Entrevista concedida por Laura Capriglione, jornalista do sítio Jornalistas Livres, durante o 5º Encontro Nacional dos Blogueiros e Ativistas Digitais, em Belo Horizonte, entre 20 e 22 de maio de 2016.
Por Rosangela Bion de Assis, para Desacato.info.
Rosangela Bion de Assis: Até que ponto o ativismo digital pode nos ajudar nestes tempos de golpe?
Laura Capriglione: Ativismo digital é uma expressão da liberdade de manifestação. Toda a grande mídia está hoje unificada em torno do discurso golpista, todos estão unificados na narrativa que visa criminalizar os movimentos sociais, os partidos de esquerda e todos os movimentos libertários.
O ativismo digital permite fazer a contra narrativa, porque muita gente não aceita mais engolir as mentiras que os canais da mídia tradicional veiculam. Não é importante só para combater o impeachment da presidente Dilma, mas para todas as lutas. Em São Paulo, durante a luta dos secundaristas, o Alckmin queria convencer a população que os estudantes eram baderneiros, maconheiros e estavam vandalizando as escolas. Todos a emissoras e canais compraram essa narrativa. Os meninos assumiram, junto com os jornalistas livres, a tarefa de contar o que de fato estava acontecendo. Os garotos fizeram vídeos e narrativas mostrando que eles estavam, na verdade cuidando das escolas, pintando, desentupindo canos, limpando, transformando as escolas em espaços de educação e aprendizado, com atividades culturais que nunca tinham acontecido antes. Isso desmontou a narrativa da mídia que queria destruir o movimento e ele foi vitorioso.
O midiativismos é hoje uma dimensão básica da democracia, a tendência de toda mídia é concentrar a informação num só discurso e o midiativismo veio garantir a pluralidade.
R. B. de A. : As coberturas jornalísticas realizadas através das redes sociais; textos, mensagens, vídeos, e fotos divulgados pelos celulares, esse novos formatos e técnicas não significam uma nova etapa do jornalismo, com novas possibilidades de comunicação?
L. C.: Não tenho dúvida, faço uma distinção clara entre midiativismo e jornalismo. Midiativismo é como respirar, é uma reação natural quando você vê o morador de rua apanhando da polícia, e pega o celular para filmar. Todos querem ser testemunhas do seu tempo, mas o jornalista tem técnicas pra fazer isso. Ele vai ver a mesma cena, mas vai tentar entrevistar o polícial, contar quando, onde e ouvir as pessoas que também viram a agressão, permitindo inclusive que a sociedade inclusive se defenda deste abuso.
O jornalista está se apropriando de algumas técnicas dos midiativistas para enriquecer a sua narrativa sem deixar de lado o acuro e cuidado técnico que o jornalismo exige e cobra dos profissionais. Cada vez, você vai encontrar menos jornalismo nas grandes empresas, e mais nos coletivos e grupos de jornalismo que querem manter a boa narrativa, a essência do jeito cidadão de contar uma história.
Estou vendo que o jornalismo vai evoluir muito no próximo período. Estamos aprendendo a mexer em redes, coisa que eu não imaginava, estou completando 30 anos de jornalismo esse ano. A gente escrevia um texto, publicava e acabou sua responsabilidade ali. Hoje temos que pensar como essa informação via chegar nos rincões do país; como instrumentalizar as pessoas para que elas façam narrativas que tenham verossimilhança.
Uma das coisas mais importantes que estamos assistindo no Brasil são as documentações sobre violência policial. Nos Estados Unidos a violência da polícia branca contra cidadãos negros motivou a elaboração de cartilhas que explicam como documentar essas violências de maneira que possa ajudar a punir os responsáveis, por organizações de direitos humanos. Não basta filmar a agressão, tem que filmar o número da viatura, o endereço do local, é melhor não editar ou cortar a filmagem. Nós temos a obrigação de ensinar isso para os coletivos da periferia do Brasil.
Aquele trabalho que a gente fazia antes era muito autoral, eu me preocupava com o meu texto, a minha foto. Hoje é muito mais generoso, eu tenho que fazer o melhor trabalho, ver como ele vai chegar lá longe, tenho que, na medida do possível, formar gente para fazer esse trabalho nas suas comunidades. É um trabalho mais amplo, mas também a gente é muito mais dono do nosso trabalho, na medida em que dominamos todas as etapas da produção.
Eu trabalho no pedro segundo, e alunos maconheiros , e nao , ocuparam colegio do rio de janeiro para quebrar e nao consertar nada ,faziam sexo dentro do colegio ,sem contar que nao deixavam outros alunos assisti as aulas, desrespeitavam professores e funcionarios.