Nos últimos meses, um programa de rádio ligado aos movimentos sociais começou a ser divulgado na internet, principalmente via Facebook. É o Central Autônoma, criado após as manifestações de junho. Naquele momento de protestos e lutas diversas que tomaram as ruas, ativistas populares de São Paulo perceberam que precisavam construir sua própria comunicação. Se dependessem dos grandes meios, não teriam suas vozes ouvidas. “O programa Central Autônoma surgiu através do amigo jornalista e colaborador da rádio Central3, Paulo Silva Junior, logo após a manifestação do dia 13 de junho”, conta o radialista Xico Malta, referindo-se ao ato em que vários manifestantes e jornalistas foram violentamente agredidos ou detidos pela polícia. Um deles, o fotógrafo Sergio Silva, ficou cego do olho esquerdo após ser atingido por uma bala de borracha. Neste mesmo dia, editoriais dos jornais empresariais exigiram a repressão; 24 horas depois, e com alguns repórteres feridos, os mesmos jornais mudaram completamente de direção, lavaram suas mãos sujas de sangue e passaram a tentar pautar o movimento. / Por Gabriel Brito, especial para o BoletimNPC / Continue lendo
“A Central Autônoma surgiu dessa ideia de ter um veículo que entrevistasse movimentos que desenvolvessem ações não reportadas pela grande mídia. O objetivo era dar ao movimento um canal de comunicação, aproximar as lutas, divulgar o que vem sendo feito social e politicamente no cotidiano do país”, explica Danilo Mandioca, ativista social sempre presente nas lutas do MPL.
Com a diversificação de temas abordados em variadas manifestações, espalhadas por todo o país, o programa tornou-se um boletim semanal dos movimentos sociais. Assim, passou a buscar as vozes de ativistas e movimentos que, na verdade, estavam em ação há muito tempo, a fim de tratar com tais atores dos temas políticos que têm esquentado o debate, como a barbárie militar e a falta de acessos efetivos ao exercício da democracia. “Acredito que canais como esse, de mídia alternativa, comprometida e independente, sejam fundamentais pra guerrilha de informação, uma forma de criar contrapontos ao discurso hegemônico da mídia corporativa”, afirma Danilo.
Com esse objetivo, são realizadas entrevistas semanais, divulgadas às sextas-feiras, com movimentos que não pertencem apenas ao eixo Rio-São Paulo. Um dos programas, por exemplo, apresentou uma entrevista com Emanuel Cancella, presidente do Sindipetro-RJ. Ele falou sobre o que significou o leilão do Campo de Libra para o povo brasileiro e a soberania do país.
Clique aqui para conhecer a página do programa no site da Central 3.
Clique aqui para conhecer a página do programa no Facebook.
Fonte: Núcleo Piratininga.