Autonomistas e estatistas: aliança urgente para recuperar o Equador. Entrevista exclusiva com Julio Peña e Lillo.E

A construção de uma contra-hegemonia, como nos lembra Gramsci, requer uma ampliação da ativação e mobilização das classes populares.

Foto: El Telégrafo

Redação

Contrariando as previsões da mídia hegemônica, que indicava a vitória do estadunidense e atual presidente do Equador, Daniel Noboa, para dar continuidade ao seu atual mandato, Luisa González, candidata da Revolução Cidadã, disputará com ele o segundo turno no mês de abril. As possibilidades de vitória de Luisa González se fortalecem caso os movimentos indígenas apoiem sua candidatura.

Sobre este momento decisivo de um país devastado pelo neoliberalismo, a corrupção, a violência e o narcotráfico, nosso jornalista e apresentador, Raul Fitipaldi, entrevistou Julio Peña, Mestre em Ciências Políticas pela FLACSO-Equador e Mestre em Gestão e Desenvolvimento de Turismo pela Universidade da Sorbona Paris-I*

Leia e compartilhe:

A guerra das pesquisas

R.F. A mídia mais importante do Equador e a maioria das empresas de pesquisa vaticinaram um triunfo de Daniel Noboa no primeiro turno. Mentiam ou teve uma mudança repentina na reta final da campanha que levou Luisa González ao segundo turno?

J.P.E. O Equador viveu nesta última eleição de 9 de fevereiro de 2025, uma clara guerra de pesquisas, onde, o partido de governo, Ação Democrática Nacional (ADN), utilizou claramente estudos enviesados, influenciados por seus interesses políticos.

O partido político do presidente Daniel Noboa (ADN) manifestou que ganhariam no primeiro turno. La Revolución Ciudadana, movimento político representado pela candidata Luisa González, sinalizado por sua parte que, tinha um sentimento muito positivo porque suas pesquisas indicavam uma clara possibilidade de passar ao segundo turno, com alguns pontos acima da ADN.

Esta guerra de pesquisas que vivemos nesta última eleição, forma parte da expansão da cultura de fake news, a qual não favorece à democracia. Os cidadãos tendem a acreditar em uma informação que não é verdadeira, e que é reproduzida por umas “cámaras de eco” (TV, Rádio, Imprensa, Redes Sociais), que fazem com que as pessoas só recebam informações que ratificam suas crenças, reduzindo toda possibilidade de conhecer ou diálogo com outras posturas e matizes políticos, indispensáveis ??para poder desenvolver uma reflexão e um debate crítico.

Ultimamente no Equador, 90% do espectro midiático (TV, Rádio, Imprensa, Rede Social), é privado, o que limita o pluralismo informativo, a diversidade de vozes e perspectivas políticas, convertendo a informação em um produto controlado pelas elites econômicas, que, no caso equatoriano, respaldou em sua prefeitura a candidatura de Noboa.

Quando a informação é tratada como um bem privado, moldável e à medida, gera desigualdades no acesso ao conhecimento. Dessa forma, os grupos de poder concentram e priorizam os espaços de exposição para os candidatos e políticos que defendem os interesses econômicos das grandes fortunas, por causa do direito à diversidade de posições e alternativas políticas.

Assim é como o governo de Noboa, além das pesquisas, contratou uma pesquisadora que deu a Vitória com 50,12%; sobre um suposto 42,21% de Luisa González.

Essas ferramentas, pesquisas e pesquisas de boca de urna, afetam e vulneram o direito dos cidadãos a serem bem informados, receber informações de qualidade, minando a confiança cidadã ao gerar um clima de angústia e incerteza sobre o que é real.

A falta de rigor na aplicação de mecanismos adequados de verificação e regulação de dados, debilita e afeta a legitimidade das instituições, dificultando os processos eleitorais que garantem a democracia. Na era da comunicação e da informação digital, os cidadãos em vez de terem mais confiança, com a intoxicação e as notícias falsas, aumentaram a sua incerteza e a sua falta de certezas.

Já com os dados da Comissão Nacional Eleitoral, temos um 1º turno em onde 2 candidatos de 16 (Luisa González da Revolução Cidadã e Daniel Noboa de ADN) acapararam praticamente os 90% da votação.

O presidente candidato Daniel Noboa, obteve uma vantagem nas províncias da região da serra, nas zonas montanhosas, onde se encontra a capital Quito, e Luisa González, ganhou nas províncias da costa, onde a insegurança e o abandono do Estado são um problema central.

Com 100% dos votos escrutados, Daniel Noboa obteve 44,15% dos votos, Luisa González obteve 43,98%, Leónidas Iza do Movimento Indígena 5,24% e Andrea González do partido político Sociedade Patriótica (de direita) 2,69%.

Para o segundo turno, todo o foco da atenção se concentrou em Leónidas Iza, candidato que resultou no terceiro lugar na votação, cujos eleitores podem resolver estar apertada diferença.

A força decisiva do movimento indígena

R.F. Luisa e Noboa podem prescindir do movimento indígena organizado para vencer o segundo turno? Qual o peso específico que o eleitorado dos povos originários tem?

JPE: O Movimento Indígena liderado por Leónidas Iza obteve os 5,24% de votos na no 1º turno, os quais serão determinantes para dar passo à possível próxima presidenta do Equador, Luisa González.

Numa recente entrevista efectuada pela Rádio Pichincha (13-02-25), o líder indígena sinalizou que: “Não é possível falar com a ADN (Acção Democrática Nacional)”. Que o diálogo com o partido do presidente Daniel Noboa não é uma opção, já que tanto Leónidas como o Movimento Indígena, se opõem à necropolítica – neoliberal desplegada por este e pelos últimos governos anteriores, que vulnera e afecta os sectores mais frágeis do país, especialmente as comunidades indígenas.

Leónidas Iza reiterou seu compromisso com uma agenda política centrada na justiça social, na defesa do meio ambiente e na melhor das condições de vida para os setores mais desfavorecidos, no entanto, afirmou que a decisão do movimento indígena frente ao segundo turno eleitoral será coletiva e não individual.

Para tomar uma decisão, deverá superar vários passos: a reunião com os asambleístas do movimento indígena; posteriormente com o conselho político; luego com o conselho ampliado da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE) -com todas as suas filiais-; e, finalmente, a reunião com todas as estruturas de Pachakutik (braço político do Movimento Indígena).

Luisa Gonzáles, candidata da Revolução Cidadã, governadora que trabalha para e pelo povo, sinalizou que exige a Unidade das Forças Progressistas e de esquerda, como condição indispensável para recuperar a dignidade e a justiça social no Equador.

O país enfrenta uma conjuntura política, que exige mais do que nunca, ao Correísmo e ao Movimento Indígena, deixar para trás suas diferenças, e atuar com a maturidade e a sensibilidade política necessária, para sair do cenário de indolência e abandonar a vida à que a direita neoliberal condenou o Equador nos últimos 8 anos, com os desgovernos de Moreno (2017 – 2021), Lasso (2021-2023) e Noboa (2023-2025).

Isso implica pela sua vez, registrando o economista e pensador crítico mexicano, Luis Arizmendi, superar as diferenças ontológicas, relacionadas com as visões que podem ser complementares, e que estão relacionadas com os processos de mudança social.

Por um lado, o movimento autônomo, inspirado em autores como Antonio Negri e John Holloway, que apoia a criação de espaços autogeridos, por fora do controle estatal e do capital, que busca uma transformação de baixo, a partir da organização social. Posição esta que está mais apegada às reivindicações do Movimento Indígena. E por outro lado, o movimento estatista de transformação, inspirado em autores como Nicolás Poulantzas, Gramsci, ou Álvaro García Linera, relacionado mais com as propostas da Revolução Cidadã, que considera o Estado como uma ferramenta para implementar transformações estruturais, a partir de uma maior democratização dos benefícios para as grandes maiorias.

Arizmendi, nos lembra que o capitalismo, em sua versão necropolítica – neoliberal, desenvolveu uma capacidade de absorção e reconfiguração das resistências. É por isso que nos plantamos a necessidade de apoiar uma postura política que seja capaz de superar esta dicotomia, reconhecendo a importância da organização autônoma, sem abandonar a disputa pelo poder estatal.

A partir de uma visão dialética, Arizmendi nos propõe uma síntese entre ambas as posturas, ressaltando que a emancipação social requer tanto a autonomia dos movimentos sociais, como uma estratégia política capaz de intervir nas estruturas do Estado, para  poder gerar mudanças em grande escala.

Creo que este é hoje máximo desafio destas duas forças políticas (Movimento Indígena e Revolução Cidadã), as mesmas que têm em suas mãos o destino do país.

As drogas e a destruição do Estado

R.F. O país está destruído pelo narcotráfico, pelo aumento incontenível do crime, pelo paramilitarismo e pela pobreza. Que mudanças poderia oferecer a vitória de Luisa González?

JPE. O desmantelamento do Estado em contextos de neoliberalismo, como o que viveu o Equador nos últimos 8 anos, com Moreno, Lasso e Noboa, teve efeitos devastadores em termos de aumento da violência, do crime e da pobreza.

O desmantelamento das instituições públicas encargadas de segurança, o bem-estar social e o desenvolvimento econômico afetou gravemente regiões do país – como a costa -, que se transformaram em lugares onde o Estado perdeu o controle, dando passo ao surgimento de atores não estatais, incluindo grupos criminosos que assumiram o desenvolvimento de economias informais, em áreas abandonadas por estes governos.

Entre os anos de 2018 e 2025, o Equador viveu uma crescente falta de investimentos em cidades intermediárias e pequenas, assim como em áreas rurais e em setores sociais chaves, como educação e saúde, deixando muitas regiões sem acesso a serviços básicos. Conforme o Estado foi retirado, o vazio de poder foi imediatamente ocupado por organizações criminosas como os cartéis das drogas.

Esses grupos se dedicaram ao financiamento do narcotráfico, à extorsão ou às chamadas “vacinas” (extorsões e sequestros – N.T.) aos pequenos e médios comerciantes (que no país representam 70% de nossa economia), utilizando práticas como o sequestro e o controle de territórios, criando um ambiente de violência e impunidade. Só no ano que passou, as mortes violentas alcançaram os 750 casos, convertendo o Equador em um dos países mais inseguros da região.

O Equador é hoje, um dos principais abastecedores de drogas na Europa, que chega em navios bananeiros (o presidente Noboa é o primeiro produtor de banana no Equador). Temos a corrupção nos níveis mais altos de governo, junto com a infiltração de cartéis nos portos e nas forças de segurança. O Estado, incapaz de brindar e garantir a segurança e a paz, contribuiu para fortalecer ainda mais esta situação, permitindo que esses atores não estatais se expandissem ao longo do território nacional.

A ausência de um Estado democrático e eficaz permitiu que o crime organizado se consolidasse e se diversificasse no controle de ruas e mercados ilegais. Por outro lado, a suposta militarização da luta contra o narcotráfico nos últimos anos (conhecida como o Plano Fénix), provocou um aumento da violência, com milhares de mortos e desaparecidos. O Equador vive hoje seu pior momento.

A necropolítica neoliberal dos últimos 8 anos resultou num aumento considerável da pobreza, da migração e da marginalização de vastos setores da população. As políticas de ajuste e redução do Estado atingiram diretamente os setores mais desfavorecidos, produzindo uma deterioração lamentável nas condições de vida de muitas comunidades, especialmente em cidades médias e pequenas da costa, que agora são um caldo de cultura para o recrutamento de jovens em atividades ilegais e no crescimento da violência.

A crescente incapacidade do Estado de oferecer segurança e bem-estar aos cidadãos tem um impacto direto na democracia e na confiança nas instituições públicas. Os resultados do 1ª primeiro turno revelaram um claro incremento no apoio a 2 forças políticas (Revolução Cidadã e Movimento Indígena) que têm uma perspectiva política completamente oposta ao governo atual.

O desmantelamento do Estado nos últimos 8 anos superou a capacidade do governo de garantir segurança e justiça, com consequências devastadoras para a estabilidade e o desenvolvimento do país.

Diante deste cenário macabro que vive atualmente o Equador, as mudanças que poderia oferecer uma vitória de Luisa González na aliança estratégica com Leónidas Iza e o Movimento Indígena, seriam de grande ajuda para a consolidação de um modelo de Estado Social ou de bem-estar, que permite reequilibrar o crescimento econômico com a expansão do bem-estar social para todos os setores do país.

Isso quer dizer, reativar a inversão pública que agora está pelos solos, em matéria de infraestrutura, educação, saúde e outros setores chaves que contribuem para manter a demanda de bens e serviços, inclusive, quando o setor privado está estaganado ou em contração.

Essas medidas podem gerar um efeito multiplicador, já que o dinheiro invertido pelo governo se “reverte” imediatamente na economia, através do incremento da produção, do emprego e do consumo.

Ao utilizar políticas fiscais contracíclicas (maior investimento público e aumento de impostos para as grandes fortunas), o Estado pode mitigar os efeitos das recessões, fomentando um crescimento mais sustentado. O fortalecimento do Estado contribuiu, por outro lado, para garantir que todos os cidadãos tenham acesso a serviços básicos como saúde, educação, habitação e segurança social, o que significa uma melhor qualidade de vida.

Se quisermos recuperar a paz no país, o Estado está obrigado a reativar e inverter com intensidade na educação e capacitação da força laboral, para fortalecer as capacidades do talento humano, permitindo uma reinserção no mercado laboral, melhorando a competitividade e a produtividade do país em nível nacional e global.

Repotencializar e fortalecer o sistema de saúde pública, contribuir para que a população tenha uma vida mais saludável e produtiva, melhorando o bem-estar dos cidadãos, ao mesmo tempo que reduz os custos sociais decorrentes de doenças crônicas e problemas de saúde que podem ser evitados.

De igual forma, a construção de infraestruturas (como transporte, energia, tecnologia e comunicações), contribui para reduzir os custos de produção e facilitar o comércio e a inversão, diminuindo as tensões sociais, favorecendo a estabilidade política, facilitando a construção de uma sociedade mais coesa, menos fragmentada e violenta.

A herança possível do governo de Rafael Correa

R.F. Há propostas aplicadas com sucesso no governo de Rafael Correa que podem ser resgatadas de forma útil por González na coyuntura equatoriana?

JPE: O governo de Rafael Correa esteve no poder desde 2007 até 2017. Nesse período de tempo, o Equador viveu o processo histórico de maior desenvolvimento em todos os campos (econômico e social), desde o retorno à democracia em 1978.

O governo da Revolução Cidadã implementou, em 10 anos, diversas políticas e estratégias que contribuíram para a recuperação econômica e para a redução da pobreza, as mesmas que podem ser retomadas agora, com a chegada de um governo progressista, impulsionado por Luisa Gonzáleze Leónidas Iza.

Entre as principais políticas temos, um forte investimento em infraestrutura, como a construção de estradas, hospitais, centros de saúde, escolas, colégios, universidades, ao longo de todo o território nacional. Isso não só facilitou o comércio e o acesso a serviços básicos, mas melhorou também a qualidade de vida dos cidadãos.

Implementaram-se programas de bolsas para permitir que os estratos mais baixos da sociedade tivessem acesso a uma educação de qualidade, tanto no Equador quanto no estrangeiro. A educação foi priorizada como pilar fundamental para o desenvolvimento. Para que a cobertura educativa fosse incrementada, passando de 2% do PIB anual para 5% anual, ele contribuiu para fortalecer a qualidade e a cobertura do sistema educativo.

Foram implementadas políticas de inclusão dirigidas a grupos vulneráveis, como mulheres, indígenas e afroequatorianos, para reduzir as brechas históricas de desigualdade e promover uma maior inclusão social.

Em matéria económica foram adotadas políticas que favoreceram o crescimento, como a auditoria da dívida externa. Andrés Arauz (2017), ex-ministro e atual secretário da Revolução Cidadã, sinalizou que a renegociação da dívida permitiu liberar recursos para programas sociais e de infraestrutura.

De igual forma, a nova Constituição de 2008 permitiu a nacionalização dos setores estratégicos (Água, Luz, Eletricidade, Petróleo, Gás, etc.), a instalação de uma cultura tributária progressiva (quem mais tem mais porta), e a abertura da inversão estrangeira em áreas estratégicas em projetos como: as 7 hidrelétricas, a construção da represa Coca Codo Sinclair (um dos maiores do país) e no desenvolvimento das telecomunicações.

Entre as principais conquistas do governo de Correa, tivemos uma importante redução da pobreza. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (INEC), a pobreza multidimensional diminuiu significativamente durante este período, passando de 37% em 2007 para 17% em 2017, praticamente 20 pontos na redução da pobreza.

Um dos programas mais destacados neste campo foi a proposta do Bom Desenvolvimento Humano, que proporcionou assistência econômica às famílias em situação de vulnerabilidade, proporcionando transferências econômicas para combater a pobreza. Segundo dados da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), o Equador experimentou um crescimento médio de 4% ao ano, durante a maior parte do mandato de Correa, permitindo uma redução significativa da pobreza (CEPAL, 2016).

Todas essas medidas permitiram ao governo manter uma importante estabilidade econômica, gerando confiança entre os investidores nacionais (em 10 anos o PIB triplicou, o crescimento mais importante foi maior no setor não petrolífero) e estrangeiros. Todas estas medidas, mais outras acopladas às necessidades de nossos tempos, poderão ser retomadas se ganhar as eleições Luisa González.

Frente à necropolítica neoliberal de ajuste (dos últimos 8 anos), em que foram abandonadas às grandes maiorias, açoitadas pelo desemprego, pela pobreza e pela violência; a aposta progresista está encaminhada a alavancar a economia privada da mão de um forte investimento público, neste modelo o público e o privado se complementam.

A unidade urgente e necessária

R.F. Finalmente, pode-se esperar uma união de todos os setores democráticos contra um segundo mandato de extrema direita de Noboa?

JPE: Em uma entrevista recente na Rádio Pichincha (13-02-25), Leónidas Iza, manifestou que ante a atual conjuntura política do país, não cabe reviver a postura que manteve o Movimento Indígena, de apoiar o “nulo ideológico” (ou a abstenção), como ocorreu nas duas eleições anteriores, onde a Revolução Cidadã enfrentou os candidatos neoliberais, dado que esta ação política contribuiu para o triunfo, tanto do banqueiro Guillermo Lasso (2021-2023), como posteriormente do bananeiro Daniel Noboa 2023-2025), os dois, com resultados nefastos para o Equador.

Por sua parte, o atual Secretário da Revolução Cidadã, Andrés Arauz, em uma entrevista de 14 de fevereiro no Ingo.ec, sinalizou que nesta hora as forças políticas -de esquerda progressista-, o Movimento Indígena e a Revolução Cidadã, entendem que se trata de um momento histórico, sumamente delicado, onde se deve antecipar o bem-estar do país, onde deve primar a unidade, como a única forma possível de destruir a catástrofe no Equador.

Neste momento, sinalizou o Secretário, é onde deveria prevalecer a consciência histórica, sobre tudo porque as posturas conservadoras de direita, através dos meios –de destruição masiva- (TV, Rádio, Prensa, Redes Sociais), vão optar por boicotear e minar toda a possibilidade de uma aliança virtuosa e necessária entre as ezquerdas.

Adiantou também, que está trabalhando em um documento programático, que permite encontrar os acordos mínimos para poder levar a cabo um programa comum, com agendas prioritárias encaminhadas para fortalecer a economia e a política social.

Para as esquerdas, a mensagem é clara. Equador já não aguenta mais. É tempo de priorizar a sensibilidade e a maturidade política. É hora de recuperar a importante estratégia da Unidade na Diversidade. Num país como o Equador, onde há múltiplas expressões da esquerda (indígenas, socialistas, feministas, etc.), torna-se indispensável, como nos sugerem Laclau e Mouffe, construir uma identidade coletiva, uma aliança que permita unir forças e recursos para fazer frente às adversidades políticas.

Somente uma aliança entre Autonomistas e Estatistas pode operar agora como resistência frente à vertigem do capitalismo selvagem, que golpeia e fulmina os setores mais vulneráveis ??da sociedade.

A construção de uma contra-hegemonia, como nos lembra Gramsci, requer uma ampliação da ativação e mobilização das classes populares. Equador, ainda mais do que nunca reivindica os atores políticos responsáveis ??e comprometidos com a transformação do país, uma coalizão de forças de esquerda que permita articular as demandas sociais e econômicas com as quais se tornou possível contrarrestar a necropolítica-neoliberal atualmente no poder.

Frente ao racismo, ao patriarcado e à desigualdade econômica, o Equador exige uma nova narrativa comum e inovadora, que articule as lutas e as demandas dos diferentes setores, como combustível para mobilizar toda a sociedade que já não pode mais com esta realidade. A aliança entre os esquerdistas pode contribuir para ampliar o debate público, contrariando as tendências autoritárias que buscam silenciar o pluralismo e as alternativas não neoliberais.

Em um contexto neoliberal, onde se priorizam os interesses econômicos sobre os direitos sociais, cabe registrar a Amartya Sen, quando destaca a necessidade de proteger os direitos básicos e a dignidade das pessoas, quando sinaliza que isso só pode dar certo, a partir de uma aliança de esquerdas que permita defender e promover os direitos humanos, tão denostados em nossos tempos.

Só uma coalizão unida de esquerdas tem mais possibilidades de influenciar a formulação de políticas públicas que atendem às necessidades dos setores mais vulneráveis, propondo um modelo econômico alternativo, que priorize e anteponha o bem social e ambiental acima do lucro individual. É tempo de fortalecer a economia popular e solidária, com a geração de empregos dignos.

No Equador, não cabe dúvida de que o Movimento Indígena tem sido historicamente um ator chave na resistência ao neoliberalismo. Uma aliança entre essas duas forças políticas oferece uma oportunidade histórica para recuperar a esperança e a possibilidade de construir um futuro mais justo e inclusivo para o Equador. Esperemos que esta vez não se escape esta possibilidade das mãos. Outro Equador, mais justo e solidário, é possível.

Julio Peña é Mestre em Ciências Políticas pela FLACSO-Equador e Mestre em Gestão e Desenvolvimento de Turismo pela Universidade da Sorbona Paris-I. Foi Presidente do Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina CIESPAL e Diretor do Seminário Permanente de Pensamento Crítico Bolívar Echeverría. Entre suas últimas publicações destacam-se: Aluguel tecnológico e desvalorização qualitativa da vida na obra de Bolívar Echeverría. La Modernidad Perdida, estudos de Homenaje a Bolívar Echeverría (Espanha). El Estado en Disputa, frente à contraofensiva neoliberal na América Latina (Equador). “América Latina e o Socialismo do Século XXI” (Equador), “Comunicação e Revolução Cidadã: política agonística frente à comunicação niilista”, Equador Revolução Cidadã e Bom Viver (Espanha), Bolívar Echeverría, transcendência e impacto para a América Latina no século XXI, com L. Arizmendi e E. Piñeiro (Equador) e Regime de bem-estar no Equador, um desafio de construção, com Gemma Ubasart.

Arte de capa, tradução e revisão: Tali Feld Gleiser com Redação.


Versión en español

Contrariamente a los pronósticos de los medios hegemónicos, que indicaban la victoria del estadounidense y actual presidente de Ecuador, Daniel Noboa, para continuar su actual mandato, Luisa González, candidata de Revolución Ciudadana, competirá con él en la segunda vuelta en abril.

Las posibilidades de victoria de Luisa González se fortalecen si los movimientos indígenas apoyan su candidatura.  Sobre este momento decisivo en un país devastado por el neoliberalismo, la corrupción, la violencia y el narcotráfico, nuestro periodista y presentador, Raúl Fitipaldi, entrevistó a Julio Peña, Magíster en Ciencias Políticas de FLACSO-Ecuador y Magíster en Gestión y Desarrollo Turístico de la Universidad Sorbona París-I* 

Autonomistas y Estatistas: alianza urgente para recuperar Ecuador

La guerra de las encuestas

R.F. Los medios más importantes de Ecuador y la mayoría de las encuestadoras vaticinaban un triunfo de Daniel Noboa en la primera vuelta. ¿Mentían o hubo un cambio repentino en la recta final de la campaña que llevó a Luisa González a la segunda ronda?

JPE: Ecuador vivió en esta última elección del 9 de febrero 2025, una clara guerra de encuestas, en dónde, el partido de gobierno, Acción Democrática Nacional (ADN), utilizó claramente estudios sesgados, influenciado por sus intereses políticos.

El partido político del presidente Daniel Noboa (ADN), manifestó que ganarían en primera vuelta. La Revolución Ciudadana, movimiento político representado por la candidata Luisa Gonzáles, señaló por su parte que, estaban muy positivos porque sus encuestas arrojaban una clara posibilidad de pasar a segunda vuelta, con ciertos puntos por encima de ADN.

Esta guerra de encuestas que vivimos en esta última elección, forma parte de la expansión de la cultura de fake news, la cual le hace un flaco favor a la democracia. Los ciudadanos tienden a creer en una información que no es fehaciente, y que es reproducida por unas “cámaras de eco” (TV, Radio, Prensa, Redes Sociales), que hacen que la gente sólo reciba información que ratifica sus creencias, reduciendo toda posibilidad de conocer o dialogar con otras posturas y matices políticos, indispensables para poder desarrollar una reflexión y un debate crítico.

Lastimosamente en Ecuador, el 90% del espectro mediático (TV, Radio, Prensa, Rede Sociales), es privado, lo cual limita el pluralismo informativo, la diversidad de voces y perspectivas políticas, convirtiendo a la información en un producto controlado por elites económicas, que, en el caso ecuatoriano, respaldan en su mayoría la candidatura de Noboa.

Cuando la información es tratada como un bien privado, moldeable y a la medida, se generan desigualdades en el acceso al conocimiento. De esta manera, los grupos de poder concentran y priorizan los espacios de exposición para los candidatos y políticos que defienden los intereses económicos de las grandes fortunas, por sobre el derecho a la diversidad de posiciones y alternativas políticas.

Así fue como el gobierno de Noboa, a más de las encuestas, contrató un exit poll que le daba la victoria con un 50,12%; sobre un supuesto 42,21% de Luisa González.

Estas herramientas, encuestas y exit poll, afectaron y vulneraron el derecho de los ciudadanos a estar bien informados, a recibir información de calidad, minando la confianza ciudadana al generarse un clima de angustia e incertidumbre sobre lo que es real.

La falta de rigor en la aplicación de mecanismos adecuados de verificación y regulación de datos, debilita y afecta la legitimidad de las instituciones, entorpeciendo los procesos electorales que garantizan la democracia. En la era de la comunicación y la información digital, los ciudadanos en lugar de tener más confianza, con la infoxicación y las fake news, incrementan su incertidumbre y su falta de certezas.

Quedó claro en esta primera vuelta, que la información fue manipulada –al gusto-, y utilizada para desinformar con la intensión de inclinar la balanza a favor de un candidato que antepone sus intereses personales, por sobre el bienestar general.

Ya con los datos del CNE desagregados por catones, tenemos una 1era. vuelta en donde 2 candidatos de 16 (Luisa Gonzáles de la Revolución Ciudadana y Daniel Noboa de ADN) acapararon prácticamente el 90% de la votación.

El presidente candidato Daniel Noboa, obtuvo una ventaja en las provincias de la región sierra, en las zonas montañosas, en donde se encuentra la capital Quito, y Luisa González, ganó en las provincias de la costa, donde la inseguridad y el abandono del Estado son un problema central.

Con el 100% de las actas escrutadas, Daniel Noboa tiene 44.15% de los votos, Luisa Gonzáles el 43,98.%, Leónidas Iza del Movimiento Indígena 5.24% y Andrea Gonzáles del partido político Sociedad Patriótica (de derecha) 2.69%.

Para la segunda vuelta, todo el foco de la atención se concentra en Leónidas Iza, candidato que resultó tercero en la votación, cuyos electores pueden resolver está cerrada diferencia.

La fuerza decisiva del movimiento indígena

R.F. ¿Luisa y Noboa pueden prescindir del movimiento indígena organizado para vencer la segunda vuelta? ¿Qué peso específico tiene el electorado de los pueblos originarios?

JPE: El Movimiento Indígena liderado por Leónidas Iza obtuvo el 5.24% de votos en la 1era vuelta, los cuales serán dirimentes para dar paso a la posible próxima Presidenta del Ecuador, Luisa Gonzáles.

En una reciente entrevista efectuada por Radio Pichincha (13-02-25), el líder indígena señaló que: “No es posible hablar con ADN (Acción Democrática Nacional)”. Que el diálogo con el partido del presidente Daniel Noboa no es una opción, ya que tanto Leónidas como el Movimiento Indígena, se oponen a la necropolítica – neoliberal desplegada por este y los últimos dos gobiernos anteriores, puesto que vulneran y afectan a los sectores más frágiles del país, especialmente a las comunidades indígenas.

Leónidas Iza reiteró su compromiso con una agenda política centrada en la justicia social, la defensa del medio ambiente y la mejora de las condiciones de vida para los sectores más desfavorecidos, sin embargo, aclaró que la decisión del movimiento indígena frente a la segunda vuelta electoral será colectiva y no individual.

Para tomar una resolución, deberán superar varios pasos: la reunión con los asambleístas del movimiento indígena; posteriormente con el consejo político; luego con el consejo ampliado de la Confederación de Nacionalidades Indígenas del Ecuador (CONAIE) -con todas sus filiales-; y finalmente, la asamblea con todas las estructuras de Pachakutik (brazo político del Movimiento Indígena).

Para Luisa Gonzáles, candidata de la Revolución Ciudadana, gobernar es trabajar para y por el pueblo, ha señalado que se requiere la Unidad de las fuerzas progresistas y de izquierda, como condición indispensable para recuperar la dignidad y la justicia social en Ecuador.

El país enfrenta una coyuntura política, que exige hoy más que nunca al Correísmo y al Movimiento Indígena, dejar atrás sus diferencias, y actuar con la madurez y la sensibilidad política necesaria, para salir del escenario de indolencia y abandono al que la derecha neoliberal ha condenado al Ecuador en estos últimos 8 años, con los desgobiernos de Moreno (2017 – 2021), Lasso (2021- 2023) y Noboa (2023-2025).

Esto implica a su vez, recordando al economista y pensador crítico mexicano, Luis Arizmendi, superar las diferencias ontológicas, relacionadas con dos visiones que pueden ser complementarias, y que están relacionadas con los procesos de cambio social.

Por un lado, el movimiento autonomista, inspirado en autores como Antonio Negri y John Holloway, que apuestan por la creación de espacios auto-gestionados, por fuera del control Estatal y del capital, que buscan una transformación desde abajo, a partir de la organización social, posición que está más apegada a las reivindicaciones del Movimiento Indígena, y por otro lado, el movimiento estatista de transformación, inspirado en autores como Nicolás Poulantzas, Gramsci, o Álvaro García Linera, relacionado más con las propuestas de la Revolución Ciudadana, que consideran al Estado como una herramienta clave para implementar transformaciones estructurales, a partir de una mayor democratización de los beneficios para las grandes mayorías.

Arizmendi, nos recuerda que el capitalismo, en su versión necropolítica – neoliberal, ha desarrollado una capacidad de absorción y reconfiguración de las resistencias. Es por ello que nos plantea la necesidad de afianzar una postura política que sea capaz de superar esta dicotomía, reconociendo la importancia de la organización autónoma, sin abandonar la disputa por el poder Estatal.

Desde una visión dialéctica, Arizmendi nos propone una síntesis entre ambas posturas, resaltando que la emancipación social requiere tanto de la autonomía de los movimientos sociales, como de una estrategia política capaz de intervenir en las estructuras del Estado, para poder generar cambios a gran escala.

Creo que este es hoy por hoy, el máximo reto de estas dos fuerzas políticas (Movimiento Indígena y Revolución ciudadana), las mismas que tienen en sus manos el destino del país.

Las drogas y la destrucción del Estado

R.F. El país está destruido por el narcotráfico, el aumento incontenible del crimen, el paramilitarismo y la pobreza. ¿Qué cambios podría ofrecer una victoria de Luisa González?

JPE: El desmantelamiento del Estado en contextos de neoliberalismo como el que ha vivido Ecuador en los últimos 8 años, con Moreno, Lasso y Noboa, ha tenido efectos devastadores en términos de incremento de la violencia, el crimen, y la pobreza.

El desmantelamiento de las instituciones públicas encargadas de la seguridad, el bienestar social y el desarrollo económico, afectó gravemente a regiones del país –como la costa-, que se han convertido en lugares en donde el Estado perdió el control, dando paso al surgimiento de actores no estatales, incluidos grupos criminales que asumieron el despliegue de economías informales, en áreas abandonadas por estos gobiernos.

Entre los años 2018 y 2025, Ecuador ha vivido una creciente falta de inversiones en ciudades intermedias y pequeñas, así como en áreas rurales y en sectores sociales clave, como la educación y la salud, dejando a muchas regiones sin acceso a servicios básicos. Conforme el Estado se ha ido retirando, el vacío de poder ha sido inmediatamente ocupado por organizaciones criminales como los carteles de la droga.

Estos grupos se han dedicado a afianzar el narcotráfico, la extorsión o las llamadas “vacunas” a los pequeños y medianos comerciantes (que en el país representan el 70% de nuestra economía), utilizando prácticas como el secuestro y control de territorios, creando un ambiente de violencia e impunidad. Sólo en lo que va del año, las muertes violentas alcanzaron los 750 casos, convirtiendo a Ecuador en uno de los países más inseguros de la región.

Ecuador es en nuestros días, uno de los principales abastecedores de droga en Europa, que llega en barcos de banano (el presidente Noboa es el primer productor de banano en Ecuador). Así tenemos la corrupción en los niveles más altos de gobierno, junto a la infiltración de carteles en los puertos y en las fuerzas de seguridad. El Estado, incapaz de brindar y asegurar la seguridad y la paz, ha contribuido a empeorar aún más esta situación, permitiendo que estos actores no estatales se expandan a lo largo del territorio nacional.

La ausencia de un Estado democrático y eficaz, ha permitido que el crimen organizado se consolide y diversifique en el control de rutas y mercados ilegales. Por otro lado, la supuesta militarización de la lucha contra el narcotráfico en los últimos años (conocida como el Plan Fénix), ha provocado una escalada de la violencia, con miles de muertos y desaparecidos. Ecuador vive hoy su peor momento.

La necropolítica – neoliberal de los últimos 8 años, ha dejado como resultado, un aumento considerable de la pobreza, la migración y la marginalización de vastos sectores de la población. Las políticas de ajuste y reducción del Estado golpearon directamente a los sectores más desfavorecidos, produciendo un lamentable deterioro en las condiciones de vida de muchas comunidades, especialmente en ciudades intermedias y pequeñas de la costa, que ahora son un caldo de cultivo para el reclutamiento de jóvenes en actividades ilegales y en el crecimiento de la violencia.

La creciente incapacidad del Estado para ofrecer seguridad y bienestar a los ciudadanos, tiene un impacto directo en la democracia y en la confianza en las instituciones públicas. Los resultados de esta 1era. vuelta revelan un claro incremento en el apoyo a 2 fuerzas políticas (Revolución Ciudadana y Movimiento Indígena) que tienen una perspectiva política completamente opuesta a la del gobierno de turno.

El desmantelamiento del Estado en estos últimos 8 años, desbordó su capacidad para garantizar seguridad y justicia, con consecuencias devastadoras para la estabilidad y el desarrollo del país.

Frente a este macabro escenario que vive actualmente Ecuador, los cambios que podría ofrecer una victoria de Luisa González en alianza estratégica con Leónidas Iza y el Movimiento Indígena, es una gran apuesta por la consolidación de un modelo de Estado Social o de bienestar, que permite reequilibrar el crecimiento económico con la expansión del bienestar social para todos los sectores del país.

Esto quiere decir, reactivar la inversión pública que ahora está por los suelos, en materia de infraestructura, educación, salud y otros sectores clave que contribuyen a mantener la demanda de bienes y servicios, incluso, cuando el sector privado está estancado o en contracción.

Estas medidas pueden generar un efecto multiplicador, ya que el dinero invertido por el gobierno se “revierte” inmediatamente en la economía, a través del incremento de la producción, del empleo y del consumo.

Al utilizar políticas fiscales contra-cíclicas (mayor inversión pública e incremento de impuestos a las grandes fortunas), el Estado puede mitigar los efectos de las recesiones, fomentando un crecimiento más sostenido. El fortalecimiento del Estado contribuye a su vez, a garantizar que todos los ciudadanos tengan acceso a servicios básicos como salud, educación, vivienda y seguridad social, es decir, a una mejor calidad de vida.

Si queremos recuperar la paz en el país, el Estado está obligado a reactivar e invertir con fuerza en educación y capacitación de la fuerza laboral, para fortalecer las capacidades del talento humano, permitiendo una reinserción en el mercado laboral, mejorando la competitividad y la productividad del país a nivel nacional y global.

Repotenciar y fortalecer el sistema de salud público, contribuye a que la población goce de una vida más saludable y productiva, mejorando el bienestar de los ciudadanos, al mismo tiempo que reduce los costos sociales derivados de enfermedades crónicas y problemas de salud que pueden ser prevenidos.

De igual manera, la construcción de infraestructuras (como transporte, energía, tecnología y comunicaciones), contribuye a reducir los costos de producción y a facilitar el comercio y la inversión, disminuyendo las tensiones sociales, favoreciendo la estabilidad política, facilitando la construcción de una sociedad más cohesionada, menos fragmentada y violenta.

La herencia posible del gobierno de Rafael Correa

R.F. ¿Hay propuestas aplicadas con éxito en el gobierno de Rafael Correa que puedan ser rescatadas de forma útil por González en la coyuntura ecuatoriana?

JPE: El gobierno de Rafael Correa estuvo en el poder desde 2007 hasta 2017. En ese período de tiempo, Ecuador vivió el proceso histórico de mayor desarrollo en todos los campos (económico y social), desde el retorno a la democracia en 1978.

El gobierno de la Revolución Ciudadana implementó en 10 años, varias políticas y estrategias que contribuyeron a la recuperación económica y a la reducción de la pobreza, las mismas que pueden ser retomadas ahora, con la llegada de un gobierno progresista, impulsado por Luisa Gonzáles y Leónidas Iza.

Entre las principales políticas tenemos, una fuerte inversión en infraestructura, como la construcción de carreteras, hospitales, centro de salud, escuelas, colegios, universidades, a lo largo y ancho de todo el territorio nacional. Esto no solo facilitó el comercio y el acceso a servicios básicos, sino que mejoró a su vez, la calidad de vida de los ciudadanos.

Se implementaron programas de becas para permitir a los quintiles más bajos de la sociedad, acceder a educación de calidad, tanto en Ecuador, como en el extranjero. Se priorizó la educación como pilar fundamental para el desarrollo. Para ello se incrementó la cobertura educativa, pasando del 2% del PIB anual, al 5% anual, lo cual contribuyó a fortalecer la calidad y la cobertura del sistema educativo.

Se implementaron políticas de inclusión dirigidas a grupos vulnerables, como mujeres, indígenas y afroecuatorianos, para reducir las brechas históricas de desigualdad y promover una mayor inclusión social.

En materia económica se adoptaron políticas que favorecieron el crecimiento, como la auditoría de la deuda externa. Andrés Arauz (2017), exministro y actual secretario de la Revolución Ciudadana, señaló que la renegociación de la deuda permitió liberar recursos para destinarlos a programas sociales y de infraestructura.

De igual forma, la nueva Constitución del 2008, permitió la nacionalización de los sectores estratégicos (Agua, Luz, Electricidad, Petróleo, Gas, etc.), la instauración de una cultura tributaria progresiva (más tiene más aporta), y la apertura de la inversión extranjera en áreas estratégicas en proyectos como: las 7 hidroeléctricas, la construcción de la represa Coca Codo Sinclair (una de las más grandes del país) y el desarrollo de las telecomunicaciones.

Entre los principales logros del gobierno de Correa, tuvimos una importante reducción de la pobreza. Según datos del Instituto Nacional de Estadística y Censos (INEC), la pobreza multidimensional se redujo significativamente durante este período, pasamos del 37% en 2007 al 17% en 2017, prácticamente 20 puntos en reducción de pobreza.

Uno de los programas más destacados en este campo fue la propuesta del Bono de Desarrollo Humano, que proporcionó asistencia económica a las familias en situación de vulnerabilidad, proporcionándoles transferencias económicas para combatir la pobreza. Según datos de la CEPAL (Comisión Económica para América Latina y el Caribe), Ecuador experimentó un crecimiento promedio del 4% anual, durante la mayor parte del mandato de Correa, permitiendo una reducción significativa de la pobreza (CEPAL, 2016).

Todas estas medidas le permitieron al gobierno mantener una importante estabilidad económica, generando confianza entre los inversionistas nacionales (en 10 años se triplicó el PIB, el crecimiento más importante se dio en el sector no petrolero) y extranjeros. Todas estas medidas, más otras acopladas a las necesidades de nuestros tiempos, podrán ser retomadas de ganar las elecciones Luisa Gonzáles.

Frente a la necropolítica neoliberal de ajuste (de los últimos 8 años), que ha dejado en el abandono a las grandes mayorías, azotadas por el desempleo, la pobreza y la violencia; la apuesta progresista está encaminada a apuntalar la economía privada de la mano de una fuerte inversión pública, en este modelo lo público y lo privado se complementan.

La unidad urgente y necesaria

R.F. Finalmente, ¿puede esperarse una unión de todos los sectores democráticos contra un segundo mandato de extrema derecha de Noboa?

JPE: En una reciente entrevista en Radio Pichincha (13-02-25), Leónidas Iza manifestó que ante la actual coyuntura política del país, no cabe revivir la postura que mantuvo el Movimiento Indígena, de apoyar el “nulo ideológico” (o la abstención), como ocurrió en los dos balotajes anteriores, en donde la Revolución Ciudadana enfrentaba a candidatos neoliberales, puesto que esta acción política contribuyó al triunfo, tanto del banquero Guillermo Lasso (2021-2023), como posteriormente del bananero Daniel Noboa 2023-2025), los dos, con resultados nefastos para el Ecuador.

Por su parte, el actual Secretario de la Revolución Ciudadana, Andrés Arauz en una entrevista del 14 de febrero en Ingo.ec, señaló que en este momento las dos fuerzas políticas -de izquierda progresista-, Movimiento Indígena y la Revolución Ciudadana, entienden que se trata de un momento histórico, sumamente delicado, en donde se debe anteponer el bienestar del país, en donde debe primar la unidad, como única forma posible para sacar de la catástrofe al Ecuador.

Es un momento, señaló el Secretario, en donde debe prevalecer la conciencia histórica, sobre todo porque las posturas conservadoras de derecha, a través de los medios –de destrucción masiva- (TV, Radio, Prensa, Redes Sociales), van a optar por boicotear y minar toda posibilidad de una alianza virtuosa y necesaria entre las izquierdas.

Adelantó también, que ya se está trabajando en un documento programático, que permite encontrar los acuerdos mínimos para poder llevar a cabo un programa común, con agendas prioritarias encaminadas a fortalecer la economía y la política social.

Para las izquierdas, el mensaje es claro. Ecuador ya no aguanta más. Es tiempo de anteponer la sensibilidad y la madurez política. Es tiempo de desempolvar la importante estrategia de la Unidad en la Diversidad. En un país como Ecuador, donde hay múltiples expresiones de la izquierda (indígenas, socialistas, feministas, etc.), se torna indispensable, como nos sugieren Laclau y Mouffe, construir una identidad colectiva, una alianza que permita unir fuerzas y recursos para hacer frente a las adversidades políticas.

Solo una alianza entre Autonomistas y Estatistas, puede operar ahora como resistencia frente a la vorágine del capitalismo salvaje, que golpea y fulmina a los sectores más vulnerables de la sociedad.

La construcción de una contrahegemonía, como nos recuerda Gramsci, requiere una amplia activación y movilización de las clases populares. Ecuador, hoy más que nunca reclama a los actores políticos responsables y comprometidos con la transformación del país, una coalición de fuerzas de izquierda que permita articular las demandas sociales y económicas con las cuales se haga posible contrarrestar la necropolítica-neoliberal actualmente en el poder.

Frente al racismo, el patriarcado y la desigualdad económica, Ecuador requiere una nueva narrativa común e innovadora, que articule las luchas y demandas de los diferentes sectores, como combustible para movilizar a toda la ciudadanía que ya no puede más con esta realidad. La alianza entre las izquierdas puede contribuir a su vez, a amplificar el debate público, contrarrestando las tendencias autoritarias que buscan acallar al pluralismo y a las alternativas no neoliberales.

En un contexto neoliberal, donde se priorizan los intereses económicos sobre los derechos sociales, cabe recordar a Amartya Sen, cuando destaca la necesidad de proteger los derechos básicos y la dignidad de las personas, cuando señala que esto solo puede darse, a partir de una alianza de izquierdas que permita defender y promover los derechos humanos, tan denostados en nuestros tiempos.

Sólo una coalición unida de izquierdas tiene más posibilidades de influir en la formulación de políticas públicas que aborden las necesidades de los sectores más vulnerables, proponiendo un modelo económico alternativo, que priorice y anteponga el bienestar social y ambiental por encima del lucro individual. Es tiempo de fortalecer la economía popular y solidaria, con la generación de empleos dignos.

En Ecuador no cabe duda de que el Movimiento Indígena ha sido históricamente un actor clave en la resistencia al neoliberalismo. Una alianza entre estas dos fuerzas políticas ofrece una oportunidad histórica para recuperar la Esperanza y la posibilidad de construir un futuro más justo e inclusivo para Ecuador. Esperemos que esta vez no se nos escape la posibilidad de las manos. Otro Ecuador, más justo y solidario, sí es posible.

 

#Desacato18Anos        #PátriaGrande

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.