Pelo menos cinco cidades do país vão sediar neste domingo (17) atos reivindicando paz, eleições justas e justiça pelo guarda municipal , sindicalista e dirigente petista Marcelo Arruda.
Arruda foi assassinado a tiros durante sua festa de aniversário no último sábado (9), pelo bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, um policial federal penitenciário. Ele comemorava seus 50 anos em Foz do Iguaçu (PR) com uma festa temática “Lula 2022”.
Em Foz do Iguaçu, será realizado um ato às 10h, na Praça da Paz, e terá patrulhamento reforçado. Também às 10h acontecem atos em Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. Em Osasco (SP), será às 11h. Confira horários e locais dos atos no final da matéria.
No sábado (16), já houve atos em Maceió e Londrina (PR).
A mobilização está sendo organizada pelo Movimento Brasil Popular, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Levante Popular da Juventude, o Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), partidos como o PT, o PCdoB, o PSOL e o PSB, centrais sindicais, grupos religiosos, entre outros movimentos.
“O ato é em defesa da paz principalmente, neste momento difícil que nós estamos passando, principalmente no estado do Paraná”, explica Regina Cruz, da Frente Brasil Popular e uma das organizadoras da manifestação em Foz do Iguaçu. “Já tivemos um atentado contra a caravana do ex-presidente Lula, também com tiro, mas dessa vez, infelizmente, foi fatal”, complementou ela.
Segundo Antônio Funari Filho, presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, um dos organizadores do ato na capital paulista, “a gente só vai recuperar a dignidade e o que foi destruído nos últimos anos se houver uma grande mobilização”.
Escalada de violência
Segundo o Observatório da Violência Política e Eleitoral, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), entre 1º de abril e 30 de junho deste ano, houve 101 casos de violência contra lideranças político-institucionais no país, com 24 homicídios. Em comparação com o primeiro trimestre de 2020, quando aconteceram as eleições municipais, houve um aumento de 17,4%.
Em meio a essa escalada de violência, militantes de esquerda denunciaram uma ameaça do deputado estadual fluminense Rodrigo Amorim (PTB) a um ato no Rio de Janeiro no sábado (16). Uma semana depois do assassinato de arruda, Amorim, que é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (PL), teria impedido uma caminhada de apoio ao pré-candidato ao governo do Rio Marcelo Freixo (PSB), que é deputado federal.
A pré-candidata a deputada estadual Elika Takimoto (PT) afirmou no Twitter que “Rodrigo Amorim veio para cima de uma atividade pacífica com Freixo no Rio”. “Xingaram, ameaçaram e fizeram questão de mostrar que estavam armados”, descreveu.
Rodrigo Amorim declarou, também no Twitter, que estava em na praça Saens Peña pois havia marcado um encontro com apoiadores. Segundo ele, militantes da esquerda começaram a lhe ofender e ofender o presidente Bolsonaro. Ele disse ter respondido no mesmo tom.
O deputado ficou nacionalmente conhecido por quebrar uma placa com o nome de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018, durante sua campanha para uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio realizada, também, em 2018.
No último dia 7, também Rio, uma bomba caseira foi atirada durante um ato no qual esteve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato a presidente e líder em pesquisas de intenção de voto. Ninguém ficou ferido na ocasião.
Sem deixar as ruas
Daiane Araújo, militante do Levante Popular da Juventude e diretora de Mulheres da União Nacional dos Estudantes, lamentou essa banalização da violência, promovida pelo discurso e pelas práticas do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Esses acontecimentos chegam pra nós de forma muito dolorida, mas é muito triste que ele não nos choca socialmente. Pelo contexto de violência em que a gente vem sendo inserido nos últimos acontecimentos, mas sobretudo pela cara do governo que vem conduzindo”, lamenta.
Ela lembrou os milhares de mortos da pandemia, a violência cotidiana contra jovens negros nas periferias e o sofrimento causado pela fome e a miséria — todos, de alguma forma, resultados de políticas do atual governo.
“É essa violência que vai sendo colocada e naturalizada que leva à morte de dois sujeitos. Ela se constitui inclusive de uma forma meio desumanizada, a gente perde essa consciência de se colocar enquanto sujeitos”, afirmou.
Thiago Duarte Gonçalves, do Movimento Brasil Popular, lembrou que o ato marca o sétimo dia do assassinato de Marcelo Arruda e ressaltou a importância de não deixar “passar batido” esse crime. “A delegada acabou de caracterizar como um assassinato que não é político, não tem crime político. É uma decisão claramente enviesada, a gente sabe que o bolsonarismo está dentro das polícias. A antiga delegada já tinha sido afastada justamente porque tinha manifestações públicas contra o PT”, criticou, cobrando que o Ministério Público atua para reenquadrar o caso como crime político.
Ele lembrou que o Brasil viveu décadas de polarização política e eleitoral entre PT e PSDB sem que esse tipo de violência acontecesse. “Esse tipo de assassinato, de violência, de intimidação deixa as pessoas preocupadas, receosas que haja um banho de sangue. A nossa ideia é que, ao mesmo tempo que a gente precisa se preocupar com a segurança, a gente não pode se intimidar, porque é tudo que eles querem, deixar as ruas vazias para eles darem um golpe e não aceitarem o resultado das eleições.”
Confira onde vão acontecer atos:
Foz do Iguaçu (PR)
Domingo (17), às 10h – ato com movimentos, amigos e familiares de Marcelo Arruda na Praça da Paz.
Curitiba (PR)
Domingo (17), às 10h – ato na Praça Tiradentes, em frente à Catedral.
São Paulo (SP)
Domingo (17), às 10h – ato “Justiça para Marcelo Arruda. Chega de violência política” em frente ao Masp.
Osasco (SP)
Domingo (17), às 10h – ato na Capelinha do Helena Maria.
Porto Alegre (RS)
Domingo (17), às 11h – ato no Brique da Redenção – Parque Farroupilha
Edição: Lucas Weber