Autoridades negligenciam ameaças contra jornalistas no Brasil

20160729-jornalistasSindicatos de jornalistas e entidades de direitos humanos que atuam na defesa da liberdade de informação dizem que as autoridades públicas negligenciam as ameaças contra jornalistas e cobram ações rápidas e efetivas nas investigações desse tipo crime. Os crimes costumam ocorrer contra profissionais que investigam temas como corrupção e crime organizado.

No caso mais recente, o jornalista João Miranda do Carmo, de 54 anos, foi morto a tiros, no último domingo (24), em frente à sua casa, em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás. Ele era responsável pelo portal SAD Sem Censura e conhecido por produzir e publicar matérias com denúncias contra políticos, agentes públicos e o crime organizado.

Thiago Firbida, oficial do programa de proteção e segurança de liberdade de expressão da ONG Artigo 19, diz que os casos de assassinato de jornalistas normalmente são precedidos de ameaças e intimidações que, por conta da falta de ação do poder público, acabam se intensificando.

“O que a gente percebe é que, em geral, essas violações, quando não têm uma resposta, elas não só se repetem como também se intensificam. A gente vê que ameaças de morte acabam, infelizmente, se transformando em homicídio, um tempo depois”, afirma Thiago, em entrevista ao repórter Décio Caramigo, da Rádio Brasil Atual.

Segundo Thiago, dar publicidade às ameaças contribui para inibir a ação de criminosos, e a divulgação do crime pode ajudar na aceleração de processos judiciais e criminais e elucidação dos casos. Contudo, a resolução de muitos casos esbarra no poder político dos mandantes. “Em grande parte, são políticos, policiais, pessoas que têm poder político e econômico para interferir nas investigações e dificultar a resolução do caso. Nesse tipo de crime contra comunicadores, a impunidade ainda é o padrão.”

Segundo relatório preparado pela Artigo 19, em 2015, os índices de violência contra jornalistas, no Brasil, foram alarmantes, com seis comunicadores mortos, colocando o país em terceiro lugar no ranking de violência nas Américas, atrás apenas do México e Honduras.

A secretária de Comunicação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, Lilian Parise, afirma que os assassinatos contra jornalistas representam ataques não só contra a vida, mas contra a Constituição Federal e a democracia.

“Isso é a perfeita e brutal tradução da barbárie e da censura que ainda se impõe e se intensifica, no Brasil, nesses tempos de golpe político-jurídico-midiático. Tenta-se calar e censurar quem está apurando notícias e denunciando malfeitos”, diz Lilian.

Foto: Reprodução/SUL 21

Fonte: SUL 21

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