Estava acabando o dia 17 de abril, o vigésimo quinto dia de incursões dos aviões da maquinaria de guerra mais poderosa que a história já havia parido, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Esse fatídica noite, depois de 24 dias consecutivos de bombardeios sobre a base aérea de Batajnica – onde seguramente não ficava pedra sobre pedra – os falcões negros voltaram para completar a façanha de terra arrasada e, uma vez mais, algum ‘erro de cálculo’ propiciou que um foguete atingisse a linda cabecinha da menina de três anos.
Um monumento à memória de todos eles ocupa um lugar central no popular parque Tasmajdan desta capital, precisamente na área onde quotidianamente, desde tempos remotos, as crianças se reúnem para brincar enquanto seus pais os observam sentados nos bancos, enquanto leem um livro.
A homenagem de recordação foi realizada por iniciativa do jornal Vecernje Novosti em 2000 e consiste em uma placa de mármore em forma de borboleta, em cujas asas está escrita a legenda ‘Éramos apenas crianças’, em sérvio e inglês, e no centro uma estátua de bronze da menina com uma pequena boneca em suas mãos.
Não obstante seu simbolismo, mãos nunca identificadas violaram o lugar e arrancaram a figura de metal em 2001, mas as autoridades decidiram recontruir uma nova exatamente igual que a original, 14 anos depois do ato de vandalismo, em 2015, e registrá-la como monumento cultural.
No povoado de Batajnica, uma rua leva o nome da pequena e um fresco com sua imagem em representação das demais vítimas se encontra em uma igreja de um monastério, com a inscrição ‘Mártires pela OTAN. Milica menina’.
Paradoxalmente, a operação de ‘bombardeio humanitário’, que acabou com a vida dela, de outras 78 crianças e talvez entre 2.500 a quatro mil civis, foi realizada com o nome codificado de ‘Anjo Misericordioso’.