Atentado: Bolsonarista bate em carro de vereadora do PT, foge e morre em acidente no RS

Cleres Revelante, de Salto do Jacuí, afirma que já vinha sendo provocada por Luiz Carlos Ottoni, que a perseguiu e teria batido em seu carro de propósito antes de se acidentar e morrer

Por Ivan Longo.

A vereadora Cleres Revelante (PT), de Salto do Jacuí (RS), denuncia ter sido alvo de um atentado com motivações políticas promovido pelo produtor rural bolsonarista Luiz Carlos Ottoni, que morreu em acidente de carro pouco tempo depois de bater na traseira do veículo da petista, no final da tarde desta terça-feira (13).

Cleres conta que estava em seu carro com uma assessora na avenida principal de Salto do Jacuí quando Ottoni, dirigindo uma Hilux, veio acelerando por trás e bateu em seu veículo, que contém adesivos alusivos à campanha de Lula à presidência e candidatos do PT no estado. Ela diz que o produtor rural estava acelerando bruscamente e freando antes de bater no seu veículo e que só soube quem era o condutor após a colisão.

À Fórum, a petista afirmou acreditar que Ottoni bateu em seu carro de forma proposital e por motivações políticas, visto que ela já já teria sido alvo de provocações e manifestações de intolerância política do produtor rural em outras ocasiões, tanto pessoalmente como através das redes sociais.

A vereadora informou à reportagem, ainda, que no momento do acidente policiais da Brigada Militar passavam pela avenida. Ela teria acionado os agentes para denunciar o ocorrido e Ottoni fugiu do local. Pouco tempo depois, a corporação recebeu um chamado informando que o bolsonarista havia se acidentado em uma estrada de terra após perder o controle. Segundo os policiais, ele foi ejetado do carro e morreu no local.

A princípio, lideranças do PT no RS, como o presidente do partido no estado, deputado federal Paulo Pimenta, afirmaram que Ottoni se acidentou em meio a uma perseguição policial após bater no carro da vereadora. A Brigada Militar nega que tenha perseguido o homem e informa que os policiais estavam atendendo a ocorrência envolvendo Cleres quando foram informados sobre o acidente que ocasionou a morte do produtor rural.

À Fórum, porém, a petista relatou que os policiais foram, sim, atrás de Ottoni após a colisão em seu veículo, mas o bolsonarista teria despistado os agentes, que teriam retornado ao local da primeira ocorrência.

Cleres prestou depoimento à Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (14). A delegada regional da cidade, Diná Aroldi, informou que foi aberta uma investigação para apurar se há relação entre os dois acidentes e se o caso foi motivado por intolerância política. O corpo de Ottoni foi velado nesta quarta-feira em uma capela de Salto do Jacuí.

Caso a motivação política para os acidentes no RS que culminaram em morte seja confirmada, este será o segundo caso de violência contra petistas praticado com carro na mesma semana.

O presidente do PT de Ilha Solteira (SP), Alessandro Rodrigues, conhecido como Tomate, vem denunciando através das redes sociais que teria sido alvo de um atentado promovido por um casal bolsonarista na Rodovia Marechal Rondon (SP – 300), no último domingo (11).

Ele conta que estava indo para o trabalho em Três Lagoas (MS) quando o motorista de um Vectra preto bateu de propósito contra a lateral de seu veículo, tentando tirá-lo da pista. O petista mantém, na traseira do carro, um adesivo alusivo à campanha de Lula (PT) à presidência.

O dirigente do PT evitou um acidente mais grave ao virar seu carro para a direita. Minutos depois, no entanto, o condutor do Vectra reapareceu acelerando e colidiu contra a traseira do carro do petista. Com os carros parados, Tomate tomou tirou a chave do contato do veículo do outro motorista para que ele não fugisse até a chegada da Polícia Rodoviária.

Após a chegada dos policiais, um boletim de ocorrência foi lavrado em um posto de combustíveis e, no local, ao pesquisar nas redes sociais, Tomate constatou que o condutor do Vectra e a mulher que estava com ele são bolsonaristas.

“Na minha ótica, não tenho dúvida de que foi um crime de ódio, um crime político, porque meu carro está adesivado com propaganda eleitoral do PT. Ficou evidenciada a motivação dele em tentar me tirar da estrada, colocando a minha integridade física em risco e a das outras três pessoas que estavam comigo”, disse Tomate.

A Polícia Civil investiga o caso.

“Bolsonarismo virou uma seita”

Em entrevista à Fórum, o presidente do PT-SP, Luiz Marinho, afirmou que o atentado contra o presidente do partido em Ilha Solteira vem no contexto de uma “onda de ódio muito grande” que teria sido construída, em partes, pela mídia tradicional com sua narrativa que fomentou o antipetismo nos últimos anos.

“Este clima é capitalizado por esse cidadão que está presidente da República, este insano que hoje preside o país (…) E a grande mídia tenta mostrar que há uma polarização entre dois lados desse ódio. Isso não existe. A nossa polarização é contra o desemprego, a fome e a miséria, contra a tragédia que o país vive”, analisa Marinho.

O lado representado pelo Bolsonaro é quem fica pregando ódio o tempo inteiro. Isso leva seus seguidores, porque isso praticamente virou uma seita, a se sentirem autorizados para praticar violência“, prosseguiu o presidente do PT paulista, citando exemplos recentes de violência política, como o assassinato do petista Marcelo Arruda em Foz do Iguaçu (PR), o assassinato de um petista no Mato Grosso e o caso da faxineira que foi humilhada por um empresário bolsonarista ao declarar voto em Lula.

“Isso é inaceitável. Esse ódio que está levando a esse tipo de confusão. E isso é liderado pelo Bolsonaro”, sentencia Luiz Marinho. “O que precisamos cobrar da imprensa é que pare de tratar como polarização, que dois campos estão pregando a violência. Nós queremos paz, tranquilidade, queremos resolver os problemas no dia 2 de outubro no voto”, finaliza o petista.

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