Ativistas da “Flytilla” contam como entraram em Israel apesar de proibição

Ao contrário da maioria dos ativistas pró-Palestina que integraram a “Flytilla”, apelido dada a uma campanha internacional cujo objetivo era levar cerca de mil pessoas à Belém neste domingo (15/04), a espanhola Mayte Santamaría e a italiana Rossana Plattone, conseguiram romper as barreiras do aeroporto israelense de Ben Gurion, em Tel Aviv.

No dia, das mil pessoas que deveriam chegar à cidade, na Cisjordânia, somente 30 conseguiram entrar. Isso porque a maioria ou não pôde embarcar nos vôos que saíram da Europa, ou foi deportada ao desembarcar em Israel. Os manifestantes estrangeiros e organizações internacionais condenaram a reação israelense. Até parte da imprensa local acusou as autoridades de “histeria” diante de pacifistas inofensivos.

De acordo com Santamaría e Plattone, houve momentos de muita apreensão antes da entrada no país. “Não sofri nada em comparação com os outros que foram levados para a prisão, mas me interrogaram durante duas horas. Perguntaram se eu era universitária, minha idade, quanto tinha de dinheiro. Foram bastante agressivos com as perguntas em todos os momentos”, conta a espanhola ao Opera Mundi.

Plattone disse que a experiência toda foi “muito desagradável”. Segundo ela, em Roma, funcionários da companhia aérea Alitalia afirmaram ao grupo de dez pessoas que iam viajar que somente quatro poderiam embarcar. “Isso é ilegal, por que não se pode negar o embarque dos passageiros se todos estavam calmos e eram pacíficos. Não se pode permitir que cancelem os vôos por motivos políticos. Vamos pedir à companhia que devolva o dinheiro. É indecente”, desabafou a italiana.

Logo após desembarcar no aeroporto internacional de Tel Aviv, os quatro que restaram e outras duas pessoas foram interrogadas. “Perguntaram-nos porque estávamos ali e dissemos que íamos à Belém para um programa internacional de educação junto à comunidade palestina. Eu tenho muitos carimbos de Israel no passaporte, então quiseram saber o que estive fazendo no país e porque havia entrado em Gaza. Acho que no final me deixaram entrar por conta de minha idade avançada”, relata Plattone, que tem 80 anos.

Uma vez em Israel, as duas ativistas participaram de atividades ligadas à causa palestina. Santamaría relata a visita a Hebron, cidade da Cisjordânia sob ocupação de Israel. “Sou do País Basco e estou habituada a situações de controle de identidade, mas o que acontece nesse país é muito forte. Estamos sempre controlados, tanto mental quanto fisicamente.”

Nesta terça-feira, as ativistas visitaram Jerusalém, aonde iria ocorrer um protesto. “Em Jerusalém, é possível ser assentamentos de colonos no bairro de Silwan. Tudo isso me impressionou profundamente. Pensava que estava acostumada a esse tipo de coisa, mas me surpreendi negativamente”, conclui a espanhola.

Fonte: Ópera Mundi.

Foto: Polícia israelense no aeroporto Ben Gurion. Ido Erez.

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