Da redação/ MM.- A Comissão de Seguridade Social e Família realizará audiência pública quinta-feira (26) com a presença de especialistas para debater os benefícios e malefícios do uso da maconha para a saúde. Foram convidados para o debate o professor adjunto do Departamento de Fisiologia da UnB Renato Malcher Lopes; o escritor e pesquisador Gideon dos Lakotas; a psicóloga clínica especialista em saúde mental Marisa Lobo; e o deputado estadual de São Paulo coronel Edson Ferrarini. O debate já havia sido marcado para o mês passado, mas foi adiado.
O deputado Ferrarini é também psicólogo, advogado e coronel da reserva da Polícia Militar. O professor Malcher Lopes é mestre em biologia molecular e doutor em neurociências, além de coautor do livro “Maconha, Cérebro e Saúde”. A audiência foi requerida pelos deputados Roberto de Lucena (PV-SP), Eleuses Paiva (PSD-SP) e Paulo Rubem Santiago (PDT-PE).
Lucena justifica a necessidade do debate pelo fato de a descriminalização do uso da maconha no Brasil no últimos anos ter passado a ser discutida abertamente por diversos segmentos da sociedade. Estudantes, acadêmicos, profissionais da área da saúde, da área da segurança e até mesmo políticos romperam o silêncio e defenderam publicamente a descriminalização do uso da maconha, lembra ele, utilizando argumentos diversos, entre os quais os benefícios da erva para a saúde.
Roberto de Lucena disse ainda acreditar que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir passeatas pela descriminalização da maconha incrementou ainda mais os debates. “Especialistas em prevenção de dependência química passaram a ser, com mais frequência, indagados sobre os possíveis benefícios que o entorpecente pode oferecer para a população. As repostas quanto a este quesito têm sido divergentes o que nos leva a uma grande preocupação”, afirma.
“Problemas pulmonares e mentais”
O deputado citou uma resposta dada ao Portal SRZD pelo diretor científico da Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas, Jorge Jaber, sobre os benefícios do uso medicinal da erva. “A liberação da maconha vai trazer um problema de saúde pública para o Brasil. A nossa rede de saúde não esta preparada para atender os casos. O uso medicinal da maconha pode ser feito em compridos, por exemplo. Fumar não faz bem aos pulmões vai causar mais problemas pulmonares e também ocasionar alguns problemas mentais, como surtos psicóticos e outras síndromes”, ressaltou Jaber, levantando ainda a possibilidade de a maconha afetar a memória recente.
“Substância segura”
Em contrapartida, Lucena citou uma entrevista do neurocientista e farmacologista Daniele Piomelli, considerado uma autoridade quando o assunto é maconha, em que afirmou que a erva é uma das substâncias mais seguras que existem e defendeu o seu uso medicinal em especial no tratamento de pacientes de doenças graves, como câncer e Aids. “Seria imoral, antiético e desumano não fornecer esse alívio para pessoas que estão sofrendo, por motivos que vão além da medicina e que a ciência não fundamenta. Como você vai dizer para alguém com câncer terminal que ele não pode fumar maconha para aliviar sua dor?”, questionou Daniele, segundo o deputado.
A audiência pública será realizada às 9h30 no Plenário 7.