O guará, uma ave típica de manguezais, retorna a Santa Catarina após um longo período de extinção local. A constatação é da equipe do Projeto Aves, da Univille, que desde novembro do ano passado monitora a espécie na Baía da Babitonga, litoral norte do Estado. O último registro oficialmente documentado em no Estado é de 1858, no litoral de Palhoça.
Segundo a bióloga Marta Cremer, um grupo com mais de 70 indivíduos reproduziu na região, em uma das ilhas do Saguaçu, entre dezembro de 2011 e abril de 2012. “Mesmo após o evento reprodutivo, os guarás se mantêm na região, o que indica que voltaram para ficar”, afirma a pesquisadora da Univille. “O registro da reprodução desta espécie na Baía da Babitonga demonstra a grande importância da região e de suas áreas de manguezal, reforçando a necessidade de medidas urgentes para a conservação de sua biodiversidade”, enfatiza.
Ameaçada de extinção no Paraná e em Santa Catarina, o guará esteve desaparecido por décadas, dizem os pesquisadores do Projeto Aves. Os últimos registros são históricos, dos séculos 18 e 19. Os relatos indicam que no passado o guará era considerado abundante e foi observado por diversos viajantes e exploradores, como James Henderson, que em 1820 relatou grandes revoadas da espécie colorindo os céus de vermelho na Baía da Babitonga.
“O guará sofreu um declínio populacional intenso em todo o Sudeste e Sul do Brasil, principalmente pela degradação do manguezal e pela caça descontrolada para a retirada das penas”, explica o pesquisador Alexandre Grose. As penas, de vermelho vivo, eram exportadas para a Europa e Estados Unidos para confecção de chapéus e outros adornos. O guará se alimenta principalmente de caranguejos, mas pode capturar peixes e invertebrados aquáticos.
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