Na quarta-feira (21), no município de Virgem da Lapa (MG), atingidos pela Usina Hidrelétrica Irapé realizaram uma manifestação para cobrar pautas históricas do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) na região do Vale do Jequitinhonha. O protesto ocorreu durante ato de assinatura do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, para obras de melhoramento e pavimentação de 41 quilômetros nas rodovias MGC-367, MG-114 e LMG-677, no município de José Gonçalves de Minas.
No Vale do Jequitinhonha são mais de 20% da população sem acesso à água tratada, sendo que a maioria da população é ribeirinha e bebe água direto do rio ou de poços artesianos sem nenhum tipo de tratamento. Há mais de dois anos o MAB realiza denúncias da contaminação das águas da bacia do Rio Jequitinhonha, por ser imprópria para o consumo humano.
Com a vinda do governador para a região, as atingidas e atingidos reivindicam o básico para qualquer ser humano, que é o acesso à água potável, assim como protestam contra o incentivo à plantação de eucalipto na região, que é hoje a maior área em extensão contínua desse monocultivo da América Latina.
As mulheres entregaram um cartaz sobre a falta de acesso à água potável e disseram ao governador de Minas Gerais que são contra a construção das Termoelétricas Termoirapé UTE I e UTE II, da CIA Positiva de Energia, que visam incentivar a plantação de eucalipto na região para geração de energia através das termoelétricas, atingindo os municípios de Grão Mogol, Padre Carvalho, Josenópolis e Berilo.
A monocultura de eucalipto na região do Vale do Jequitinhonha vem desde 1970 e, junto ao agronegócio, veio também a grilagem de terra, expulsão dos geraizeiros e quilombolas e de demais povos tradicionais das suas terras e território, ocasionando forte migração na região. Essa cultura também ocasionou a extinção de várias nascentes e córregos importantes para toda bacia. Esse incentivo de plantio de eucalipto é um dos motivos da falta de acesso à água para a população.
Na região, que faz parte do semiárido mineiro, é fundamental o acesso à água a população, pois todas as barragens na região instaladas – como a barragem de Setúbal, barragem Calhauziho, UHE Irapé e UHE Itapebi – não foram planejadas para solucionar e nem solucionaram o problema do acesso à água e menos ainda acesso o da água potável. A solução para ter o direito garantido à população do acesso à agua e outras pautas históricas da região é o envolvimento do povo no processo de pensar políticas de desenvolvimento para a região. Nós do MAB acreditamos que somente com a aprovação da Política Estadual dos Atingidos e um Plano de Desenvolvimento Regional com participação popular serão a saída para melhorar a qualidade e emancipação da vida do povo.
Fonte: MAB.