Ator de “Os Miseráveis” teme censura de Bolsonaro: “Não vão nos proibir no Brasil, vão?”

Longa francês fala sobre racismo em uma periferia de Paris e foi indicado ao Oscar como melhor filme internacional

Imagem: Reprodução

Indicado ao Oscar deste ano como melhor filme internacional, o longa ” Os Miseráveis”, de Ladj Ly, fala sobre racismo, desigualdade social e violência policial em Montfermeil, periferia de Paris. Um dos atores do filme, Almamy Kanouté, comentou sobre as semelhanças, mesmo que em menor grau, com o contexto das periferias brasileiras e revelou certo temor sobre o lançamento da obra no país.

“Não vão nos proibir no Brasil, vão?”, questinou Kanouté, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Se der para publicar só após voltarmos [à França], seria bom”, continuou o corroteirista e ator do longa, Alexis Manenti, em tom de brincadeira.

Os dois atores também comentaram sobre não saber como os brasileiros vão reagir ao filme. “Eu me pergunto se não vão achar meio risível, porque o Brasil tem os mesmos problemas, mas em escala muito maior. Pelo que ouvimos na França, essas questões são ainda mais graves aqui”, diz Manenti.

“Na França, as mortes por policiais acontecem porque os métodos de interpelação são mal dominados. No Brasil de hoje, muitas vezes quando vão à favela é para matar”, complementou Kanouté.

“Os Miseráveis” tem como referência o livro homônimo de Victor Hugo, mas difere do clássico em muitos pontos e, portanto, não é uma adaptação do romance. Segundo Manenti, a ligação entre as obras é que falam sobre desvalidos franceses.

“A França precisava desse filme para lembrar que a obra de Hugo já apontava o dedo para as consequências de uma situação de miséria e a importância de que as pessoas se organizem para não continuar a se submeter a isso”, complementa Kanouté.

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