciativa de uma espécie de Observatório do Escárnio. Uma crítica política ao exibicionismo das elites, neste país que naturaliza a desigualdade. Um monitoramento desse tapa na cara diário, dessa outra bomba de efeitos morais.

Não é à toa que o escárnio específico de Daniel Barata foi acompanhado de violência: a policial e a do atirador de cinzeiros. Todo o pacote diário de nossas oligarquias constitui uma violência. E é preciso reagir – politicamente. Com inteligência.

Fonte: Blog Outro Brasil.

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