Em função da pandemia, a renda do trabalho teve redução global de US$ 3,7 bilhões. A queda registrada no último ano e meio equivale a 4,4% do PIB mundial. Os dados foram lembrados na 109ª edição da Conferência Internacional do Trabalho, inaugurada na última quinta-feira (20). No Brasil, a situação é agravada por conta do aumento da informalidade. O setor de serviços, por exemplo, o mais atingido pela crise, registrou redução de 20% das vagas informais, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).
Além do avanço do desemprego, o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Junior, aponta como principais consequências a redução de renda e o aumento da pobreza. Com a capacidade de consumo reduzida, uma eventual retomada da economia fica ainda mais prejudicada.
“Temos hoje uma somatória de duas grandes crises. Uma que advém da própria pandemia. Do outro lado, uma crise do ponto de vista da seguridade do trabalho”, disse Fausto, em entrevista a Glauco Faria no Jornal Brasil Atual desta segunda-feira (24). Segundo ele, as promessas de que a precarização dos direitos trabalhistas resultaria em redução da informalidade não se confirmaram.
De volta ao passado
Essa agenda começou a ser implementada com a “reforma” trabalhista do governo Temer. E vem sendo aprofundada no governo Bolsonaro. Como resultado, desde 2016 as desigualdades sociais vêm se ampliando no Brasil. E as principais vítimas desse processo são os jovens. De acordo com o IBGE, um terço das pessoas com idade entre 18 e 24 anos estão desempregadas.
“Quando há uma quantidade grande de jovens que nem sequer conseguem ocupação, temos um desperdício de talento e de potencial que cobra muito caro. Além de estar desempregado, o tempo médio fora do mercado é muito longo, de mais de dois anos”, avaliou o diretor do Dieese. Nesse sentido, é necessário pensar novamente em políticas de qualificação que melhorem a inserção dos jovens no mercado, além de reverter o quadro de precarização dos direitos trabalhistas.